A Política não olha a meios para atingir (quem quer que seja) os fins!
Assistimos nas últimas semanas o empolar do “caso das gêmeas” luso-brasileiras, que foram tratadas em Portugal, custando esse tratamento, uma pequena fortuna, ao que dizem. Não quero desvalorizar nada do que pudesse ter acontecido, pondo em causa a forma mais clara, legal e consentânea com as prioridades do SNS, mas que algo estranho aconteceu, isso parece que sim!
A outra questão é o “empolamento” desta “novela”, ocupando jornais, telejornais e debates com esta notícia. Isto porquê? Porque está a ser uma “sinfonia muito bem orquestrada” para desviar as atenções de outros e mais graves problemas e dificuldades que o País vive.
Ora vejamos:
A quem serve este desviar de atenções? Claramente ao Dr. António Costa e ao Governo do Partido Socialista. Um Governo de maioria absoluta que ruiu por dentro do mesmo, com episódios de corrupção, tráfico de influência, incapacidade política para governar, violência nos gabinetes ministeriais e intriga política, ao mais alto nível. E apesar de todo um ilusionismo tentado, nem as vacas conseguiram voar, como prometeu o Dr. António Costa!
Neste processo todo, interessa ao Partido Socialista “enlamear” o Presidente da República, envolvendo-o e implicando-o, na “praça pública” no caso, enfraquecendo a sua imagem e autoridade. E se dúvidas houvesse, ficou claro na entrevista do Dr. António Costa à CNN Portugal. Uma clara tentativa de ajuste de contas. Depois, cercando o Ex-Secretário de Estado da Saúde, Dr. Lacerda Sales, para poupar/proteger a Drª. Marta Temido, para não diminuir a sua candidatura à Câmara de Lisboa.
Mas esta “novela” e o ocupar o tempo nos telejornais em horário nobre, não pode servir para apagar a má gestão do Governo Socialista do Dr. António Costa. Foram oito anos de governos, em que deixaram, claramente, um país mais pobre, o SNS a ruir e a desmantelar-se, em favor da “Saúde Privada”. A Educação em estado lastimoso, como sabemos e conhecemos. A Justiça mais cara e distante do Cidadão. A Segurança Social em rotura e que não assegura reformas dignas, com claras ameaças de piorar. A Administração Interna e o SEF limitados na sua “vigilância” à entrada de imigrantes, que pode afectar a segurança do País.
Estes “episódios das Gêmeas” não podem esconder ou fazer esquecer a incompetência de inúmeros Ministros como os da Saúde, Educação, Administração Interna, do Ambiente, das Infraestruturas e da Agricultura, etc. São muitos os factos que efectivamente conhecemos e aconteceram. Não esquecemos os fogos de Pedrogão em 2017 e os que se seguiram, o caso TAP com demissões e indemnizações milionárias por explicar, o escândalo no Gabinete do Ministro João Galamba e as agressões entre os seus colaboradores. O conflito e a permanente desvalorização social com os Enfermeiros, Médicos, Professores e Oficiais de Justiça. As forças de segurança e os militares, limitados e desautorizados, nas suas intervenções. E mais arrogante ainda, as constantes alusões ao Ministério Público, tentando pressioná-lo e desacreditando-o, condicionando-o portanto, na sua actuação.
Escutamos o Dr. António Costa e os candidatos à liderança do PS (Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro) falar das dificuldades de Portugal, como se não tivessem sido Primeiro-Ministro e Membros dos últimos 3 Governos (8 anos). Parece que nada é com eles! Parece que não estiveram cá!
Não nos deixemos levar pelo desfoque da catástrofe, que foi a governação Socialista, em troco e distração com a “novela das gêmeas”, ainda que este caso seja preocupante. Os focos do palco não devem estar direccionados para este caso, mas sim para o que se passa no Portugal inteiro, com hospitais e urgências encerradas. Não podemos aceitar/tolerar, que agora, a troco de umas benesses e de aumentos de alguns euros (muito inferior à carga fiscal que pagamos), que continuemos na cauda da Europa, quando eramos um País promissor e do “pelotão da frente” da UE. Não podemos admitir uma carga fiscal brutal, para pagar desvarios e más opções do Governo, dando esmolas e proporcionando a subsidiodependência a quem pode, mas não quer trabalhar.
Não podemos esquecer, nem admitir, que a Saúde esteja cada vez mais distante dos Cidadãos. Que serviços e urgências encerradas seja o “novo normal” do SNS. Que não haja contratação de Enfermeiros e Médicos, com carreiras e remunerações dignas, consentâneas com a responsabilidade e exigência, que é tratar e cuidar de Pessoas, assegurando equipas e dotações seguras nos serviços. Não podemos admitir o permanente benefício de uns poucos, num constante prejuízo de muitos milhares.
A carga fiscal aumentou brutalmente e o benefício que os Cidadãos recebem em troca, nos serviços que lhe são oferecidos, como atrás referimos, são maus, desajustados, tardios e distantes.
O Portugal das “contas certas” é um País adiado, mais pobre, desigual, ou se quisermos, mais igual, pela pobreza que se vive. É o eterno nivelamento por baixo do Partido Socialista e das Esquerdas, promovendo a pobreza e a subsidiodependência em vez de prosperidade, progresso, riqueza, valorização social e respeito pelas gerações mais velhas e por quem trabalha, numa Sociedade livre e com menos Estado.
Infelizmente, temos um poder político frágil, que nos envergonha e que desvaloriza e desclassifica as Instituições que nos servem. Não quero, para mim, nem para o meu País, um tipo de política e políticos desavergonhados, irresponsáveis para com Portugal e os Portugueses, fragmentando até a imagem da Bandeira Portuguesa, e que se servem em proveito próprio, em prejuízo dos Cidadãos. Não quero Isso. Não quero, NUNCA!
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2023.12.13