“À Justiça o que é da Justiça,
à Política o que é da Política”
António Costa
Sócrates (o filósofo grego), Platão e Teófilo Braga devem andar às voltas na cova com a frivolidade do uso da expressão “ética republicana” nos últimos dias e mais voltas darão, ao ouvirem das bocas de quem saiu.
Mais se espantariam se lhes chegasse o questionário de 36 perguntas no qual o Governo resolveu resumir a Ética Republicana. Porque, além do mais, falta ao mesmo definir as consequências dos resultados. Se a resposta for sim a mais de 18 critérios, chumba? Ah, mas há uns sins que são bons!
Para os leitores mais curiosos e detalhistas, aqui deixamos a lista completa das perguntas:
Finalmente podemos perceber a definição de ética republicana de António Costa: é a mesma de Pina Moura, ética é cumprir a lei, desde que a lei não proíba ou condene, é ético.
Afinal, política é lei e não ética e sendo a política lei, não há separação, da Justiça.
Agora pensem comigo os leitores e digam lá se estas perguntas não estão desenhadas só para apanhar aqueles que, de qualquer modo, não pensam sequer em ser governantes.
Porque não há uma única pergunta sobre o passado de atividades de autarcas ou ex-autarcas? Que adjudicações diretas fizeram? Que dívidas deixaram? Que litígios deixaram nos municípios? Desde que não sejam arguidos…
Porque não há uma única pergunta sobre interesses cruzados entre setores? Então para alguém ir para secretário de estado do turismo, não interessa se tem uma empresa de informática? Ou se trabalhou num escritório de advogados que presta serviços jurídicos a uma qualquer área do estado?
O coelho que António Costa tentou tirar da cartola do Marcelo, saiu-lhe gato.
Esta lista de perguntas só tem um teste possível: aplicá-las aos membros do atual Governo no ativo e tirar daí as conclusões: ficam todos limpos ou sai mais uma dúzia duma assentada?
Leiria, 16 de Janeiro de 2022