A Capitania de Viana do Castelo revelou hoje estar “preocupada” e com “atenção redobrada” à possibilidade de a costa portuguesa ser afetada pelas minúsculas bolas de plástico que estão a dar à costa nas praias da Galiza, em Espanha.
“Logicamente, estamos preocupados. Nas patrulhas diárias não localizamos nada até ao momento, mas estamos com atenção redobrada. Soubemos do problema pela comunicação social espanhola”, disse à Lusa o capitão do porto de Viana do Castelo, Serrano da Paz.
O ministério do Ambiente de Espanha revelou na segunda-feira que as autoridades da Galiza ativaram um alerta ambiental devido a minúsculas bolas de plástico que estão a dar à costa na região após um barco ter perdido, em dezembro, em águas portuguesas, uma carga de 15 toneladas deste material.
O Ministério Público espanhol anunciou que abriu uma investigação para apurar eventuais responsabilidades.
Segundo informações fornecidas pelo Ministério do Ambiente de Espanha aos meios de comunicação locais, um cargueiro com bandeira da Libéria perdeu seis dos contentores que transportava em 08 de dezembro em águas portuguesas, a 80 quilómetros de Viana do Castelo.
Um desses contentores, segundo o Governo espanhol, que cita o armador do barco, levava mil sacos dessas pequenas bolas brancas usadas na fabricação de plásticos.
À Lusa, o capitão do porto de Viana do Castelo explicou não ter a “confirmação de que o produto que está a aparecer nas praias galegas seja proveniente do barco que perdeu a carga ao largo de Viana a 08 de dezembro”.
No dia do incidente, “o comandante do navio reportou ao Centro de Busca e Salvamento a queda de oito contentores na água”, recordou.
“Foi, então, uma lancha ao local e já não encontrou os contentores, que normalmente afundam. No local verificámos que já não havia perigo para a navegação, mas ainda assim a Marinha promulgou o aviso, para as embarcações terem especial cuidado”, descreveu.
Agora, perante relatos de quilos de granulados de plástico a aparecer nas praias da costa galega, o capitão manifestou-se “preocupado”.
Segundo as informações das autoridades locais citadas por meios de comunicação social espanhóis, os primeiros sacos – com cerca de 15 quilos cada – foram identificados em praias da Galiza em 13 de dezembro, tendo até agora sido recolhidos perto de 60.
No entanto, foi no final da semana passada que começaram a chegar à costa, em quantidade, as bolas de plástico dispersas, fora de sacos, com as organizações ambientais e os jornais locais a falarem em “invasão dos areais” por este material e em “areais pintados de branco”.
O governo regional da Galiza ativou na sexta-feira o nível 1 (o menos grave) do Plano Territorial de Contingências por Contaminação Marinha da Galiza, que prevê tarefas de vigilância e limpeza.
A conselheira do governo regional com a pasta do Ambiente (equivalente a ministra num executivo central), Ángeles Vázquez, disse hoje que já foram feitas análises e as pequenas bolas “não são tóxicas nem perigosas”.
“Mas é plástico e é preciso retirá-lo dos areais”, afirmou.
Segundo a associação ecologista galega Noia Limpa, que cita dados do EU Monitor, estas bolas de plástico têm menos de 5 milímetros de diâmetro, são usadas na indústria de plásticos e estima-se que só no ano de 2019 se perderam no meio ambiente entre 52.140 e 184.290 toneladas.
Não sendo biodegradáveis, estas pequenas bolas, com os anos, fragmentam-se em nanopartículas, microplásticos que entram na cadeia alimentar marinha.
ACG (MP) // LIL
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