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Caminha: CDU desafia Rui Lages a revelar o que o prende “como um íman” à AdAM

Rui Lages, Presidente da Câmara de Caminha, não assume qualquer posição em relação à possível saída dos municípios de Vila Nova de Cerveira e Valença.

A adesão de oito dos dez municípios do alto minho à empresa Águas do Alto Minho (AdAM), foi novamente levada a Assembleia Municipal no passado dia 28 de Junho por Celestino Ribeiro, deputado da CDU, que, lembrando a intenção dos municípios de Vila Nova de Cerveira e Valença de anular uma cláusula que consideram abusiva no contrato e assim poderem sair da empresa e recuperar a posse da água, disse não compreender e até estranhar a defesa desta empresa por parte do Município de Caminha, que “parece colocar, desde sempre, este negócio à frente dos caminhenses”.

Ricardo Cunha, da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP), questionou até o presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, se iria, caso estivesse ainda no poder, acompanhar aqueles dois municípios e sair da AdAM se a ação em tribunal vencesse, anulando assim a cláusula do contrato que os impede de sair da empresa unilateralmente. “Se nós (OCP) estivermos lá (no poder), provavelmente iremos sair”, rematou. Rui Lages, sem responder à questão colocada, disse apenas que “com toda a certeza, não estarão”.

Celestino Ribeiro
Celestino Ribeiro (CDU)

No período antes da ordem do dia da última Assembleia Municipal de Caminha, realizada no passado dia 28 de Junho no Teatro Valadares, Celestino Ribeiro da CDU, voltou a trazer ao debate a questão da adesão de Caminha à AdAM. O deputado teceu duras críticas ao serviço prestado pela empresa aos munícipes referindo que o mesmo não coincide com os valores que são cobrados à população. “São ágeis na arrecadação de lucros mas muito pouco eficientes (…)”, disse.

 

Celestino Ribeiro lembrou o trabalho que está a ser desenvolvido pelas autarquias de Valença e Vila Nova de Cerveira para desvincularem as Câmaras a que presidem do contrato com a empresa, firmado pelos executivos que os antecederam.

 

“E o que faz Caminha?”, perguntou o deputado. “Mantém-se fiel à AdAM ou à população?”

 

Celestino Ribeiro recordou que o ex-vereador da Câmara Municipal de Caminha e atual presidente da Câmara Municipal de Cerveira, Rui Teixeira, foi um dos responsáveis pela entrega à AdAM do monopólio das águas, uma posição que agora, à frente do município cerveirense, pretende reverter. (consultar peça abaixo)

A questão deixada pelo deputado da CDU é se a Câmara de Caminha pretende acompanhar Valença e Cerveira na rejeição da AdAM.

 

Rui Lages 1
Rui Lages, Presidente da Câmara Municipal de Caminha

Sem assumir uma posição, Rui Lages, presidente da autarquia caminhense, referiu que a intenção atual dos municípios de Valença e Cerveira não é abandonar a AdAM mas sim reverter uma cláusula existente no contrato que impede a saída daqueles municípios da empresa.

 

Em resposta, Celestino Ribeiro desafiou Rui Lages a clarificar as suas palavras em relação à intenção dos autarcas de Cerveira e Valença, uma vez que “deixa no ar” a ideia de que a ação interposta por aqueles municípios não passa de um “faits divers” para enganar os munícipes.

 

“Mas afinal o que prende a Câmara de Caminha à AdAM, como se fosse um íman?” insistiu o deputado da CDU, que considerou estranha esta dependência com a empresa.

 

Fugindo à questão muito concreta do deputado da CDU, Rui Lages limitou-se a dizer que o que o “prende como um íman é o trabalho em prol da população do concelho de Caminha”.

 

Insistindo na questão, Celestino Ribeiro foi ainda mais direto e perguntou a Rui Lages se iria acompanhar o processo dos municípios vizinhos.

 

Tal como já tinha feito anteriormente, Rui Lages voltou a fugir à questão.

 

Ricardo Cunha
Ricardo Cunha (OCP)

Percebendo a ausência de resposta por parte de Rui Lages ao deputado da CDU, Ricardo Cunha, da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP) tentou a sua sorte para ver se obtinha do autarca a tão desejada posição. “Nós se estivermos lá (no poder), provavelmente vamos sair (da AdAM)”, disse. Rui Lages, que do princípio ao fim se recusou a responder, disse apenas que “com toda a certeza, não estarão (no poder)”.

 

Fica então por saber se Caminha continuará na AdAM caso a cláusula seja anulada e os municípios de Vila Nova de Cerveira e Valença recuperem a gestão da água.

Ao contrário do que Celestino Ribeiro afirmou, Rui Teixeira garante que nunca concordou com o modelo adotado de agregação com a Águas de Portugal

Em entrevista ao Jornal C – O Caminhense em janeiro deste ano, Rui Teixeira, presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, afirmou nunca ter concordado com o modelo adotado de agregação com a Águas de Portugal. O autarca não se opunha à agregação dos 10 municípios por si só, não com uma empresa. Para Rui Teixeira, era importante que o controlo ficasse nas mãos dos municípios, o que não aconteceu, já que os 7 municípios na totalidade apenas detêm 49% do capital, estando em minoria.

Vila Nova de Cerveira: Rui Teixeira aguarda anulação de cláusula do contrato para poder sair da AdAM

 

Rui Lages E Miguel Alves
Rui Lages e Miguel Alves

Recorde-se que foi Miguel Alves, ex-presidente da Câmara de Caminha e ex-secretário adjunto de António Costa, quem “deu o corpo às balas” por este negócio, defendendo sempre a criação da empresa Águas do Alto Minho, mesmo depois de erros sistemáticos na faturação e o protesto da população caminhense. Chegou mesmo a dizer, em entrevista à Rádio Caminha nas eleições autárquicas de 2021, que os municípios (Cerveira e Valença) que diziam querer sair, faziam-no porque “sabiam que não iam ganhar e por isso podiam prometer mundos e fundos” ou porque “estavam a mentir à população”.

 

Autárquicas 2021: Entrevista Miguel Alves – Candidato do Partido Socialista

Na mesma entrevista, afirmou que o município de Caminha entrou na AdAM por não estar, na altura, capaz de gerir o sistema de águas. Ruturas que ficavam por reparar, fraca qualidade da água, baixo preço cobrado aos munícipes (que não cobria os custos) e impossibilidade de ir buscar apoios para investimento foram as razões apontadas pelo então presidente Miguel Alves.

 

Esta incapacidade de investimento – por não estarem agregados – não se regista noutros municípios do Alto Minho que não aderiram à AdAM. Recorde-se que a Câmara de Ponte da Barca está a investir cerca de 450 mil euros na melhoria da rede de saneamento básico na marginal junto ao rio Lima, revelou esta semana a autarquia.

Ponte da Barca: Município melhora rede de saneamento na marginal do rio Lima

Ponte da Barca é um dos municípios que não aderiu à AdAM, juntamente com Melgaço e Monção. De acordo com a DECOPROTeste, são também estes os que mantêm as tarifas mais baixas do Alto Minho.

Alto Minho: Quer saber quem paga a água mais cara no distrito?

Ao contrário do que afirmaram os autarcas dos 7 municípios que defenderam a criação da AdAM, aqueles que não aderiram ao “negócio” mantiveram os seus tarifários mais baixos e não tiveram qualquer impedimento no investimento nas redes de saneamento, abastecimento e tratamento de água através de fundos comunitários. Da mesma forma, também não são conhecidas quaisquer majorações para os municípios que integram a AdAM, propriedade das Águas de Portugal, na captação de fundos para investimento.

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