A vereadora da oposição, Liliana Silva, acusou o executivo socialista liderado por Rui Lages, de discriminar o único jornal concelhio ao não lhe atribuir, como faz com outros órgãos de comunicação do distrito, a publicidade e informação municipal da Câmara. Para a vereadora da oposição, esta falta de critério do executivo, é uma forma de “discriminar o único jornal da terra” e acusa o presidente da Câmara de “atacar e perseguir” o Jornal C – O Caminhense.
Na reunião camarária da última quarta-feira, a eleita da Coligação OCP questionou o executivo sobre os critérios de atribuição dessa mesma publicidade, afirmando que era “lamentável” que Rui Lages utilizasse o cargo que ocupa para “discriminar”.
Segundo a eleita, o atual presidente paga à Rádio Afifense, à Rádio Vale do Minho que é de Monção, ao Caminha2000 e até à Global Media – JN, menos ao único jornal em papel do concelho de Caminha e das poucas rádios devidamente licenciadas. “Será perseguição política?”, questionou.
No entender de Liliana Silva, todos os órgãos de comunicação social devem ser apoiados porque prestam serviço público, não podem é deixar propositadamente de lado o único que é da sede do concelho por motivos pessoais, ainda para mais quando o regime jurídico estabelece que as autarquias devem publicitar nos jornais locais deliberações com eficácia externa.
Respondendo às dúvidas relacionadas com os critérios de atribuição de publicidade aos órgãos de comunicação social, Rui Lages disse optar por aquilo que considera ser “a melhor estratégia” para o concelho de Caminha e para a divulgação das “muitas” iniciativas que são levadas a cabo no município.
Já quanto à pergunta relacionada com o facto de a Câmara não entregar ao Jornal C e à Rádio Caminha qualquer publicidade, Rui Lages não deu qualquer explicação.
Não satisfeita com os argumentos apresentados pelo presidente da Câmara, Liliana Silva voltou ao tema para dar o exemplo da AdAM, uma empresa que, como sublinhou, tem como sócia a Câmara de Caminha, e que quando tem publicidade relativamente ao concelho, em vez de a publicar nos jornais de Caminha opta pelos de Viana do Castelo. Para a eleita isto revela falta de vontade política para ajudar a comunicação social local.
Relativamente às afirmações de Rui Lages relacionadas com a comunicação, a eleita da OCP acusou o autarca de viver numa bolha ao dizer que a oposição diz coisas quando isso não corresponde à realidade. Para Liliana Silva, a forma de comunicar da Câmara serve apenas para promover a imagem do presidente da Câmara e dos vereadores, e não as associações ou instituições do concelho. “Mais parece uma revista cor de rosa”, criticou.
Para a eleita da OCP esta é uma realidade que já vem de trás e lembrou que já o ex-presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves (PS), fazia o mesmo, como consta da acusação de que foi alvo por ter alegadamente violado as normas de contratação pública quando acordou – com a empresária Manuela Sousa – serviços de assessoria de comunicação para o município “sem qualquer procedimento de contratação pública”, e que visavam garantir visibilidade ao anterior presidente da Câmara em programas na RTP2 e no Jornal de Notícias.

Veja aqui os emails na íntegra.
Para Liliana Silva, esta estratégia resume-se à utilização dos dinheiros públicos para promoção dos próprios presidentes de Câmara e não do município.
Excertos da última reunião de Câmara, realizada na passada quarta-feira no Salão Nobre dos Paços do Concelho, para contratação de 10 funcionários e atribuição de subsídios.