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Sexta-feira, 6 Junho, 2025
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Quebrarco-Carvão Lda.

Eu tenho um sonho…

É “neta” de uma empresa centenária de Lisboa e está instalada na Zona Industrial de Vila Praia de Âncora. Chama-se Quebrarco-Carvão Lda, dedica-se à importação e distribuição de carvão vegetal no Norte de Portugal e na Galiza, e recentemente estabeleceu um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e com a Câmara de Caminha, com vista à realização de um estudo que permita perceber se é possível transformar, de forma rentável, algumas plantas invasoras em carvão vegetal.

A ideia nasceu de “um sonho” do empresário João Lima, um dos sócios da Quebrarco-Carvão Lda. Obrigado a importar carvão “do fim do mundo”, uma vez que a sua produção em Portugal está proibida, este empresário, que decidiu seguir os passos da família e continuar no negócio do carvão, nunca desistiu do seu sonho. Atento ao exemplo de Cuba que descobriu que uma infestante existente naquele país, chamada Marabu, é ótima para fazer carvão vegetal, João Lima pensou: porque não fazer o mesmo em Portugal? Sem o dito Marabu mas com muitas outras infestantes a proliferarem por esse país fora, principalmente a Acácia, a única dúvida era perceber se as infestantes portuguesas são igualmente boas para produzir carvão vegetal. Numa conversa recente com um responsável da Câmara de Caminha, João Lima partilhou esta sua ideia a que chama “um sonho”.

“Recebemos recentemente a visita de um representante da Câmara de Caminha a quem tivemosoportunidade de mostrar as nossas instalações. No final da visita eu virei-me para eles e contei-lhes que tinha um sonho. Perguntaram-se que sonho era esse e eu expliquei-lhes”.

A Câmara interessou-se pela ideia e decidiu, em parceria com a Quebrarco-Carvão Lda, estabelecer um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para a realização de um estudo que permita perceber se é possível transformar, de forma rentável, a Acácia em carvão vegetal.

“A UTAD está envolvida neste projeto para analisar profundamente as características deste tipo de infestante. Entretanto eu sugeri que fossem contactados parceiros de outras universidades principalmente no Brasil, que é só o maior produtor do mundo de carvão, para que através da sua experiência se possa ir mais longe neste estudo”.

João Lima explica que há muito pouco carvão vegetal no mundo e por isso, se for possível que este estudo chegue a bom porto, “será com certeza uma grande oportunidade”. De referir que 99 por cento do carvão que se consome em Portugal, Espanha e até no resto da Europa, é importado da América do Sul, de Cuba e algum (pouco) de África.

“Com a proibição do corte de madeiras deixou de haver carvão vegetal em Portugal. O que é comercializado vem de Cuba e do Paraguai. É praticamente tudo importado, eu diria que 99% do carvão que se consome em Portugal, Espanha e até no resto da Europa vem de fora, principalmente da América”, explica.

João Lima fala do carvão com entusiasmo e explica que a América do Sul, concretamente o Brasil, é um dos maiores produtores de carvão vegetal do mundo, mas não exporta, “pelo contrário, ainda importa dos paises limítrofes”. “A indústria siderúrgica brasileira, que é muito forte, tem sido desde sempre e continua a ser, alimentada a carvão vegetal. Por isso eles consomem tudo o que produzem e apenas 8% da sua produção é que se destina à restauração”, explica.

A escassez de carvão vegetal no mundo torna este estudo ainda mais interessante mas o empresário faz questão de sublinhar isso mesmo: “isto não passa de um estudo, de um projecto, do início de caminho para chegar, mas eu vejo grandes possibilidades”.

É um projecto pioneiro que, a concretizar-se, vai transformar-se numa verdadeira revolução ambiental e no fim de uma dependência em relação a países terceiros, exportadores de carvão. Numa indústria desta natureza há outras possibilidades, garante João Lima.

“Portugal? Eu não penso só em Portugal, eu acho que isto daria hipóteses de produzir para a Europa. A Europa do Sul gasta muito carvão vegetal e a do Norte gasta inclusive briquetes de carvão, que é um produto feito à base dos desperdícios da produção. O que não tem grande volumetria, ou seja, tamanho suficiente para o produto normal que é o carvão é transformado em briqutes. Com esses resíduos pode-se criar paralelamente uma indústria que eu acho que não é complicada”.

Actualmente em Portugal a utilização do carvão vegetal é exclusiva do sector da restauração.

“Tempos houve em que algumas indústrias utilizavam o carvão vegetal, é o caso por exemplo da indústria das molas para camiões que introduziam o carbono do aço dessas molas através da queima de carvão vegetal. Existia uma indústria dessas em Viana do Castelo, na estrada da Papanata”.

Natural de Âncora Lage, João Lima considera o concelho de Caminha “o melhor local para se viver”. Depois de ter vivido noutros locais do país, o empresário voltou a Âncora onde está associado a algumas empresas, entre elas a Quebrarco-Carvão Lda. O estudo, entregue a investigadores da UTAD vai primeiramente incidir sobre a acáciamimosa.

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