Caminha, outrora um concelho vibrante e exuberante, encontra-se agora diante de um dilema premente.
Caracterizado por uma rica herança cultural, uma história fascinante e uma paisagem de tirar o fôlego, com as suas montanhas imponentes, rios serenos e o mar como horizonte, o concelho de Caminha sempre foi um ponto de referência para aqueles que procuram beleza, paz e autenticidade.
Num contexto onde as dinâmicas sociais, económicas e ambientais estão em constante evolução, a necessidade de adaptação e renovação das estratégias de reabilitação do nosso Concelho tornam-se urgentes. Em muitas regiões, esse processo já está em alta velocidade ao volante dos fundos da União Europeia, nomeadamente do PRR.
Caminha, por não ter uma estratégia sólida e a pensar no futuro, foi condenada a ser o Concelho do Distrito que menos verbas usufruiu, até ao momento, do PRR,
É fundamental reconhecer que a reabilitação de um concelho vai muito além da mera agenda do Presidente da Câmara e de toda a comitiva que, constantemente, o acompanha para todo o lado.
A primeira etapa para a mudança de estratégia é a avaliação criteriosa das necessidades e potencialidades do nosso Concelho.
Isso implica uma análise profunda das condições socioeconómicas, demográficas, ambientais, desportivas e culturais. Com base nessa avaliação, é possível definir objetivos realistas e criar planos de ação que abordem as áreas prioritárias de intervenção.
Além desses desafios, que são prioritários, existem outros que têm que ser olhados com seriedade. O problema do envelhecimento populacional, a emigração dos nossos jovens e a perda drástica de população preocupa-me enquanto cidadão do concelho de Caminha e por isso merece a minha reflexão e destaque.
O nosso Concelho não pode continuar a viver só do Verão e a sobreviver durante o resto do ano.
Urge uma mudança de políticas que promovam a fixação de pessoas, a promoção do desenvolvimento económico local. Isso inclui o apoio ao empreendedorismo, a diversificação da base económica e a criação de emprego qualificado. Incentivar a inovação e a criação de clusters de atividades económicas sustentáveis.
Por fim, é fundamental envolver ativamente a comunidade local em todo o processo de reabilitação do concelho. A participação cívica e o diálogo aberto são essenciais para garantir que as intervenções realizadas correspondam às reais necessidades e expectativas dos cidadãos. A colaboração entre o poder local, as empresas, as instituições e a sociedade civil é imprescindível para o sucesso desta tarefa.
Em suma, a mudança de estratégia para a reabilitação do nosso Concelho é uma necessidade urgente que requer uma abordagem integrada e sustentável.
É tempo de pensar além das soluções do imediato. Temos que refletir sobre o futuro e por mãos ao trabalho.
Temos que criar infraestruturas capazes de atrair mais turismo durante todo o ano, fixar pessoas no nosso território, captar empresas, criar postos de trabalho e trabalharmos para podermos vir a ter um concelho mais resiliente, inclusivo e próspero.
Acreditem, juntos vamos conseguir.
Carlos Castro
Presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora