Na quarta-feira, 24 de Maio, a blackbox do gnration em Braga acolhe o doce e suave piano de Bing & Ruth. A primeira parte a cargo de Marco Franco, que apresentará o novo disco “Mudra”. O evento terá inicio pelas 22h.
Algures na vasta fronteira que separa o minimalismo e a música neo-clássica/contemporânea no contexto da música popular de catalogações mais ou menos amplas e mutáveis, Bing & Ruth encontra-se sempre no lado certo da trincheira, fazendo pontes invisíveis entre escolas, histórias e geografias com natural sentido de direcção e contexto. Ou seja estamos mais no campo da estaticidade aparente mas emocionalmente ressonante de Steve Reich, Max Richter ou Stars of the Lid do que da contemplação melodramática mas balofa de algum Philip Glass, Sakamoto ou Michael Nyman.
Com pontos de contacto actuais com gente e projectos como A Winged Victory for the Sullen, Andrew Chalk ou Lawrence English, o projecto capitaneado por David Moore tem vindo a laminar o seu som, abatendo o seu ensemble de modo a chegar este ano à 4AD com o seu álbum mais focado e coerente – No Home of the Mind. Uma progressão natural que foi cortando com aquilo que existia de mais supérfluo ou excessivo no orquestral City of Lake de 2010, para se acercar do drone já na respeitosa RVNG Intl. com Tomorrow was the Golden Age e cristalizar agora uma música em movimento contínuo capaz de evocar a beleza suspensa de Erik Satie ou a hipnose de La Monte Young num mesmo fôlego.
Reduzindo a formação a um quinteto, onde as cordas, os sopros e processamento via delay de fita vão de encontro aos acordes de piano de Moore numa gestalt em que notas lânguidas se vão enredando numa aquosidade sonora de textura, lirismo e evocação, sem nunca resvalar para as armadilhas do ambient mais funcional ou da nostalgia new age. Igualmente etérea e telúrica, feérica e real, a música de Bing & Ruth chega agora a um lugar muito seu, capaz de fazer convergir a balada e a repetição numa mesma narrativa.