A proposta para a revogação da deliberação camarária aprovada recentemente com vista ao encerramento do trânsito ao fim-de-semana na rua de São João e Praça Conselheiro Silva Torres em Caminha, apresentada pelos vereadores da Coligação o Concelho em Primeiro (OCP) e discutida durante a reunião camarária de hoje, foi chumbada pela maioria socialista.
Apesar dos apelos e argumentos apresentados pelos vários comerciantes que marcaram presença na reunião e que de forma unânime deram conta dos inúmeros prejuízos que esta deliberação está a causar nos seus comércios, e que tiveram oportunidade de explanar num abaixo assinado, o presidente da Câmara, Rui Lages, não voltou atrás, mantenho-se o portão da rua fechado entre as 22:00 de sexta-feira e as 22:00 de domingo, até 03 de setembro.
Os comerciantes acusaram o presidente da Câmara de ter tomado esta decisão sem os ter consultado, algo que também já tinha sido reiterado pela vereadora da Coligação OCP.
Liliana Silva lamentou profundamente que a maioria socialista não tenha aprovado a proposta apresentada pela sua bancada, uma proposta que a vereadora da oposição considerou bem sustentada e baseada em factos concretos.
“A nossa proposta baseou-se no diálogo que mantivemos com os comerciantes daquela rua que nos deram conta dos muitos prejuízos que esta medida está a causar no seus comércios. Mas se isso não fosse suficiente, tivemos também esta semana o surgimento de um abaixo assinado com imensas assinaturas de pessoas e comerciantes contra esta medida. Sinceramente depois disto não consigo entender como é que o presidente da Câmara toma esta decisão sozinho, com a cabeça dele. Estamos a falar de alguém que nunca teve uma empresa, que nunca pagou contas, que não sabe o que é pagar salários. Não ouviu ninguém e nem os argumentos que he foram apresentados hoje foram suficientes, sinceramente lamento”, disse.
Para Liliana Silva uma Câmara não se gere sozinha. “É preciso ouvir as pessoas, o diálogo tem que ser constante e por isso não tenho dúvidas que esta decisão que aqui foi tomada hoje vai prejudicar gravemente os comerciantes do concelho de Caminha”, acrescentou.
Face à recusa do presidente da Câmara em revogar a deliberação, Liliana Silva garantiu que a irá impugnar.
“Vamos impugnar porque na nossa opinião, uma deliberação desta natureza e com esta extensão de tempo numa alteração de uma postura de trânsito, segundo na Lei 75 de 2013 terá que ir à Assembleia Municipal, o que não aconteceu. O que vamos fazer é impugnar este ato junto do Tribunal Administrativo e fiscal de Braga”.
Questionada se chegou a acreditar que o presidente da Câmara pudesse voltar atrás na sua decisão, Liliana Silva responde afirmativamente. “Sinceramente cheguei a acreditar que havia bom senso e que os argumentos dos comerciantes iriam ser tidos em conta mas afinal nada”, concluiu.
Quanto aos argumentos apresentados por Rui Lages, limitou-se a dizer que o que estava em causa não era nada de novo e que a medida já tinha sido implementada em anos anteriores, nomeadamente em 2021 e 2022, e que tinha corrido bem.
Considerou que se havia comerciantes que estavam contra, outros existiam que eram a favor e que muitas pessoas defendem o encerramento do trânsito naquelas artérias ao fim-de-semana.
No final da reunião o Jornal C tentou falar com o presidente da Câmara no sentido de saber se os argumentos apresentados pelos comerciantes não tinham siso suficientes para o fazer voltar atrás, mas Rui Lages não se mostrou disponível para prestar declarações.
Assim sendo o trânsito ao fim de semana vai manter-se encerrado naquela artéria e no Terreiro até ao mês de setembro.