Não pretendo neste artigo abordar questões jurídicas de direitos dos ciclistas, ou dos peões cidadãos, nem tão pouco fazer juízo de valor sobre o que quer que seja, que se viva ou sinta na via pública, sejam ruas, avenidas ou estradas. Vamos à História. Há quem afirme e descreva que a “primeira bicicleta” foi concebida num projecto “muito parecido” com as bicicletas de hoje, onde seriam autores deste projecto Leonardo da Vinci e/ou os seus discípulos. Eventualmente, é atribuído a Lu Ban, na China a invenção da bicicleta. Mas é ao Barão Alemão Karl Von Drais que pode ser considerado o inventor da bicicleta, em 1817. Deixando a dificuldade de definição correcta sobre o verdadeiro inventor, a bicicleta é um velocípede de 2 rodas, considerado o meio de transporte mais utilizado do mundo e com a vantagem de ser um veículo com zero emissões.
Face aos múltiplos modelos, materiais utilizados e performances, desconhecemos a “pegada ecológica” que é deixada na sua fabricação e também qual o impacto que cria no ambiente, quando deixa de ser utilizada e se torna sucata. Sabemos que a bicicleta tradicional, com base nos materiais que compõem as suas peças (metal, borracha, plástico, couro e espuma, etc.) são recicláveis. Excluo desta afirmação os componentes das bicicletas mais actuais e eléctricas, por desconhecimento e não ter colhido das fontes, o rigor desejado, sobre a forma da reciclagem das suas baterias e componentes eléctricos.
A “nova forma de pensar a mobilidade nas cidades” em Portugal vem timidamente implementando pequenas “estações de bicicletas” espalhadas nas zonas mais urbanas, mas está ainda muito longe de ser uma forma de mobilidade concorrencial e de verdadeira impregnação nos hábitos dos Portugueses. Timidamente, algumas Câmaras Municipais e Institutos Politécnicos atribuem aos seus Autarcas, colaboradores e alunos uma bicicleta para se deslocarem, como é o caso da Câmara Municipal de Viana do Castelo e do Instituto Politécnico da mesma cidade. Outros exemplos, com certeza existirão.
Quando a engenharia trouxe até nós as bicicletas de alumínio, carbono e outras ligas, eis que, perante toda a evolução tecnológica, vieram as “trotinetes” que se multiplicam pelas cidades, com todos os maus exemplos dos seus utilizadores: mal estacionadas, abandonadas, lançadas ao rio e valetas, a circularem abusivamente pelos passeios, autênticos estorvos aos peões, idosos, crianças, invisuais e com dificuldade de locomoção.
Voltando às bicicletas. Houve uma preocupação crescente nos Autarcas, para a criação de ciclovias nas cidades/vilas e zonas limítrofes para a fruição deste meio de transporte, quer em momentos de trabalho, quer em momentos de lazer. Em muitas cidades Europeias há um aumento de bicicletas, (Barcelona, Valência, Amesterdão, Copenhaga e Estocolmo, para não falar nos países asiáticos) e para além de espaços de estacionamento para as bicicletas que os seus Cidadãos usam na mobilidade devido a variadíssimas razões, há também “estações” de aluguer e estacionamento/entrega das bicicletas, que são usadas pelos turistas nos passeios pelas ruas e avenidas das cidades. Em algumas delas, este aluguer não é barato, e às vezes um pouco burocrático, para se conseguir a sua utilização.
Em Portugal o uso da bicicleta foi exponencial. Apesar dos custos, podemos ver pelas nossas ruas, cidades e estradas “ciclistas” com bicicletas para todas as carteiras. Associado ao uso da bicicleta, foi também proporcional o uso de equipamento próprio e de protecção para os seus utilizadores. Um mercado que cresceu e ganhou identidade própria.
Associado ao uso de bicicleta, estão também e inequivocamente, os benefícios para a saúde. Entre uma infindável lista podemos encontrar: emagrecimento saudável e controle do peso, baixa do colesterol, controle da glicemia no sangue, bem-estar, previne más condições de saúde mental, promove momentos saudáveis de lazer e convívio entre familiares e amigos, aumenta a autoestima, reforça a capacidade de resposta do organismo a outros esforços musculares e esqueléticos, favorece a eliminação de toxinas e favorece o sono repousante e reparador. São inúmeros os seus benefícios.
Entendemos também que associado a estes benefícios descritos, deveria haver também benefícios fiscais, por forma a favorecer e ampliar a aquisição deste meio de transporte, trazendo mais-valias para a saúde do Cidadão e do ambiente saturado das cidades – poluição e trânsito.
Concluindo, este é mesmo um meio de transporte económico, amigo do ambiente, transmite sentimento de liberdade e faz bem à saúde. Repliquemos o uso da bicicleta!
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2022.06.01