“Isto não é o fim.
Não é sequer o princípio do fim.
Mas é, talvez, o fim do princípio. “
Winston Churchill
Nada surpreende que um Presidente de Câmara no seu terceiro mandato, o abandone a meio, para ocupar um outro qualquer cargo, no Governo, numa empresa publica, como administrador dum hospital ou como Deputado.
É das primeiras coisas que os jotinhas aprendem nas universidades de verão: deixar a câmara nas mãos do seu número 2, para este ter tempo para construir uma imagem institucional e uma teia de aliados e assim se apresentar às novas eleições.
Surpreende sim o tempo e o modo, não cumprindo o Dr. Miguel Alves sequer 1 ano deste terceiro mandato, fazendo o contrário do que disse e escreveu há 1 ano; por razões que só o próprio saberá, ou porque teve um apelo irrecusável do seu líder ou, porque sabe o que nos próximos tempos virá a lume, em termos da sua gestão autárquica.
Caminha passará agora a ter um Presidente de Câmara no qual não votou e portanto, não elegeu. Não há eleições intercalares, viva a democracia, os regedores do estado novo também não eram eleitos.
Só haveria eleições intercalares, se a maioria dos vereadores tivessem a Hombridade de se demitir e todos os seus suplentes tivessem a Hombridade de não aceitar substituí-los. Mas isto seria certamente pedir demais em termos éticos, àqueles que se limitam a cumprir a Lei.
A demissão dos vereadores da coligação OCP e os seus suplentes não aceitarem substituí-los não provocaria eleições intercalares, mas, pelo menos deixaria á luz do dia um PS sozinho, a mostrar como se comporta sem contraditório, para todos os caminhenses verem.
Ilusão vã, quando esta coligação inclui um partido que votou esta Lei autárquica e usou o mesmo estratagema vezes sem conta, a última em Valença, por acaso com maus resultados. Resta-nos assim, olhar para o Legado que o ex-presidente de camara, novo-secretário de estado, deixa em Caminha.
Como escrevi em Maio a propósito do Ferry Encalhado, que faz com que Caminha seja o único concelho raiano sem ligação à Galiza e mais grave, o único que não tem qualquer projeto Transfronteiriço com a cidade espelho, neste caso A Guarda:
“…Esta é, junto com o novo mercado municipal a concorrer na paisagem com a Matriz, a selvajaria urbanística, por todo o concelho, a Ínsua ao abandono depois de mais de uma década sob responsabilidade da câmara, a herança que o atual edil se prepara para deixar a caminha, quando se começa a preparar para os novos passos políticos no PS.”
Teremos que acrescentar, algumas referências que podem analisar em detalhe nos arquivos online deste jornal:
-Caminha é o concelho do alto minho que perdeu mais empregos por conta de outrém entre 2010 e 2020;
-Caminha é o Concelho do distrito cujos salários menos cresceram entre 2010 e 2020;
-Caminha foi, depois de Melgaço, o concelho que mais estudantes perdeu entre 2010 e 2020;
-Caminha é o único Concelho Raiano que não tem um polo universitário;
-Caminha é o concelho com menor número de alunos por escola no primeiro ciclo, menos de metade do recomendado;
-a USF Foz do Minho tem mais de 1500 cidadãos sem médico de família, a segunda pior do distrito;
-Caminha é o concelho do alto Minho com menor Produção Industrial e emprego industrial, 50 Vezes menor que Cerveira, por exemplo;
-É o concelho do Alto Minho com o segundo mais baixo PIB por habitante, 1/3 de Valença por exemplo;
-Caminha é o concelho do alto minho com as Despesas Municipais mais altas em relação ao Produto Interno Bruto, 5 vezes mais do que Cerveira;
-Entre 2014 e 2020 a Dívida do Municipio de Caminha cresceu mais de 5 Milhões de euros enquanto todos os concelhos do Alto Minho a diminuíram;
-Caminha tem a mais alta Dívida Municipal do distrito, aparte Viana, mais do do dobro da média dos outros concelhos;
-Por Habitante a Dívida Municipal de Caminha é a maior do distrito, 3 vezes maior do que Cerveira ou 20 vezes maior que Ponte do Lima;
-Miguel Alves deixa no Municipio, compromissos futuros e irreversíveis, com dezenas de contratos por adjudicação direta e potenciais litígios jurídicos com fornecedores;
-As águas municipais foram entregues a uma entidade opaca, gerida em Lisboa, que não tardará a ser privatizada quem sabe a chineses, quando o governo nos levar de novo à bancarrota.
-Um Centro de Exposições que não existe e cuja renda do ano 2045 a Camara Municipal já pagou, pelo valor de 300.000 Euros.
-A Ínsua hipotecada por uma renda ridícula de 1001 Euros por ano durante 50 anos.
-A aberração dum mercado municipal, a enfeitar a marginal, elefante branco a derrapar nos custos e no tempo e que, só Deus sabe quando ficará pronto.
-Estruturas e Planos de Proteção Civil feitos de remendos e a responderem aos soluços como se viu este verão;
Este é o Legado que o Dr. Miguel Alves deixa em Caminha e, por isso parte para outras paragens, que conhece bem, sempre fiel delfim e de novo próximo do líder da família socialista, que desgoverna este país, onde as responsabilidades são diluídas e a comunicação cria todos os dias uma realidade virtual.
Leiria, 16 de Setembro de 2022