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Informação Municipal
Centro de Acolhimento Temporário Benjamim: uma nova oportunidade
Foi o segundo Centro de Acolhimento Temporário (CAT) a surgir no distrito, tem 11 anos de história e fica em Seixas. O Benjamim acolhe, atualmente, nove crianças, entre os 10 e os 17 anos, mas tem capacidade para receber 12. Lá, a equipa técnica, constituída por 15 profissionais, trabalha diariamente para conseguir que as crianças e jovens tenham uma nova oportunidade e um futuro melhor.
Em plena quadra natalícia e a poucos dias do Natal é quase em silêncio que se circula pelos corredores da casa Benjamim. Muitas das crianças estão fora, junto de familiares, para passar as festas e, por isso, não se ouvem brincadeiras e conversas típicas das idades. Nos quartos, as camas estão arranjadas e as prateleiras arrumadas. Veem-se os peluches que os mais pequenos escolheram para adornar o quarto e outros motivos com significado para eles.
Todas as portas dos quartos têm uma placa com o nome escolhido para chamar à divisão. “Melancia”, “Pipoca”, “Nuvem” são alguns exemplos. Na sala de convívio, a televisão mostra os desenhos animados e o seu som faz-se ouvir pela casa. Os meninos do Benjamim têm ainda uma mascote. É a “Benjamina”, um pequeno porco-da-índia fêmea. Do refeitório chega um “cheirinho” de deixar água na boca. Aqui fazem-se as normais refeições, as festas de aniversário e os jantares de receção para todas as crianças recém-chegadas ao CAT. Nesses dias, a ementa é especial. Trata-se da comida preferida dessa criança.
Na casa, com um aspeto tão familiar, os mais “velhinhos” já adolescentes ajudam nas tarefas domésticas, como tratar das roupas, colocar a mesa para as refeições e até mesmo confecionar as próprias refeições. “A casa está organizada em termos familiares”, explica Paula Meixedo. Segundo a Diretora Técnica e também psicóloga, “as crianças tem os seus pertences individualizados, como as roupas ou as fotografias”. “Há um esforço para que o acolhimento seja feito com carinho, com respeito”, remata. E, Maria do Carmo, educadora social acrescenta que é feito também de forma “individualizada”.
Benjamim acolhe de forma urgente e transitória crianças e jovens em perigo
Há um período de acolhimento temporário definido: seis meses. Ou seja, cada criança ou jovem é encaminhado pela Segurança Social, a pedido dos Tribunais e das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, para o CAT por um período de seis meses. Mas nem sempre é assim, sendo que o acolhimento se pode prolongar por mais tempo, até o futuro da criança estar definido.
O principal objetivo é que as crianças retornem à família, assim, “é feito um trabalho com a família no sentido de haver uma mudança no comportamento”, explica Paula Meixedo. “É possível e desejável reforçar os laços familiares”, diz. Por isso, os pais e outros familiares podem sempre visitar a criança a menos que haja uma ordem em contrário. “Há uma promoção dos contactos”, acrescenta a diretora. Daí que, atualmente sejam encaminhadas para este CAT crianças do distrito e também do concelho. Nalguns casos isto não acontece e há a necessidade de afastar a criança do meio familiar.
Se não houver uma mudança comportamental por parte da família a criança poderá ser entregue a algum membro da família alargada, como avós ou tios ou encaminhada para um Lar de Acolhimento Prolongado. A adoção é outra das possibilidades. “Dá-se primazia à estabilidade da criança”, sublinha Paula Meixedo.
Os motivos para a retirada da criança podem ser vários. Como explicam Paula Meixedo e Maria do Carmo, geralmente nas crianças mais pequenas verifica-se por cuidados que “não são os mais adequados”, como abusos físicos e/ou psicológicos. “A família devia proteger a criança e não o soube fazer”, concluem. Nos mais velhos, os motivos partem do seu próprio comportamento, como absentismo escolar ou mesmo princípios de delinquência. “Estes entendem muitas vezes a retirada, pois já fazem parte do processo”, explica Maria do Carmo.
A atuação do CAT pauta-se pelo envolvimento na comunidade e uma presença ativa no concelho
Mesmo com o financiamento de que o Centro de Acolhimento Temporário dispõe, as ajudas são sempre bem-vindas. “Contamos muito com o apoio da comunidade”, diz a Diretora Técnica, que considera que “a comunidade já fez perceber que lhes agrada cá ter o centro”. São muitos os que doam roupa, bens alimentares, bens higiénicos entre outros. Além disso, o Benjamim desenvolve iniciativas que lhe permite angariar fundos para que as crianças possam também desenvolver outras atividades, como uma ida ao cinema ou um almoço diferente. “Não podemos ficar de braços cruzados”, afirma Paula Meixedo, que dá o exemplo recente da venda de Natal, em que foram comercializados arranjos natalícios.
Também os espaços disponibilizados no concelho e sobretudo em Seixas são aproveitados por todos para desenvolver atividades ao ar livre, nomeadamente o parque infantil e até o rio, para onde vão sobretudo no verão e onde fazem piqueniques.
No que a outras atividades lúdicas diz respeito, as técnicas do centro destacam ainda o papel das escolas, que é, nas suas palavras, “fundamental”. Através de apoios às crianças, é possível que muitas vezes possam ir a visitas de estudo e outras sem qualquer custo.
Ainda assim, gerir um espaço de resposta social, que funciona 24 horas nem sempre é fácil. “Neste momento, a nossa maior dificuldade prende-se com o edifício em que estamos. Precisamos de melhorar urgentemente as condições do edifício”, explica a diretora. Somam-se os problemas de infiltrações e o desejo de colocar painéis solares, que fariam “a diferença na gestão corrente da estrutura”. “Estas crianças têm direito a ter uma oportunidade e a viver com todo o conforto”, remata Paula Meixedo.
“Nós queremos proporcionar às crianças aquilo de que elas necessitam, naquele momento e que no contexto familiar não o conseguem ter. Não substituindo a família, é isto que procuramos dar”, resume Maria do Carmo.