17.4 C
Caminha Municipality
Sexta-feira, 2 Maio, 2025
spot_img
Início Site Página 2170

Cooperativa de Construção Lanhelense aposta em novas áreas para vencer a crise

0

Começou a trabalhar aos 11 anos como aprendiz de construção e actualmente, com 70, ainda se encontra no activo.

Francisco Rodrigo Guerreiro da Silva, natural de Lanhelas, é um dos fundadores da Cooperativa de Construção Lanhelense, empresa formada em 1987 e constituída por 7 irmãos. Regressado do ultramar em 1966, onde esteve a cumprir serviço militar, Francisco Silva começou a trabalhar por conta própria executando várias construções, entre elas as obras de adaptação do Internato do Arcebispo Silva Torres, para Escola Preparatória. Em 1973, mais precisamente em Abril, é-lhe concedido alvará como industrial da Construção Civil. Na posse do referido alvará executa inúmeras obras particulares; trabalhos para os Correios e Telecomunicações de Portugal; para a direção das construções escolares, Câmara de Caminha e reparação da repartição de finanças. Em 1987 Francisco Silva decide integrar os 6 irmãos, que já trabalhavam com ele, na empresa e assim nasce a Cooperativa de Construção Lanhelense, com sede em Lanhelas e que atualmente emprega 15 pessoas. Esta empresa familiar nasceu de uma empresa já existente como explica Francisco Guerreiro da Silva.

“A cooperativa nasceu a partir de uma empresa que já existia anteriormente e da qual eu era responsável. Foi constituída em finais de 1987 e começou a laborar em 1979. Antes disso eu trabalhava por minha conta, era o responsável pela empresa e os meus irmãos trabalhavam comigo. Na prática eles eram meus sócios mas a verdade é que o nome deles não constava em lado nenhum. Foi então que decidi, até por causa das finanças uma vez que na altura íamos arrancar com uma obra grande, avançar com a constituição da cooperativa. Eram necessários no mínimo 10 cooperantes e como nós éramos 7 irmãos, juntámo-nos às esposas e formamos uma cooperativa com 14 cooperantes”, explica.

E assim nasce a cooperativa, empresa que se mantém até aos dias de hoje no mesmo formato. A fábrica de calçado Atleta, situada na freguesia de Vilarelho; blocos de apartamentos em Moledo; inúmeras moradias particulares, diversas intervenções no parque escolar concelhio e distrital, são apenas alguns dos exemplos das muitas obras que compõem o portefólio da Cooperativa de Construção Lanhelense, há 26 anos no mercado.

“Sempre tivemos muito trabalho e a verdade é que até hoje, apesar da crise no sector, felizmente ainda não paramos e conseguimos manter-nos no mercado”.

A propósito da crise Francisco Silva lembra que há dois anos as coisas eram bem diferentes. Hoje, a grande luta dos construtores civis é a sobrevivência e conseguirem permanecer no mercado. Com Portugal a registar a 2º maior queda de produção na construção na União Européia em Janeiro, relativamente ao ano anterior, Francisco Silva diz que não está fácil.

“Nós, até há 2 ou 3 anos a esta parte, tínhamos em carteira obras para 2 ou 3 anos e a verdade é que hoje as não são assim, tudo se alterou. Dávamo-nos ao luxo de dizer ao cliente que só a partir de tal data é que podíamos iniciar determinada obra. Hoje em dia há cada vez menos obras e o que está a acontecer é que estamos a aceitar todas as migalhas que aparecem. Estamos a atravessar uma crise que é mais do que grave”, considerou.

Apesar das dificuldades que se vivem atualmente no país, Francisco Silva não equaciona a possibilidade de ir para outros mercados, diz que já não tem idade para isso.

“Neste momento eu já devia ter arrumado as botas e estar confortavelmente a ver os outros trabalhar. Atualmente mantenho-me na empresa porque sei que faço falta, senão não estava”, garante.

Na Cooperativa de Construção Lanhelense já trabalha uma nova geração. Alguns dos filhos dos sócios fundadores decidiram enveredar pela carreira dos pais, outros, seguiram outros rumos.

“Os meus filhos e mais dois de um irmão meu, estão a trabalhar na empresa, os outros não quiseram, seguiram outros caminhos”, explica.

Com o mercado nacional completamente saturado em termos de construção, Francisco Silva defende como única saída viável para salvar o setor da construção, é a recuperação do património.

“Há estudos que indicam que, tendo em conta o número de empresas que ainda se mantêm no mercado, se Portugal investisse mais na recuperação do património, nós teríamos trabalho garantido para os próximos 15 anos. Se reparar, nas grandes cidades como Lisboa, Porto, Coimbra e outras, é evidente essa necessidade, está tudo podre”.

O presidente da Cooperativa de Construção Lanhelense não tem dúvidas: “Parando a construção pára tudo. Para o comércio e parando o comércio param as fábricas e a economia estagna”.

Com a Espanha a atravessar momentos igualmente difíceis, Francisco Silva lamenta a perda de mais este importante mercado.

“Neste momento não nos podemos virar para o exterior porque a Espanha, por exemplo, está pior do que nós. Tenho fornecedores que tinham 4 e 5 lojas espalhadas pela Galiza e que neste momento reduziram para metade. Conheço um que tinha 50 funcionários, já despediu 17 e soube este semana que vão despedir mais 8”.

O desemprego é outro dos flagelos que está a afetar também o setor, uma realidade que ainda não chegou à cooperativa que tem conseguido manter os seus 15 funcionários.

“Não há trabalho, logo há desemprego. Para já ainda não tive que despedir ninguém porque também alargamos a nossa oferta de serviços e especialidades”.

Para o presidente da cooperativa Lanhelese quem se conseguir aguentar no mercado durante mais um ano poderá sobreviver.

“Eu acho que quem se conseguir aguentar mais um ano ou ano e meio vai sobreviver. Não acredito que isto não vá continuar eternamente assim, as obras tem que ser feitas. Não podemos ser pessimistas e achar que está sempre tudo mal, temos que acreditar num futuro melhor”, remata Francisco Silva.

Clara Cruz: Ser pasteleira não foi uma decisão, simplesmente aconteceu…

0

 

Nasceu em França mas ainda criança veio viver para a freguesia de Lanhelas, concelho de Caminha onde permaneceu até entrar para a faculdade. aos 18 anos, Clara Cruz rumou até à cidade de Braga onde tirou o curso de sociologia. Já formada, desenvolve alguma atividade profissional naquela cidade acabando por regressar a Caminha onde geriu um ATL. Em Vila Nova de Cerveira foi directora de um lar de idosos. Trabalhou ainda como administrativa, professora de música, e atualmente é colaboradora da AARN – associação dos artesãos da região do Minho na organização de eventos e formadora na Oficina de decoração artesanal e artística de doces.

Saber como é que uma socióloga se transforma de repente numa pasteleira premiada, foi o que fomos tentar perceber numa conversa com Clara Cruz. Filha de uma chef de cozinha em França, Clara cresceu sempre perto do fogão da mãe com quem aprendeu a cozinhar uma mistura de cozinha francesa e mediterrânica, sem faltar os pratos tradicionais do Alto Minho.

“Lembro-me de ser muito pequenina e ver a minha mãe fazer sempre pratos muito elaborados, mesmo que a comida naquele dia até não fosse nada de especial. As travessas iam sempre primorosamente enfeitadas, bem como os pratos. Comecei a aprender com ela e foi sob a sua influência que eu também comecei a gostar de enfeitar e surpreender sempre nas festas com coisas diferentes e elaboradas. Foi sem dúvida uma aprendizagem com os meus pais”, confessa.

Nas festas em casa, um dia, essa mãe cozinheira de gabarito passou-lhe a “pasta” das sobremesas e entradas. Numa atividade divertida com o pai, decoravam os canapés numa espécie de competição para ver quem fazia o mais original e bonito. Desta forma, Clara descobriu a paixão por decorar os pratos com minúcia e elegância, tornando a mesa uma passarela de aromas, cores, sabores, graciosidade e originalidade. Com o passar dos anos o gosto pela cozinha não se perdeu, pelo contrário, o que mais lhe dá prazer é enfiar-se na sua cozinha, criando e experimentando novos pratos e sabores. Interessada, Clara Cruz foi sempre pesquisando e descobrindo coisas novas.

“Foi numa dessas pesquisas que um dia descobri a pasta de açúcar e a partir daí comecei a fazer alguns bolos. Fazia para as minhas amigas, para as filhas das minhas amigas e para as colegas das filhas das minhas amigas. Foi uma coisa que foi acontecendo, não foi uma decisão”, revela.

Quando começou a trabalhar com a pasta de açúcar, Clara Cruz confessa que as coisas nem sempre corriam bem.

“Como não tinha formação nem nunca tinha feito nenhuma grande pesquisa sobre como trabalhar com a pasta de açúcar, fui aprendendo com os próprios erros”.

Com o número de encomendas a aumentar cada vez mais, Clara achou que era melhor fazer um pequeno interregno e apostar numa formação que lhe desse mais segurança.

“Na altura constatei que não havia formação aqui por perto e então tive de ir para Lisboa onde fiquei durante uma semana para uma formação intensiva em cake designer. A partir daí tornei-me membro da Associação Cake Designer e desde então tenho feito inúmeras formações com Cake Designers internacionais bastante famosos”. 

Lindy Smith (Inglaterra), Eva Benavente (Argentina), Nhora de la Pava (EUA), Mirta Biscardi (Argentina), Douglas Volpy (Brasil), Nelson Pantano (Brasil), são alguns dos cake designers internacionais com quem Clara aprendeu, um investimento avultado, mas que compensa porque, como a própria revela, “aprende-se muito”.

Depois de ter aprendido com os melhores e de ter adquirido os conhecimentos que lhe faltavam, Clara Cruz começa a participar em alguns concursos e a arrecadar prémios como aquele que conquistou no passado mês de Março no Festival Internacional de Chocolate em Óbidos: Bolo Mais Criativo do Concurso de Cake Design “O Mundo do Chocolate” no XI Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, organizado pela ANCD – Associação Nacional de Cake Designers.

Para trás ficam outras conquistas:

– Em 2012/Novembro: Bolo vencedor do mês de Outubro no Concurso Cake of the Month, promovido pela ANCD durante o ano de 2012;
– 2012/Outubro: Bolo vencedor do mês de Setembro no Concurso Cake of the Month, promovido pela ANCD durante o ano de 2012.
– Ainda em 2012/Setembro: Classificação “Prata” (2º lugar) no Concurso Bolos Infantis, integrado no evento Cake Alive 2012, organizado pela ANCD, Óbidos.
– 2012/Julho: 1º Prémio no Concurso Formas e Sabores “Maravilhas do artesanato Português”, promovido pela Tuttirév Editoria na Fia – Feira Internacional do Artesanato;
– 2012/Março: Bolo mais criativo do Concurso de Cake Design “Disneyland Paris” no X Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, organizado pela ANCD.
– 2012/Março: 3º melhor bolo do Concurso de Cake Design “Disneyland Paris” no X Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, organizado pela ANCD
– 2011/Setembro: Bolo vencedor do mês no Concurso Cake of the Month, promovido pela ANCD durante o ano de 2011.

Clara Cruz tem-se destacado em concursos pela perfeição e criatividade dos seus bolos e quem a conhece sabe que isso é um estímulo para continuar a melhorar. O seu lema é a lição dos seus pais: dedicação para que tudo esteja belo e bom. A confecção de um bolo, dependendo da sua complexidade, pode demorar entre 4 horas para os mais simples, até 15 ou 20 horas para os mais complexos.

“E este tempo é só na confecção porque às vezes tenho de ir pesquisar à net durante dois ou três dias determinado personagem que me encomendam, porque tenho que conhecer o boneco para poder contextualizar, o que dá muito trabalho”.

Até há pouco tempo os bolos eram feitos na sua cozinha em casa mas apartir do momento em que decidiu profissionalizar-se, Clara Cruz decidiu montar um atelier e estabelecer algumas parcerias.

“Para conseguir ter uma área de cozinha que respeite todas as normas, estabeleci algumas parcerias com instituições e associações que normalmente dispõem desses espaços”, explica a socióloga que se tornou pasteleira.

A propósito do último prémio conquistado no Festival de Chocolate em Óbidos, Clara Cruz conta que o bolo estava condicionado ao tema “Charlie e a Fábrica de Chocolate”.

“A primeira coisa que fiz foi ver o filme, que não conhecia. Depois, como o tema se alargava ao mundo do chocolate, o desafio seguinte foi inserir o filme nesse mundo do chocolate. Perante isto, o meu conceito foi fazer o castelo de Óbidos como o centro nacional do festival internacional de chocolate. Dentro do castelo coloquei a pousada que lá existe e no meio do castelo criei uma fonte. Dessa fonte saía o chocolate que invadia um globo que era o mundo. Dentro desse mundo criei então a fábrica de chocolate do filme que tinha como função transformar o chocolate que vinha da fonte de Óbidos. No fundo, Óbidos invadia o mundo com chocolate”.

No atelier que está neste momento a criar, Clara pretende fazer o atendimento aos clientes. Para além dos bolos a empresa que está a criar também organiza festas temáticas e personalizadas, tratando de todos os pormenores desde os convites, decoração, animação, catering, às lembranças.

“Uma das coisas que me dá prazer é poder organizar e projetar a festa toda. Concebê-la num tema e dentro do tema conseguir adequar desde o convite, às lembranças, passando pelo bolo”.

Para além da empresa Clara Cruz também se dedica à formação. Os seus trabalhos podem ser consultados no facebook.

Talho de Lanhelas, uma marca de excelência

0

Chegou a Lanhelas há 24 anos pela mão de um cunhado que o convidou para vir tomar conta de um talho que acabava de adquirir. Natural de Subportela, uma freguesia do concelho de Viana do Castelo, José Luís Costa aceitou o desafio e, um ano depois, passou de empregado a proprietário.

“Vim parar aqui porque um cunhado meu comprou um talho em Lanhelas e como já tinha dois, convidou-me para eu vir tomar conta do negócio. Ao fim de um ano, o meu cunhado vendeu-me o talho e cá estou” conta.

O negócio, que começou “muito pequenino”, foi crescendo e hoje o Talho de Lanhelas é uma referência a nível nacional.

“Comecei com um talho que tinha para aí uns 15 ou 20 metros quadrados, uma coisa muito pequenina. Passados 5 anos fiz outro um pouco maior, tinha à volta de 40 metros quadrados e mais tarde, como o negócio estava a correr bem, comprei um terreno e construí o estabelecimento que temos hoje, com mais de 100 metros quadrados”.

Com um espírito empreendedor, José Luís Costa, que gosta de estar sempre a inovar, decidiu há cinco anos alargar o negócio e montar uma unidade de transformação onde prepara os mais variados produtos, desde os tradicionais enchidos às refeições pré-cozinhadas, um investimento de muitos milhares de euros que se fosse hoje, confessa, “não o podia fazer”.

“Depois do talho surgiu a oportunidade de começar a trabalhar com outro tipo de produtos além da carne. Eu já fazia em casa os enchidos e rissóis para vender no talho. Era o que toda a gente fazia. Mas um dia apareceu-me aqui a fiscalização do Porto e disse-me que eu tinha de tirar tudo. Respondi-lhes que não podia ser e pedi-lhes que me dissessem o que é que eu tinha de fazer para me legalizar”.

Após a visita dos fiscais, José Luís Costa avançou para o Porto onde tratou de arranjar alguém que lhe fizesse um projeto para montar uma pequena indústria alimentar.

“Fui a Matosinhos falar com um senhor que me fez o projeto. Depois comecei a fazer a obra que ainda demorou algum tempo e a partir daí tem sido sempre a trabalhar em receitas e produtos novos”.

Enchidos variados, carne seca, alheiras, almôndegas, pizzas, hamburgueres, salsichas frescas e lasanhas, são apenas alguns dos muito produtos que são produzidos no Talho de Lanhelas, que este ano começou também a secar solhas e lampreia nos seus fumeiros. José Luís conta que a ideia surgiu de uma conversa com o vereador Flamiano Martins que, numa visita ao seu estabelecimento, lhe lançou o desafio.

“Ele um dia veio aqui e a meio da nossa conversa perguntou-me porque é que eu não aproveitava para secar a solha, que era um produto tradicional de Lanhelas e muito apreciado pelas pessoas”.

José Luís achou a ideia interessante e foi até à Direção Geral de Veterinária saber se era possível pô-la em prática.

“A resposta foi positiva e a única exigência que nos fizeram foi que na semana em que se secasse peixe não se podia secar carne”.

Para além da solha, no fumeiro do Talho de Lanhelas também se seca a lampreia, um produto que ainda está a ser testado.

“A solha tem saído muito bem, a lampreia ainda estamos a testar mas o nosso objetivo é tentar vendê-la para locais onde ela é mais apreciada, como por exemplo Melgaço, Monção e até para Lisboa”, explica.

No talho de Lanhelas trabalham 10 pessoas distribuídas pelos vários setores: desde a venda ao balcão até à preparação das refeições pré-cozinhadas, passando pelo fabrico dos enchidos, embalagem, etc. José Luís Costa confia na sua equipa mas faz questão de assumir o comando de tudo.

“Quando há qualquer coisa a fazer ou algum produto novo a testar, sou sempre eu que vou à frente, assim se alguma coisa correr mal, eu assumo”, esclarece.

Os clientes, espalhados de norte a sul do país, são a prova de que este estabelecimento se soube implementar no mercado pela qualidade e pelos produtos de excelência.

“Os nossos clientes começaram por ser as pessoas de Lanhelas e das freguesias vizinhas, mas atualmente temos clientes de todo o lado: desde Melgaço ao Alentejo, passando pelo Porto, Leiria e Lisboa. São pessoas que normalmente vêm de férias e que, depois de conhecerem os nossos produtos, ficam clientes. Eles telefonam a fazer a encomenda e nós mandamos pelo expresso, normalmente é assim que funciona”, explica o empresário.

Segredos para cativar e manter a clientela fiel, José Luís aponta alguns, destacando desde logo a qualidade.

“Acima de tudo temos que ter qualidade, isso é o mais importante. Depois devemos ser exigentes na compra e na produção dos produtos e claro, termos em atenção a forma como atendemos o clientes”.

A estes “ingredientes” para cativar e manter a clientela, o empresário junta um outro que considera extremamente importante: os preços acessíveis.

“O nosso lema é servir todo o tipo de cliente, ou seja, tentamos atingir os que têm maior e menor poder de compra. Tento não produzir produtos excessivamente caros nem excessivamente baratos para não fugir à qualidade”.

A aposta em receitas tradicionais com o mínimo de aditivos possível é outro dos lemas do talho de Lanhelas que, para garantir que os produtos que estão a ser comercializados cumprem todas as normas e estão em perfeitas condições, tem ao seu serviço um engenheiro alimentar que semanalmente vai verificando os produtos.

As entregas ao domicílio é outro dos serviços que o Talho de Lanhelas tem à disposição dos clientes que, desta forma, não precisam de se deslocar ao estabelecimento.

“ Temos muitos clientes que estão a trabalhar e que nos ligam a fazer as encomendas e a pedir que as entreguemos em casa. Posso-lhe dizer que tenho clientes que já não vejo há anos , que só falo com eles pelo telefone. É bom porque significa que eles confiam em nós e nos nossos produtos”, explica.

José Luís dá preferência à carne de raça minhota pela sua qualidade. Com a Páscoa à porta, o talho de Lanhelas trabalha a todo o vapor para garantir aos clientes os produtos mais procurados nesta época e que são, para além dos enchidos que enfeitam as mesas do compasso, o cabrito que por esta altura é rei nas mesas do Alto Minho. Finda a Páscoa, é tempo de começar a pensar no Verão e nos clientes que vêm de fora, e por isso no Talho de Lanhelas não se pára. Apesar da crise, o empresário não se queixa das vendas, queixa-se sim dos muitos impostos que tem que pagar ao Estado.

“Tudo sobe, desde a matéria prima ao gasóleo, e a verdade é que o produto final se tem mantido ao mesmo preço, o que faz com que a margem de lucro seja cada vez menor. Trocase
dinheiro por produto, ou seja, vende-se e praticamente não se ganha nada”, desabafa.

À espera de dias melhores, José Luís Costa não baixa os braços e até já está a trabalhar num novo produto que quer pôr à venda no seu estabelecimento. um salpicão de peru que promete fazer as delícias dos clientes.

“É um produto novo que ainda estamos a testar e que vamos começar a comercializar em breve. Esperemos que as pessoas gostem”.

Para além de comercializar os produtos diretamente ao cliente, o talho de Lanhelas também revende e os seus produtos já podem ser encontrados em várias lojas e supermercados da região. Projetos para o futuro, José Luís quer acima de tudo “manter”. Daqui a uns anos, se algum dos filhos quiser pegar no negócio, o empresário admite partir para “algo maior”.

Bombeiros unem forças no protesto às novas regras do transporte de doentes não urgentes

0

As federações distritais de bombeiros vão reunir-se na sexta-feira, em Pombal, para tomar uma posição sobre o transporte em ambulâncias de doentes não urgentes devido ao impasse com o Ministério da Saúde.

A Liga dos Bombeiros Portugueses explica que na reunião com as federações distritais vai ser tomada uma posição, tendo em conta que o processo negocial com o Ministério da Saúde chegou a um “balanço inconclusivo”.

Os bombeiros estão contra algumas das propostas apresentadas pelo Ministério da Saúde, nomeadamente a possibilidade de viaturas ligeiras serem autorizadas a fazer o transporte não urgente de doentes, desde que os motoristas façam uma rápida formação em suporte básico de vida e que as viaturas possuam um alvará conferido pelo INEM. O presidente da Federação de Bombeiros do distrito de Viana do Castelo, Brandão Coelho, disse à Rádio Caminha que em risco fica a segurança dos doentes.

Caminha prepara-se para receber reunião europeia

0

Caminha prepara-se para receber na quarta-feira uma reunião da Comissão de Monitorização do Congresso do Poder Local e Regional do Conselho da Europa. O Conselho da Europa, actualmente com 47 estados membros e 6 estados com estatuto de observador, é uma organização internacional pioneira em matéria de cooperação jurídica, desempenhando um importante papel na modernização e harmonização das legislações nacionais, no respeito pela democracia, pelos direitos do homem e pelo Estado de direito. Portugal é membro do Conselho da Europa desde 1976.

A presidente da Câmara de Caminha foi nomeada para aquele órgão, mais precisamente para a Comissão de Monitorização do Congresso dos Poderes Locais e Regionais do Conselho da Europa, pela Associação Nacional dos Municípios Portugueses para o triénio 2010-2013. É essa a razão pela qual Caminha recebe agora uma reunião daquele órgão. A autarca local, Júlia Paula Costa, diz que é uma honra para o município.

Para além da reunião, no dia 13, o programa inclui uma visita à região. Mais de uma centena de membros de diversos países vão ser recebidos ao final da tarde de amanhã nos Paços do Concelho de Caminha.
O dia de quarta-feira é passado em reunião e na quinta-feira vão visitar uma adega de vinho alvarinho, em Melgaço, vão almoçar em Ponte de Lima e ainda visitar Viana do Castelo, onde acabam por jantar. Para a autarca caminhense, é uma oportunidade de promover a região junto de quase uma centena de estrangeiros.

14 de Novembro: greve geral deverá paralisar Alto Minho

0

Greve geral em Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Manifestações e acções de solidariedade em 15 países europeus.Assim vai ser o dia de amanhã na Europa.14 de Novembro foi a data escolhida para protestar contra a situação económica europeia e as medidas de austeridade que estão a ser adoptadas para combater a crise.

Em Portugal, a greve geral vai durar 24 horas e afectar todo o tipo de serviços.Espera-se um país parado, amanhã, com escolas encerradas, transportes públicos sem circular, cuidados médicos reduzidos aos serviços mínimos e correios sem entregar a correspondência.

No Alto Minho, a União de Sindicatos de Viana do Castelo, afecta à CGTP, convocou para as 15h30 uma concentração de trabalhares na Praça da República, na capital do distrito.
Branco Viana, da União de Sindicatos, prevê que muitos serviços da região irão aderir a esta greve geral e fechar as portas em protesto.Escolas, transportes, centros de saúde serão alguns dos serviços mais afectados.

Caso Prestige: uma década depois, Portugal continua vulnerável à poluição marítima

0

Uma década depois daquela que foi a maior catástrofe ambiental da Europa, com o afundamento do petroleiro “Prestige” ao largo da Galiza, os ambientalistas garantem que Portugal ainda não se preparou para lidar com uma situação idêntica.

À Lusa, Sidónio Paes, da Liga para a Proteção da Natureza, explicou que Portugal está há 10 anos sem navios de combate a poluição no mar”, a propósito da encomenda feita pelo ministério da Defesa, logo depois da catástrofe ambiental na Galiza que ameaçou águas nacionais.

O contrato, na altura com Paulo Portas a liderar aquele ministério, previa a construção nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo de dois Navios de Combate à Poluição, com 83 metros de comprimento.
Por dificuldades de construção e financiamento os dois navios nunca saíram do papel e o negócio foi mesmo revogado já em 2012, apesar de a empresa ainda ter adquirido mais de 19 milhões de euros em equipamentos.
Segundo dados da Marinha, as águas nacionais são atravessadas todos os anos por cerca de 70 mil navios classificados como “perigosos”, atendendo à carga que transportam, nomeadamente hidrocarbonetos.

A 13 de Novembro de 2002, o petroleiro “Prestige” foi apanhado numa tempestade ao largo do Cabo Finisterra e sofreu um rombo de 35 metros no casco. Seis dias depois, o navio liberiano com pavilhão das Bahamas afundou-se a 270 quilómetros da costa da Galiza, derramando mais de 50 mil das 77 mil toneladas de fuelóleo que transportava.Mais de 2 mil e 600 quilómetros da costa espanhola foram afectados nos meses seguintes ao acidente.

A justiça espanhola começou a julgar o caso no mês passado.Quatro homens sentam-se no banco dos réus, entre os quais o comandante do navio e o ex-responsável da marinha mercante espanhola.
Cerca de 130 testemunhas deverão comparecer em tribunal durante os meses em que decorrer o julgamento para apurar se a maré negra foi responsabilidade da tripulação ou das autoridades espanholas que exigiram que a embarcação se afastasse da costa, aumentando o risco de um naufrágio.

Os Bebés da Tia Ni

0

 

Nunca gostou de fazer roupa para as bonecas mas a paixão pelos “trapos” e pela agulha vem-lhe da infância. Vizinha de uma costureira, Eunice Marinha começou a cozer com apenas 4 ou 5 anos. A modista, percebendo que a pequena tinha jeito para a agulha começou a pagar-lhe para ela cozer a bainha das saias das clientes. Foi com ela que aprendeu alguma coisa de costura e desses tempos guarda “as recordações”. Mais tarde, o que começou por ser uma brincadeira de criança acabaria por marcar o futuro profissional desta engenheira têxtil que hoje se dedica à confecção de enxovais para bebé no seu atelier da Rua da Corredoura em Caminha.

Lá dentro tudo tem graça. As cores e os padrões suaves misturam-se com as lãs e os bordados, resultando em pequenas peças que vão desde a simples e tradicional fralda, às roupas, passando pelos lençóis para os berços para acabar nos bonecos, criaturas às vezes estranhas que a Ni, como gosta de ser chamada, cria naqueles dias e que está com a “telha”, revela. Mas como é que uma engenheira têxtil se transforma numa criadora de enxovais para bebé? A Ni explica que tudo nasceu da necessidade de criar o seu próprio posto de trabalho e da vontade de fazer algo diferente.

“Depois de ter trabalhado algum tempo numa empresa têxtil da zona senti que estava na hora de fazer algo diferente e pensei: porque não utilizar um hobby como fonte de rendimento. E foi assim que começou”.

A opção pela roupa de bebé nasceu por um lado pelo gosto e por outro pela necessidade.

“Quando tive o meu primeiro filho comecei a fazer algumas coisas que me faziam falta e que não conseguia encontrar no mercado, principalmente artigos personalizados. Depois quando tive o segundo foi necessário reciclar e renovar o que já havia. Foi assim que começou. Depois vieram os sobrinhos e fui sempre fazendo até que decidi fazer disto a minha fonte de rendimento”, explica.

Com o atelier aberto há quatro anos a Ni não se arrepende do dia em que decidiu mudar tudo a nível profissional.

“Isto é a minha paixão, é o que eu gosto de fazer e acho que isso é visível nas peças que vou criando. São feitas com muito carinho e muito amor e é por isso que saem bonitas”.

A Ni já vestiu recém nascidos de todo o país e até do estrangeiro e diariamente chegam ao seu atelier muitas encomendas, muitas delas via facebook.

“Caminha é um ponto turístico e obviamente que muitas pessoas de fora, Porto, Lisboa e outros locais, são meus clientes porque visitaram o atelier e ficaram a conhecer os meus trabalhos. No entanto o facebook tem-se revelado um excelente meio para dar a conhecer o meu trabalho. Posso dizer-lhe que diariamente me contactam pessoas de todo o lado a colocar questões ou a fazer encomendas por essa via o que é muito bom”.

A escolha dos materiais é uma das preocupações do atelier “Os bebés da Tia Ni” ou não estivéssemos a falar de recém-nascidos, cada vez mais susceptíveis a alergias e problemas de pele.

“A eleição dos materiais que utilizamos tem que ser muito cuidada. Optamos pelo cem por cento algodão, o rei dos enxovais, e depois por outro tipo de materiais e soluções novas que vão aparecendo no mercado. Neste momento tenho uma gama na loja de artigos em malha feitos à mão, onde utilizo fibras portuguesas como é o caso do cem por cento leite e do cem por cento milho. Trata-se de uma geração de fibras novas que é muito agradável ao tacto e que são anti-alérgicas. Procuro ter sempre coisas novas mas nunca descurando a qualidade dos materiais”, garante.

A decoração dos berços, das camas e dos quartos é outra das paixões da Ni. Os berços podem ser adquiridos no atelier e existem para vários gostos.

“Tenho alguns modelos de berços pequeninos que os vendo já completamente prontos e faço também decoração de quartos. Faço a roupa de cama, às almofadas decorativas, os cestos para os produtos, os cabides, as molduras, enfim todo o tipo de artigos que se possam imaginar num quarto de bebé.”

Os bonecos de pano nascem normalmente quando Ni está “muito nervosa”.

“Fazer bonecos é uma coisa que me alivia bastante o stress. Eu faço um ou dois bonecos e a telha passa”.

Trocar o atelier por uma carreira de engenheira têxtil está completamente fora de questão.

“Neste momento não trocava: primeiro porque o sector está em crise e depois porque no meu atelier me sinto completamente realizada, posso criar à vontade e fazer o que me apetece. Por outro lado se enveredasse pela engenharia teria que sair daqui e eu gosto muito de Caminha”.

Enquanto nos vai revelando alguns aspectos da sua profissão a Ni não pára. Está a terminar um enxoval para enviar para a Guarda. O mocho, o boneco que elegeu para o enxoval da Joana Violeta está quase pronto e dá-lhe os últimos retoques. O próximo é para um rapaz. O berço azul já está no atelier para decorar e desta vez a criatura eleita é um ouriço cacheiro que a Ni garante “não vai picar”.