O salário médio real de entrada no mercado de trabalho de jovens com ensino superior era em 2020 inferior ao registado em 2006, segundo um estudo do Banco de Portugal (BdP) divulgado esta segunda-feira.
A conclusão integra um estudo sobre “A distribuição dos salários em Portugal no período 2006-2020” que será também publicado esta semana no Boletim Económico de março do BdP.
Os resultados do estudo mostram “uma redução muito acentuada do salário médio de entrada” no mercado de trabalho dos jovens com ensino superior, com idade igual ou inferior a 30 anos, sobretudo entre 2010 e 2014, seguida de uma recuperação que, ainda assim, não permite chegar a níveis semelhantes em termos reais, a 2006.
Em 2020, o salário médio real de entrada no mercado de trabalho era de 1050 euros para um jovem com licenciatura ou bacharelato e, em 2006, o valor era de 1088 euros.
No caso de um jovem com mestrado, o salário médio real de entrada aumentou ligeiramente, de 1150 euros em 2006 para 1178 euros em 2020.
“No período mais recente, o salário médio real de entrada ainda é inferior ao observado entre 2006 e 2010, mas o perfil ascendente dos salários nos anos que se seguiram (…) foi mais acentuado”, pode ler-se no documento, no qual se explica que esta situação poderá estar associada “a um ajustamento gradual da procura de trabalho ao aumento significativo da oferta de trabalhadores com escolaridade mais elevada”.
Por escalões etários, o documento avança que, apesar do crescimento nos últimos anos, “em 2020, o salário médio real dos indivíduos com idade entre os 25 e os 34 anos (2.073 euros) era ainda inferior ao salário médio real em 2006 dos trabalhadores do escalão etário imediatamente acima (2102 euros)”.
“Tal ilustra a importância do salário de entrada na definição do salário ao longo da vida ativa”, realça o BdP.0
Contudo, há situações que podem alterar as trajetórias individuais de salários, como por exemplo, uma mudança de emprego, que resulta num crescimento salarial médio de 5%, um valor superior ao crescimento salarial médio de 2% observado para os trabalhadores que permaneceram na mesma empresa entre 2006 e 2020.
Este diferencial, segundo o documento, tende a ser menor em períodos recessivos devido à diminuição do número de contratações.
“O crescimento salarial médio associado à mudança de emprego parece ser mais significativo nos trabalhadores com ensino superior, sendo de 9% em média no ano da mudança”, indica o BdP.