O novo edifício da escola básica e secundária de Vila Praia de Âncora, inaugurado a 23 de Janeiro de 2023, ainda não está dotado de internet. O alerta foi deixado pela cidadã e encarregada de educação Patrícia Moreira, na Assembleia Municipal (AM) de Caminha do passado dia 29 de Setembro no Teatro Valadares, que no período destinado à intervenção do público expôs diversas “preocupações” (dos encarregados de educação que representava) com o estabelecimento de ensino.
A cidadã, que se dirigia ao Presidente da Câmara Municipal de Caminha, Rui Lages e à vereadora com o pelouro da educação Liliana Ribeiro, alertou também para a falta de estruturas que impeçam que a chuva molhe os alunos e professores no trajeto que fazem para o novo edifício, uma falha que considera grave.
“Não foram acauteladas todas as salas para os meninos do 1º ciclo, nem a ligação do edifício novo com o existente… não é por falta de terreno. Para a entrega dos alunos, propomos a abertura do portão no lado nascente, entrada na Rua Cesário Lagido, bem como na hora da saída, evitando o congestionamento que neste momento está a acontecer com a entrega dos alunos.”
Patrícia Moreira alertou ainda para as fachadas que se encontram com fissuras estruturais e o estado dos equipamentos nas salas de aula. Projetores com anomalias e, na sala de informática, “13 computadores novos de há 15 anos atrás”, que não satisfazem todos os utilizadores e que, segundo a cidadã, urge serem substituídos.
Qual a utilidade do período de intervenção do público?
Antes de passar a palavra aos deputados inscritos, Manuel Martins, presidente da Mesa da AM de Caminha, lembrou que este (assembleia municipal) não é o local para fazer perguntas à Câmara.
“Já estou farto de avisar. (…) De qualquer maneira eu achava que alguém se devia pronunciar uma vez que não posso pedir que os senhores vereadores dêem algum tipo de resposta.”
Abílio Cerqueira do Bloco de Esquerda, discordou do presidente, afirmando que “os munícipes devem vir aqui (AM) colocar as suas questões e depois os vereadores farão as suas apreciações àquilo que foi dito.”
Ricardo Cunha, da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP), também salientou a importância do período da intervenção do público e lembrou que a OCP tem vindo a alertar para esta questão da chuva no novo edifício há algum tempo, em reuniões de câmara e na comunicação social. No entanto, como oposição, não podendo resolver o problema, apenas podem exercer pressão sobre o executivo. “A pressão continuará a ser feita”, garante o deputado da OCP.
Ricardo Cunha aproveitou ainda a ocasião para lembrar os 300 mil euros gastos num Centro de Exposições Transfronteiriço “virtual”.
“Não se compreende como é que o executivo camarário, que deixa, vamos lá ver, trezentos mil euros para um centro de exposições transfronteiriço, como a internet… virtual, não tenha a capacidade financeira para resolver esta situação de colocar internet em toda a escola de Vila Praia de Âncora.”
Celestino Ribeiro, da CDU, considerou positiva a intervenção da cidadã Patrícia Moreira, mas lembrou que nenhum aluno deste agrupamento é prejudicado ou tem pior desempenho por qualquer tipo de problemas relacionados com a utilização de tecnologias ou ligações à internet. O deputado comunista salientou ainda a “responsabilidade primeira” de qualquer estabelecimento de ensino, a de que todos os alunos têm acesso às refeições, citando o filósofo português Agostinho da Silva, “ninguém aprende se tiver fome”. O deputado deixou ainda a promessa de que dará uma nota informal ao presidente da Câmara de Caminha e à vereadora responsável pela educação para que, dentro do possível, aligeire as soluções “se elas poderem ser aligeiradas”.
Miguel Gonçalves, Presidente da Junta da União de freguesias de Caminha e Vilarelho, aconselhou a cidadã a utilizar provisoriamente a internet que é fornecida a todos os alunos e professores pelo Ministério da Educação e aproveitou ainda para desejar um bom ano letivo a todos os intervenientes neste processo educativo.