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Sexta-feira, 25 Abril, 2025
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Porque hoje é 25 de abril: LIBERDADE, 50 ANOS!

E assim se passaram 50 anos das nossas vidas. Éramos meninos e meninas que viram os seus pais tudo sonharem, todas as verdades guardadas e reprimidas, explodirem como o espumante que finalmente se libertou da rolha comprimida num gargalo castrador.

Na sessão solene que hoje decorre no Teatro Valadares, como naquela que decorre na Assembleia da República, ambos engalanados com Cravos vermelhos, apresentam-se formais, fardados e engalanados também os dignatários, eleitos e não eleitos, nomeados, co-optados e afins.

A sombra do antigo regime, pesa na solenidade e até o nome do Presidente da Republica parece ser uma lembrança sórdida e irónica do Presidente do Conselho de há 50 anos. Mas será apenas a teia das coincidências ou nas profundezas do regime, apenas mudaram as moscas?

Ontem, na SIC vi o comentador José Miguel Júdice abster-se de comentar caos de Justiça porque agora a filha é a Ministra da Pasta. Marques Mendes é cuidadoso porque a filha é deputada. Como a filha de Adriano Moreira, o filho de Carlos César, a ex-mulher de Paulo Pedroso ou a sobrinha neta de um qualquer ministro de Salazar.

Em Caminha, como em Lisboa, discursarão os titulares e algum que outro pensador, para dar um ar de democrático ao evento. Quem não terá voz será o POVO, ou Público como lhe chama o bolorento presidente da Assembleia Municipal de Caminha.

Público, está bem dito: o nosso papel é apenas assistir e apenas ciclicamente, pôr uma cruzinha num papel para legitimar alguma mudança nas moscas, para que tudo continue igual e está bem assim, como dizia o botas.

A democracia que o 25 de Abril trouxe como popular e participativa, acabou a 25 de Abril de 1976, isso é o que de facto festejam todos aquelas que rodeiam a manjedoura dos poderes, nacional eleito, regional nomeado e local, eleito com limitações ou herdado, como é o caso do Dr. Rui Lages, que só ganha votações entre os pares.

Ao POVO não é dada a palavra nestas cerimónias que paga, como não é dada entrada nos beberetes que também paga, como paga os livros comemorativos que se auto-oferecem, embrulhados em exposições que apenas servem para se darem ares de cultos e intelectuais, e fazer fotos com os artistas, para publicar no Facebook.

E é esta a democracia que o 25 de Abril nos trouxe, pagar impostos como nunca para alimentar Castas e Cucos que nunca foram tantos.

Alguns dirão, mas podes escrever o que pensas e ser publicado. Triste compensação, se ao menos o 25 de Abril tivesse trazido gosto e vontade pela leitura aos milhões de portugueses que hoje são analfabetos digitais como há 50 anos eram analfabetos analógicos.

Há 50 anos não sabiam ler, hoje sabem ler mas não sabem pensar, foram formatados para a inação, para a passividade, para o desinteresse. Cá se vai andando, com a cabeça entre as orelhas, Sérgio Godinho, como há 50 anos.

Camposancos, 25 de abril de 2024

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