Um é formado em Biologia Aplicada e outro em Design de Ambiente. Ela estudou na Universidade do Minho em Braga, ele no Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Em comum, têm o facto de terem nascido na mesma cidade, Viana do Castelo, onde se conheceram há oito anos e de defenderem com unhas e dentes o meio ambiente.
A Ana Rita e o Nelson Sampaio, com 26 e 24 anos, respetivamente, são namorados e neste momento trabalham juntos num projeto inovador que decidiram criar há pouco tempo. 100% português, este projeto dedica-se à criação de gravatas a partir de desperdícios de madeira e de tecido.
RIPA é uma marca de acessórios originais, criados a partir do aproveitamento e valorização de matérias-primas, dando-lhes uma nova utilidade.
Com base em princípios e valores ecológicos e de sustentabilidade e proteção do ambiente, que ambos defendem, a RIPA utiliza excedentes das indústrias madeireira e têxtil, redesenhando-os e reprojetando-os para a criação de objetos de design.
Mas, como todos os projetos, também este tem a sua história. Tudo nasceu por causa de um casamento, conta Ana Rita, e por causa da vontade
de Nelson Sampaio querer usar uma coisa diferente.
“Para ser sincera este projeto nasceu um pouco sem querer. Anteriormente já tínhamos conversado por diversas vezes sobre a possibilidade de um dia podermos juntar as nossas áreas, a biologia e o design, mas nunca relacionado com o que estamos a fazer agora. A verdade é que houve um casamento e o Nelson decidiu que queria levar um acessório diferente”.
Convidado para ser o padrinho, o Nelson decidiu que iria levar gravata, mas uma gravata diferente, feita em madeira e totalmente pensada e concebida por ele e pela Ana Rita.
Defensores acérrimos do meio ambiente e de todas as questões que o envolvem, uma das condições é que a peça a criar, teria que ser feita com materiais naturais e de preferência desperdícios. Da simples ideia rapidamente passaram à prática não sem antes fazerem algumas pesquisas, como explica a bióloga.
“Começamos a pesquisar na internet, Fizemos vários modelos, várias tentativas até chegar à peça final que foi a que ele usou no dia da festa”.
A gravata do Nelson teve um grande impacto e suscitou a curiosidade dos convidados que se fartaram de fazer perguntas.
“As pessoas vieram ter connosco para nos perguntarem se tínhamos sido nós a fazer, se tínhamos mais, se vendíamos”.
O impacto causado pela gravata levou este jovem casal a pensar, porque não fazer mais e vender?
“Foi o que fizemos: produzimos mais, fizemos uma página no facebook e começamos a divulgar o produto e a aceitação tem sido ótima”, contam.
Cada peça desenvolvida pela RIPA é única, como cada árvore é única. Tirando partido das características da própria madeira, a cor, os veios e os nós permitem a criação de peças exclusivas e modelos distintos.
As gravatas RIPA são o primeiro produto desenvolvido por esta marca. Não há uma RIPA igual a outra: cada pedaço de madeira (re)utilizado para a criação da gravata é único, sendo estes produtos originais, com características exclusivas, inerentes aos próprios materiais utilizados na sua criação.
A Coleção de gravatas RIPAae inspira-se na biodiversidade e na simplicidade e genuinidade da Natureza. É, assim, caracterizada pela diversidade: de cores, texturas, tecidos, madeiras. “Todas diferentes, com atributos comuns, agrupadas e classificadas na “Família RIPAae”, da mesma forma que se classificam os seres vivos, em que Famílias agrupam diferentes espécies com características iguais”.
Para adquirir uma gravata RIPA cujo valor são 60 €, neste momento só é possível através do facebook, uma situação que o casal pretende alterar em bteve através da colocação do produto em algumas lojas.
“Já estamos a tentar colocar o produto à venda em lojas, mas neste momento só é possível adquiri-lo via facebook”.
Pôr a RIPA a correr mundo e dar a conhecer o produto a nível nacional e internacional, é o grande objetivo dos criadores deste projeto apresentado há menos de um mês.
A Rita e o Nelson estão desempregados e por isso neste momento têm disponibilidade para se dedicarem de corpo e alma à RIPA. O sonho, revelam, era poderem dedicar-se a tempo inteiro ao projeto que querem ver crescer.
“Mas continuamos à procura de emprego na nossa área. No entanto se conseguíssemos viver deste projeto seria excelente. Vamos ver, começamos há muito pouco tempo e, apesar do feedback ser muito bom, há muita coisa que temos que perceber ”, revelam.
Começaram pelas gravatas mas não querem ficar por aqui. Neste momento já se encontram a desenvolver um novo produto, trata-se de um boné, como revela Nelson Sampaio.
“Neste momento ainda é só uma ideia, estamos neste momento em fase de desenhos, mas vamos avançar para a criação de um boné”.
Ana Rita vai mais longe e levanta um pouco mais o véu para dizer que existem outros projetos que de futuro querem desenvolver.
“São projetos que ainda estão um bocado no segredo dos deuses mas que queremos desenvolver numa outra fase. Não queremos ficar apenas pelos acessórios que é o que estamos a fazer agora, mas queremos ir um pouco mais longe. Queremos partir para peças de mobiliário”.
Os materiais utilizados para a confeção das gravatas são os desperdícios de madeira e os restos de tecido. “Neste momento temos carpinteiros a trabalhar para nós a parte da madeira e a parte têxtil é trabalhada por uma empresa do ramo”.
De futuro o casal quer por a mão na massa e serem eles a confecionar as próprias peças.
“A parte da junção, ou seja, o acabamento final, é toda feita por nós. Tencionamos de futuro começar também a produzir a parte de madeira. Já estamos a tratar disso”.
Com os olhos postos no futuro, a bióloga e o designer têm um compromisso, produzir peças em equilíbrio com o meio ambiente.
“Eu como bióloga e mesmo antes disso, sempre tive uma grande preocupação e consciência ambiental e o Nelson também. É essa preocupação e essa consciência que queremos transportar para o nosso projeto, um projeto que queremos que cresça mas de forma 
equilibrada e sustentada. Admitimos a utilização de outro tipo de materiais mas sempre tendo em conta o nosso objetivo e compromisso que é a utilização de desperdícios. A nossa preocupação é a reutilização”.
A embalagem que é utilizada para comercializar as gravatas RIPA também foi idealizada pelo casal, principalmente a parte gráfica. Neste momento quem adquirir uma gravata RIPA não paga os portes, uma promoção que vai durar até meados de dezembro.
Os interessados em adquirir as RIPAs podem encomendá-las por mensagem através da página do Facebook ou para ripa.geral@gmail.com.
