No dia 24 de junho, esta Paróquia serrana dedicada ao Precursor do Messias celebra o nascimento de S. Joãozinho, na festa apelidada de “S. João das Cerejas”.
Dias antes, Isabel, esposa de Zacarias, a mulher já de “idade avançada”, a “quem chamavam estéril”, como disse o Arcanjo a Maria, sente que está a chegar a hora de mostrar ao mundo que a “Deus nada é impossível”. Os sentimentos de Isabel e de seu esposo nesta fase das suas vidas são revividos por tantas Mães Grávidas que acorrem ao Monumento Nacional implantado na Serra de Arga para participarem na “festa de Santa Isabel da Hora Pequenina”, acompanhadas de suas famílias.
Ao chegarem ao Mosteiro de S. João de Arga, as mães e os pais foram acolhidos, para que se lhes fosse concedido um lugar sentado na assembleia litúrgica, de modo a que melhor participassem na celebração na qual tomariam parte. A Eucaristia foi precedida do clamor a Santa Isabel, cuja imagem é venerada na Igreja medieval.
A homilia versou sobre a figura de Isabel, que escutava a Palavra de Deus quotidianamente, a punha a prática e, com o seu esposo, Zacarias, viviam na esperança de alcançar o maior dos dons para a sua vida: um filho! Viver e ser salvos pela esperança e pela confiança num tempo de incerteza, de afastamento e nevoeiro no que respeita ao presente e ao futuro: é ao que os pais de S. João de Arga convidam cada peregrino e cada família que ali se dirigiu. Cada mãe e pai que, com os filhos nos braços ou no ventre materno, se colocaram nas mãos carinhosas do Bom Senhor, como os habitantes do lar de Ain-Karim, naquele tempo.
Nas preces da oração universal foram lembrados os casais que sonham e lutam por alcançar um filho; rezou-se pelas mães e famílias em dificuldades, para que tenham auxílios, como teve Isabel de sua prima, a Virgem Maria; pelas pessoas envolvidas na prática do aborto; pelos profissionais de saúde; pelos cientistas que investigam e promovem novos cuidados; pelos governantes; pelos legisladores; pelas organizações e associações que promovem a vida e o seu cuidado em todas as circunstâncias; pelas famílias e por cada um dos seus membros; pelos lares enlutados por perderem os seus filhos: tenham eles nascido ou tenham sido perdidos durante o tempo de gravidez e, sobretudo pelas Mães Grávidas (presentes e ausentes), de modo a que “todos os perigos tenham uma hora pequenina”.
Todas as pessoas presentes oraram pelos bebés presentes escondidos no ventre de sua mãe. Após a comunhão de oração de todos, cada uma das 13 senhoras grávidas, juntamente com o pai do bebé que traziam, dirigiram-se ao altar onde é venerado S. João, que neste mês do seu nascimento, está representado na sua imagem de Menino. Aí foi dada a bênção individualmente e o tradicional toque da imagem com a antiquíssima cruz do mosteiro. Terá sido este momento íntimo de bênção e oração um dos momentos mais intensamente vividos pelas mães e pelos pais vindos de tantos lugares: Viana do Castelo, Caminha, Vila Verde, Amares, Valença, Esposende, Monção, Ponte de Lima…
A celebração continuou, solenizada pelo Grupo Coral de Santo Aginha e, no momento de ação de graças, o pai e a mãe tiveram ocasião de orar juntos (alguns reconheceram que foi a primeira vez que experienciaram juntos a oração de louvor a Deus pelo dom de serem pais). Essa oração dialogada foi no final da celebração pedida por algumas pessoas para levarem para ofertar a pessoas amigas que também estão de esperanças e que não estavam presentes.
Foi uma celebração plena de vida!
O Mosteiro de S. João de Arga tem, ao longo do ano, algumas celebrações marcantes, relacionadas com a história do lugar e com quem é venerado naquele Monumento Nacional:
– No Dia da Mãe é concedida a bênção às senhoras grávidas, tendo como modelo a Virgem Maria, grávida de Jesus, que, apressadamente, se dirige para a casa de sua prima.
– No dia 8, memória das aparições do Arcanjo S. Miguel, foi celebrado o Arcanjo que tantos conhecem como aquele que luta contra o diabo, na sua representação naquela Casa de Deus.
– A 15 de maio, Dia Internacional da Família, foram recordadas todas as famílias que continuamente e durante todo o ano visitam aquele santuário de vida e até lá passam alguns dias em família, nos quarteis reservados aos peregrinos.
– No domingo antes da solenidade do “Corpo de Deus” teve lugar a “festa do Agnus Dei”, Aquele que S. João proclama a todos os que o visitam: na imagem venerada no Mosteiro, assim como em tantos lugares, o Precursor aponta o Cordeiro, símbolo de Jesus Cristo, e diz (escrito na sua imagem) “Ecce Agnus Dei”, traduzindo para português: “Eis o Cordeiro de Deus”.
– No domingo que antecede o nascimento de S. Joãozinho, foi a festa da expectação do parto de Santa Isabel.
– No dia 24, sexta-feira, tem lugar a solenidade do nascimento do Precursor do Messias. A partir das 09:00 tem lugar o sacramento da Reconciliação e às 10:30 a celebração da Eucaristia, sermão e procissão em honra de S. João de Arga. Esta é apelidada pelos antigos de “S. João das Cerejas”.
– No domingo seguinte, 26 de junho, às 16:00, é celebrada a Eucaristia e festejado o santo nome dado ao Menino: “João”! É a festa dos e das “Joões”. O “nome” tem um significado e é esse simbolismo que é enaltecido.
– Logo no domingo seguinte é festejado Santo Zacarias, o pai que ficou mudo aquando da anunciação do Arcanjo Gabriel no templo e que recuperou a fala no dia da circuncisão do seu filho.
– No domingo, 10 de julho, último dia da novena de S. Bento, será festejado “S. Bento do Mosteiro”, fundador da Ordem religiosa que habitou o Mosteiro de S. João de Arga durante séculos. Será no horário do costume, às 16:00.