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Quinta-feira, 28 Março, 2024
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Julie Byrne estreia-se em Portugal com passagem por Braga.

Norte-americana Julie Byrne, um dos mais admiráveis e promissores nomes femininos dos últimos anos, visita Portugal em Junho. Com passagem assegurada pelo gnration em Braga, no dia 16 de Junho, Not Even Happiness, que celebra agora um ano, foi considerado um dos discos mais sublimes de 2017.
Nómada, sonhadora, naturalista e romântica são termos que se combinam integralmente na identidade de Julie Byrne. Num passado recente, mudou-se inquietamente entre diversas partes dos Estados Unidos da América – Buffalo, Pittsburgh, Pennsylvania, Northampton, Massachusetts, Chicago, Illinois, Seattle, Nova Orleães, Nova Iorque -, aglomerando nas suas viagens influências, não da agitação das suas jornadas, mas sim do conforto que encontrou em cada etapa. O resultado é folk sentimental, atmosférica e transparente que evoca Joni Mitchell, Cat Power, Grouper ou Julia Holter.

Autodidata, pegou na guitarra pela primeira vez após o seu pai adoecer e ter de a pousar permanentemente. Julie admite não saber ler música nem a ouvir frequentemente. Na verdade, o primeiro vinil que teve em casa foi o seu próprio. Apesar destes parecerem argumentos pouco vantajosos para uma compositora, a sua discografia demonstra uma capacidade exemplar de trabalhar melodias exuberantes e um lirismo evocativo. Ambas as qualidades se envolvem numa suave sensualidade que conjura numa narrativa que dificilmente não encanta. A rapariga que aos 18 anos deixou a escola, se afastou de casa para ir trabalhar numa mercearia e mais tarde se dedicou à guarda florestal no Central Park já conquistou o seu espaço na atmosfera indie, ficando sublinhada como uma importante referência do seu género musical.

O seu primeiro registo oficial, em 2014, Rooms With Walls & Windows, pela companhia discográfica independente Orindal Records, é uma compilação de duas cassetes gravadas em 2012 e 2013: Julie Byrne e You Would Love It Here. Com o passar do tempo, entre mudanças de casa e quilómetros de estrada com projetos como Whitney, Angel Olsen, Kurt Ville e Steve Gunn, tudo a endereçou a voltar à sua cidade natal. Cinco anos após a sua primeira experiência autoral, a norte-americana lança Not Even Happiness, em fevereiro de 2017. O longa-duração foi produzido por Eric Littman e gravado na casa de infância da cantora, em Nova Iorque. Mais confiante que nunca, mas com o seu carater subtil, o disco é considerado uma ode à beleza, ao amor, à natureza. Os arranjos orquestrais combinam-se ao folk para jogar com o silêncio e os múrmuros de Byrne. A sua linguagem é difusa, traçando temas como a autonomia, o desejo e a luta. De acordo com a reputada Pitchfork, que avaliou o seu último trabalho com um elogioso 8.3/10, “o novo álbum da compositora Julie Byrne tem a lucidez e tatilidade de um cristal de cura (…) ela pinta momentos sublimes e impressionantes conseguindo transformar coisas simples em coisas arrebatadoras”. Já a célebre NME qualificou Not Even Happiness como uma obra-prima delicada que eleva as influências tradicionais da música americana. Através de uma mais ampla, porém, subtil, exploração de instrumentos e atmosferas, o disco oferece uma exposição muito mais imagética ao seu antecessor. O trabalho revela uma artista que cresceu em segurança e atrevimento ao longo do tempo. Algo que subconscientemente se infiltrou na própria durante as suas viagens e mudanças, algo com o qual não devemos ficar indiferentes e, mais do que isso, nos identificamos. Este é um álbum com um senso de autoconhecimento muito forte onde podemos escutar e ser tocados pela mundividência de Julie. Not Even Happiness integrou ainda a lista dos melhores discos de 2017 para as melhores publicações: Uncut, MOJO, The Guardian, Pitchfork, Spin, Stereogum e Consequence of Sound.

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