Formado em Educação Física, pela Universidade Técnica de Lisboa, e com mestrado em Estudos da Criança, Especialidade de Educação Física e Lazer, pela Universidade do Minho, o Professor Jorge Dantas pautou sempre o seu percurso profissional pela promoção do desporto e de uma vida saudável. Manteve também sempre uma vida associativa intensa, colaborando ativamente com várias instituições da região.
Uma dessas instituições foi o Jucaminha, clube onde Jorge Dantas era professor e treinador de ginástica, tendo nos últimos anos ensinado a modalidade a centenas de crianças e jovens caminhenses e não só.
Todos recordam o professor com carinho e a notícia da sua morte, ontem, num trágico acidente de viação na A28 em Esposende, deixou em choque a comunidade alto minhota e em particular a de Caminha, concelho onde trabalhou e onde dava treinos de ginástica.
Mas afinal quem foi este professor que desde os 3 anos de idade praticava ginástica e dedicou toda a sua vida à modalidade e ao ensino?

Distinguido na 1ª edição da Gala do Desporto Caminhense como treinador do ano do clube Jucaminha na modalidade de ginástica, a segunda com o maior número de praticantes a seguir ao futebol, o professor Jorge Dantas sempre teve como bandeira a inclusão. Para ele na ginástica havia lugar para todos, para os mais e menos aptos. Isso mesmo nos revelou numa entrevista que concedeu ao Jornal C em fevereiro de 2020, a propósito da distinção na referida gala do desporto.
Uma vida dedica à ginástica e ao ensino da modalidade
Praticante de ginástica desde os 3 anos de idade, Jorge Dantas esteve ligado à modalidade durante praticamente toda a sua vida quer como atleta, quer como treinador. Um dia ainda pensou deixar de treinar, mas chegou à conclusão que não era capaz como confidenciou em 2020 ao Jornal C.
“Não consigo deixar de treinar por duas razões: primeiro porque gosto de dar treinos, gosto das crianças e dos jovens e de relacionar com eles. Julgo que este tipo de ginástica pode ser uma fonte de discriminação positiva, é uma atividade extremamente sã e um mundo onde as pessoas se apoiam muito umas à outras mesmo quando estamos em competição. É um mundo que me deu muito e que eu acho que pode dar muito a muita gente, nomeadamente valores tão importantes como o respeito e a ética”.
Natural de Lisboa, o professor Jorge Dantas veio para Viana do Castelo para trabalhar na “saudosa” Ancorensis Cooperativa de Ensino onde iniciou um projeto de ginástica.
A inclusão sempre foi uma das bandeiras do Jucaminha e em particular da modalidade de ginástica da qual era treinador.
“Nós temos uma política de inclusão o que significa que não há nenhum atleta que não participe sempre nos treinos. Há lugar para todos, para os mais aptos e para os menos aptos, essa é a nossa politica, a nossa filosofia, e é isso a ginástica para todos”, sublinhava.
A propósito da distinção que lhe foi atribuída em 2020, Jorge Dantas afirmou na altura ser “uma grande honra e representar o reconhecimento de um trabalho que tem vindo a ser realizado nos últimos 4 anos”, um trabalho que o treinador considerou “muito interessante do ponto de vista daquilo que é o desenvolvimento desportivo no global e mais especificamente na ginástica”.
Referindo-se ao ano de 2019 e 2020 como anos “muito bons.” para a ginástica, o professor dava conta de cerca de 120 atletas a treinar ginástica em Caminha”.
Da conversa que mantivemos com o professor Dantas em 2020 ficou a certeza de que por muito difícil que fosse gerir o seu tempo entre as aulas no IPVC e os demais afazeres que tinha na direção daquela escola, ser treinador de ginástica era algo que o preenchia. Adorava o que fazia e os alunos adoravam-no a ele.
Partiu cedo demais e deixa muita saudade este professor para quem todos, dentro das suas aptidões, estavam aptos a fazer a ginástica, modalidade que tão bem praticava e ensinava.

Uma perda irreparável – José Oliveira (Jucaminha)
José Oliveira, presidente da direção do Jucaminha, considerou o falecimento do professor Jorge Dantas uma perda irreparável para o clube, atletas e comunidade em geral. Em declarações ao Jornal C – O Caminhense, José Oliveira recorda “um homem bom”.