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Sábado, 2 Novembro, 2024
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À espera De Miguel…

Jovem, bom ouvinte e bem falante, com currículo empresarial e político, Miguel Alves acabou por conquistar a Câmara de Caminha ao fim de doze anos de gestão social democrata liderada pela independente Júlia Paula Costa. Bastaram seis meses para pessoalmente se apresentar a instituições, forças vivas, empresários e sociedade civil. Ouviu, partilhou ideias, mostrou-se disponível para uma nova maneira de fazer política, com atitude próxima e parceira. Pôs na mão dos eleitores a responsabilidade da escolha do seu próprio futuro, acordou-os para necessidade de participar activamente na cidadania, pulando assim os muros dos quintais mais improváveis. Fez acreditar que Caminha é possível, desde que prestigiada e valorizada na sua identidade, como único factor válido de crescimento sustentado capaz de gerar emprego e crescimento económico. Uniu todos na vontade de travar este declínio – também nacional e europeu – , utilizando o argumento evidente e tão nosso de que temos “condições naturais de excepção que são a génese de qualquer região de sucesso”. Reforçou a necessidade premente de um novo posicionamento estratégico no distrito e país.

 O resto foi aproveitar os erros de uma campanha eleitoral infeliz e pouco eficaz do seu principal adversário, Flamiano Martins. O social democrata, que é muito mais do que aquilo que mostrou naqueles quinze dias, não teve engenho suficiente para valorizar a imensa obra que o seu executivo deixou no concelho. O exemplo maior da empreitada laranja nestes três mandatos, está na correção da grave injustiça imposta pelas políticas socialistas anteriores, que votaram o maior aglomerado populacional do concelho ao caos urbanístico e ao investimento inadequado. Vila Praia de Âncora, a menina dos olhos de Júlia Paula Costa, bastião sólido para as suas três maiorias, está irreconhecível ao fim de pouco mais de uma década. A mesma alma não houve para concluir a valorização de Caminha. Fica o amargo de boca da marginal da foz do Minho, a indisciplina das esplanadas do Terreiro a evidenciar um certo desleixo por aquele magnífico centro histórico, a ausência de um rumo na cultura que traduza a nossa alma,  isto apesar da aposta muito bem sucedida em vários eventos.

 

Depois da nortada, uma maré viva de desafios!

Depois desta “nortada”, os desafios impostos agora a Miguel Alves são mais que muitos.  O primeiro é consumar uma política quotidiana de”diálogo” com os munícipes que permita avaliar o que fomos, quem somos, o que temos, o que necessitamos e, sobretudo, com quem contamos para construir um “futuro melhor, onde ninguém fique para trás”. Só assim poderemos fazer o levantamento sério dos activos do nosso concelho capazes de ajudar na definição de um caminho com estratégia. Só conhecendo e estudando poderemos constituir oferta organizada e competitiva.

Ficou também a promessa de um relacionamento renovado com as freguesias que desvaloriza cores partidárias e que poderá ser embrionariamente testado na elaboração do próximo plano de actividades, mesmo que ainda não seja possível a aplicação do orçamento participativo. A boa prática deste princípio determinará a intenção futura de desenvolver o concelho num todo.

A necessidade de congregar esforços com empresas, empresários e comerciantes através de políticas efectivas que permitam combater o desemprego e criar mais postos de trabalho. Ajudar na criação de uma associação que os represente de forma organizada e credível, que permita, por exemplo, acesso facilitado a candidaturas com fundos comunitários.

Organizar e dar a conhecer, atempadamente, a agenda cultural do município a todos os parceiros locais que possam ajudar a câmara municipal a desenvolver essas actividades, para melhor estender os seus benefícios económicos a toda a comunidade.

Desenvolver uma aposta na cultura inteligente capaz de ensinar aos nossos filhos o que é claramente ser caminhense. É impossível acreditar em Caminha se não lhes dermos a oportunidade de gozar com orgulho a sua terra apesar das dificuldades, acreditando que serão eles no futuro a defender este valor mais alto e único.

Governar para fora da “torre de marfim” não atendendo apenas às infindáveis necessidades dos seus quase trezentos habitantes e suas famílias. Convencer os funcionários câmara municipal que a sua “excelente capacidade técnica”, paga dolorosamente todos os dias 25 com dinheiro dos nossos impostos, deve ser utilizada ao serviço dos municípes e não em guerras intestinas que advêm das purgas eleitorais que acontecem de quatro em quatro anos, como se do fim do mundo se tratasse. Adoptar uma cultura de mérito capaz de premiar e distinguir os bons dos maus trabalhadores. Caso contrário, teremos mais um executivo enredado em problemáticas laborais, sem tempo ou discernimento para dedicar ao concelho de Caminha.

 

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