“Viva o Santo António, viva o São João!
Viva o 10 de junho e a Restauração!
Viva até São Bento, se nos arranjar!
Muitos feriados para festejar!”
Carlos Paião
Celebrados os 99 anos de Vila Praia de Âncora e logo a seguir o São Bento de Seixas, entramos na enxurrada de “Eventos” com os quais a Câmara de Caminha quer fazer crer que dinamiza a economia do Concelho.
Na realidade o Dr. Rui Lages, conforme o mentor lhe ensinou, gasta entre Julho e Agosto, em ajustes diretos, subsídios e despesas várias, mais de 1 Milhão de euros, que custam a cada Caminhense 66 euros dos seus impostos, queiram ou não queiram, gostem ou não gostem, dancem ou não dancem.
Disse o senhor Presidente da União de Freguesias de Caminha e Vilarelho numa sessão da Câmara que a Economia está melhor. Interrompi-o e disse-lhe que não era verdade. Pedi-lhe desculpa pela interrupção, mas não pela razão da mesma.
Para que fique claro quem fala verdade e quem a ela falta, Caminha tem nos últimos 10 anos o pior crescimento da economia do distrito, o segundo mais baixo PIB por habitante e de longe a mais baixa produção industrial do distrito, 10 x menos que Paredes de Coura ou 44 x menos que Cerveira:
A economia do Concelho de Caminha, só está melhor para os Cervejeiros que vêm vender cerveja nas ruas, para os grupos que vêm atuar nos festivais ou nas feiras medievais, vender pão, ervas e chouriços; mas sobretudo para as empresas privadas que organizam esses “Eventos” e que a Câmara subsidia sem qualquer escrutínio. Uma delas até tem sede num edifício público.
A Hotelaria do Concelho, tão parca que é, enche em Julho e Agosto com ou sem eventos. Os restaurantes enchem em Julho e Agosto, com ou sem eventos. E as perturbações no trânsito, na circulação das pessoas, no ruído, na sujidade das ruas, no “ambiente social” que esses eventos geram, fazem pior. Afastam do Concelho nesses dias, clientes de todo o ano das lojas, dos restaurantes e dos cafés.
A Câmara de Caminha confunde Turistas com Passantes, Estadias com Visitas, Receitas com Lucros, Despesas com Custos, Desperdício com Investimento.
Indústria não há, Ensino Superior não há, O PIB do Concelho não cresce, o PIB per-capita é dos mais baixos do Alto Minho, os jovens que fazem 18 anos Emigram, ou trabalham noutros Concelhos. Cada vez nascem menos crianças, cada vez há mais anciãos. Médicos de Família faltam. Porque será que apenas uma ínfima parte daqueles que compram uma segunda-residência em Caminha, fazem dela a sua residência Fiscal?
Quando enchem a boca dizendo que a “economia está melhor”, referem-se a quê então?
Aos funcionários e avençados da Câmara que cada vez são mais? Ou aos consultores a quem são encomendados estudos e planos sobre inclusão, acessibilidades, igualdade, biodiversidade; e que em nada de real resultam na vida dos caminhenses?
Ou tem dados informais que não podem publicar oficialmente?
Será que se referem aos alojamentos locais, pertencentes a empresas e pessoas com residência fiscal fora do Concelho e que, por isso, é noutros concelhos que pagam impostos, aparte o IMI?
Ou às segundas residências que na realidade são alojamentos locais sem registo e sem pagar qualquer imposto?
Será que se referem aos trabalhos precários e mal remunerados, sem contratos, sem seguros e sem pagar IRS ou TSU, daqueles trabalhadores que prestam serviços informais durante o verão às variadas organizações e empresas do “Turismo”?
Será que se referem às faturas extraordinárias que a Luságuas emite no verão e pós-verão correspondentes às limpezas extras que resultam das verdadeiras lixeiras deixadas por esses eventos?
Será que se referem aos ajustes diretos, justificados sempre com a urgência de trabalhos e obras como vedações, segurança e outros, que nunca estão previstos?
Senhores responsáveis Autárquicos de Caminha, em lugar da habitual Verdade da Mentira, vejam se são capazes de responder direta e objetivamente às seguintes perguntas:
Quando vai voltar a funcionar o ferry?
Quantas empresas já estão a trabalhar na Incubadora de Argela?
Quando fica pronto o Plano de Pormenor da “Zona Industrial”?
Quando abre o novo Mercado Municipal e quanto custa realmente?
Quando vão reabrir as Piscinas de Vila Praia de Âncora?
Quando vão anular o Concurso da Ínsua por Incumprimento do Concessionário?
Quando fica pronta a revisão do PDM cuja data limite é 31 de Dezembro de 2023?
Quando é que, de facto, executam a Green Endogenous e o senhor Moutinho para, pelo menos, ficar com os terrenos que comprou, com o dinheiro que a Câmara lhe deu?
Quando é que publicam os planos para as obras de reconstrução das estruturas danificadas pelas intempéries?
Porque é que a Câmara de Caminha não deu parecer negativo às eólicas Off Shore, conforme Moção aprovada por Unanimidade na Assembleia Municipal?
Carlos Novais de Araújo
Leiria, 13 de Julho de 2023
*o texto reproduzido apenas expressa a Opinião do autor e não vincula a Direção nem a Linha Editorial do Jornal C O Caminhense, podendo estar até, nas antípodas das mesmas.
Excelente