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Domingo, 26 Janeiro, 2025
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Caminha: História dos cães Keite e Boris que comoveu a internet, contada por Karine Torres

A notícia da cadela que morreu atropelada na A28 e do cão Boris que se recusou a abandonar a sua companheira, comoveu a internet nos últimos dias. Várias notícias enalteciam o companheirismo do animal que durante horas velou o corpo da sua amiga. Quando se aperceberam da presença dos canídeos naquela autoestrada e depois da recusa do cão em abandonar o local, os técnicos da concessionária pediram ajuda à Selva dos Animais Domésticos.

A chamada foi atendida por Karine Torres, responsável pela Associação que imediatamente se deslocou ao local e conseguiu persuadir o animal. Passados alguns dias, Karine decidiu contar a história completa na página da Associação, aproveitando para deixar aos leitores alguns conselhos sempre que se cruzarem com algum animal abandonado.

Karine Tor

“Já mais calma de toda a emoção do dia de ontem, vamos falar sobre o caso que comoveu o país!

Eram 7 e pouco quando a concessionária NorteLitoral nos ligou. A informação que me deram foi que havia dois cães na A28, no km 85, sentido Norte/Sul! Um dos cães já estava cadáver e o outro, vivo, não saía do lado do corpo do companheiro.

Elementos da Concessionária e da Brigada de Trânsito tentaram resgatar o cão, que se mantinha na faixa da esquerda, junto ao separador central da AE.

Numa primeira abordagem, o Boris, talvez por ser noite, por estar assustado, por ver ali a sua companheira Keite morta, talvez por uma abordagem menos correta, mostrou-se agressivo e tentou morder um dos Guardas. Foram colocados mecos a sinalizá-los, nos painéis informativos passou o aviso de animal na via. 3 carrinhas da concessionária e um carro da BT, tentavam evitar um final ainda mais trágico. Fui ao abrigo buscar o laço de captura, uma trela, um cobertor e um patê! Ia preparada para o pior!

Foi definida a estratégia com a BT e os Srs da concessionária. A BT fechava a AE no sentido em que estávamos, a cerca de 500m do local, dois carros ficavam comigo e outro carro ia para o sentido contrário, não fosse o cão saltar o separador. Estrada livre, foquei-me no único objetivo, resgatar calma mas rapidamente o cão. Tanto que nem filmei, para verem o quão fácil foi e a entreajuda entre as três entidades presentes! Atirei um primeiro pedaço de patê, comeu, calmamente. Levantou-se, estiquei a mão com outro pedaço que me veio buscar à mão, já com a cauda a abanar! Recuei, para conseguir perceber a sua linguagem corporal e qual o meu espanto quando ele se aproxima e senta. Apenas tive que lhe meter a trela na coleira que trazia, encaminhar para a carrinha para onde, prontamente, saltou!

Resgate feito do Boris, foi apenas preciso recolher o corpinho da Keite. No local foram verificados os chips, identificados os donos, contactados e vieram buscar os dois.

O Boris e a Keite, teriam fugido na noite anterior, de Carreço. Como foram ali parar, para mim é uma incógnita, tiveram que atravessar várias freguesias por estradas nacionais. Eram cães super dóceis, davam a mão a qualquer pessoa. Com certeza que passaram por várias pessoas, pessoas essas que poderiam ter feito a diferença se os tivessem apanhado e contactado as autoridades competentes!

Moral da história e a lição que devemos tirar com os ditos irracionais: lealdade, algo raro na espécie humana, nos dias que correm. Mesmo estando em perigo, mesmo havendo carros a passar a alta velocidade mesmo ao lado dele, mesmo havendo estranhos que queriam socorrê-lo e à sua amiga, o Boris mostrou-nos, a todos, que defenderia a sua companheira até com a vida, se necessário!

Foram milhares as partilhas nas várias redes sociais e nas dezenas de publicações.

Por favor, se virem um animal perdido, não lhes virem a cara, ajudem, peçam ajuda, façam a diferença!”

Karine Torres

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