Os objetivos de produção eólica offshore até 2030, em vários países europeus, permitem-nos equacionar o que está em causa:
h1: os Governos de Espanha, França, Inglaterra, Itália, Irlanda, Islândia e Grécia, são todos incompetentes e não defendem os seus interesses nacionais estratégicos;
h2: os Secretários de Estado do Mar (ex-Presidente de Câmara de Viana) e do Ambiente (ex-vereador de Medina em Lisboa) sabem mais de energia e ambiente do que todos os Presidentes, Primeiros-ministros e Ministros daqueles países europeus;
H3: estão por cá – com todo o lobby da energia a funcionar – a contar-nos umas estórias de embalar para depois aparecer o facto consumado e irreversível: 3.000 Quilómetros quadrados de mar fértil em peixe e a 10 milhas da costa, privatizado.
O Governo português propõe-se leiloar, já este ano e rapidamente, duma penada, uma área de exclusão de 300 km2, e a produção de 1 GW = 1000 MW, mais do que França, prevê instalar até 2030 (os ventos da Bretanha devem ser fraquitos).
E propõe-se começar pela “zona de mais interesse”, o Norte, o que diz logo muito sobre a lógica negocial destes responsáveis, vender primeiro o que é mais fácil. No Bolhão não aguentavam uma semana. Link abaixo para a notícia completa:
No Mar de Caminha e Viana, querem produzir em 2030, mais energia Eólica OffShore (2 GW) do que em França (0,75 GW), Islandia (1,5 GW) e Irlanda (1,5 GW) e tanto como na Grécia (2 GW). Agora sim: Caminha, Dublin e Atenas.
Um Governo que não acautelou – na Concessão da Eólica OffShore Piloto de 3 torres e apenas 25 MW a funcionar em Viana – a obrigatoriedade de uma monitorização ambiental adequada, não pode agora, invocar a falta de dados para dizer que, não havendo evidência cientifica de impactos negativos, então, avance-se e logo se vêem os impactos.
O Problema, para quem não quer ver, é que há estudos científicos sérios e ao longo do tempo, exatamente realizados nalguns daqueles países que, com Políticos de Inteligência e Visão limitada – comparados com os nossos – dizem à produção eólica offshore: sim, mas…
Aqui deixamos alguns exemplos desses estudos, dos quais se pode extrair uma conclusão geral: Os impactos na Biodiversidade podem ser Pequenos, Moderados ou Grandes, podem durar pouco ou muito Tempo, mas existem e essencialmente não é possível medi-los à pressa, com dados de algumas instalações piloto, durante 2 ou 3 anos. A recolha sistemática e científica de dados empíricos, é critica.
“Nossos resultados fornecem evidências de que o desenvolvimento de parques eólicos offshore podem ter um impacto substancial na estruturação de ecossistemas marinhos à escala das bacias oceânicas”: https://doi.org/10.1038/s43247-022-00625-0
“Com base na presente revisão da literatura, argumentamos que a pesquisa de EMF (Forças Eletromagnéticas), deve receber a mais alta prioridade devido à extensão espacial dos impactos potenciais (ou seja, ao longo das rotas de cabo inter-array e onshore-offshore), os efeitos significativos de EMF nos estágios iniciais da vida encontrados em estudos de laboratório, e o potencial de EMFs (Forças Eletromagnéticas), para afetar o comportamento migratório de espécies marinhas. No entanto, a partir de uma perspectiva de falta de conhecimento científico, os tópicos de PM (Movimento de Partículas) e Vibrações são claramente uma necessidade urgente de estudos empíricos que investiguem seus efeitos potenciais nos peixes e nas pescas.”: Effects of operational off-shore wind farms on fishes and fisheries. Review report — Welcome to DTU Research Database
“A literatura científica disponível concorda com os principais impactos da energia eólica offshore: i) risco de mortalidade por colisão; ii) deslocamento devido a perturbações (incluindo impactos sonoros); iii) efeitos de barreira (incluindo também o ruído impactos); iv perda de habitat; e v) efeitos indiretos ao nível do ecossistema.”: https://www.iucn.org/resources/file/biodiversity-impacts-associated-offshore-wind-power-projects
Cegos, são aqueles que não querem ver e Burros, apenas aqueles que não se importam, que lhes coloquem a Canga.
Praia da Vieira de Leiria
27 de Maio de 2023
*este artigo reflete a opinião do autor e pode estar até nas antípodas da linha editorial do Jornal C – O Caminhense.