Quem for, daqui por um mês, comprar um quilo de laranjas, de tomates ou de cenouras ao supermercado, pode até ver os produtos mais caros. Tudo depende da quantidade que os agricultores conseguirem produzir e de se a inflação continua ou não a aumentar.
Os produtores de frutas e hortícolas aplaudem a aliança estabelecida com o Governo, mas não querem criar demasiadas expectativas no consumidor. Um dos produtos que pode não assistir a qualquer redução significativa, e até ser sujeita a um aumento, é a laranja do Algarve.
O responsável pela ALgarOrange afirma estar “convicto que, pela pouca produção de laranja da variedade de Verão, os preços até vão subir”. De acordo com as suas estimativas, quando essa laranja acabar, em julho ou agosto, e for necessário importar laranja, os preços vão subir ainda mais. ” Isto é o que acontece ano após ano”, esclarece.
Desta forma, a descida do IVA no preço que foi acordada entre a produção e o governo, poderá ser “comida” pelas regras do mercado. A mesma situação pode acontecer nalguns hortícolas. A Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP) salienta que tudo depende do que for a produção.
“Depende do que os agricultores plantaram, do que foram as condições climatéricas, há um conjunto de fatores”, salienta Domingos Santos. “É diferente ter uma fábrica de parafusos que eu sei quantos saem por dia, do que fazer agricultura que não sei como será o fator clima”, enfatiza. “Não temos certezas de nada, tudo o que disser será estar a especular”, adianta.
O presidente da FNOP considera também que “tudo depende dos mercados” e se a inflação continuar a descer. ” Quando o Estado fez a descida sobre os produtos petrolíferos, os combustíveis não deixaram de aumentar”, recorda.
Neste clima ainda de incerteza os produtores esperam, no entanto, que o preço final possa ser mais baixo para o consumidor. O presidente da AlgarOrange defende que se deviam procurar outras alternativas, e deixa um repto ao Governo e à distribuição.
“Será que não é altura de pensar na fruta que não é bonita e que vai para a indústria a um preço miserável, será que em termos das necessidades dos consumidores não é altura de pôr esta questão?”, pergunta.
José Oliveira garante que essa fruta está a ser vendida a 6 cêntimos o quilo para a indústria, o que quase não paga a retirada da fruta da árvore. A chamada “fruta feia” sabe ao mesmo, garante o produtor, e talvez assim o consumidor pagasse menos por aquilo que está a comer.