O Eixo Atlântico (EA) do Noroeste Peninsular defendeu hoje que a Galiza e o Norte de Portugal devem apoiar Cuba “perante a União Europeia (UE)” e revelou ter assinado um protocolo para promover o intercâmbio com instituições de Havana.
“Galiza e o Norte de Portugal devem ser apoiantes de Cuba perante a União Europeia para promover o desenvolvimento social e económico. O elevado nível dos nossos investigadores e especialistas, e o avançado nível tecnológico das empresas do Norte de Portugal e da Galiza, garantido pelo seu elevado índice de exportação, constituem recursos de primeiro nível que devem ser envolvidos no desenvolvimento futuro de Cuba”, afirmou o secretário-geral do EA, Xoán Mao, citado num comunicado da organização intermunicipal transfronteiriça que junta 39 concelhos do Norte de Portugal e da Galiza.
O responsável falava após visitar Cuba, onde uma delegação da instituição se reuniu com “autoridades cubanas e instituições europeias para promover projetos conjuntos de cooperação para o desenvolvimento”.
Xoán Mao referiu ainda que “Cuba é um país que soube sobreviver em circunstâncias adversas e alcançou um elevado nível em áreas tão sensíveis como a saúde, a educação ou a cultura, nas quais também podem contribuir com o seu conhecimento as cidades do Eixo Atlântico”.
“Como primeiro resultado desta viagem, foi proposto à Comissão Europeia e à Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) um projeto de cooperação financiado por fundos da União Europeia e que será apresentado nos próximos meses”, revela o EA.
Já durante a visita, o EA, “a convite das autoridades cubanas, assinou um protocolo de colaboração com o Gabinete do Historiador”, uma organização criada para proteger a cidade de Havana Velha, visando “promover o intercâmbio entre as cidades do Eixo Atlântico e instituições de Havana”.
“O projeto que o Eixo Atlântico lidera há três anos na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, e que levou à criação da primeira Agenda Urbana Transfronteiriça do Mercosul, tem sido referência na América Latina. Desta forma, países como Cuba ou Argentina propuseram associar-se ao Eixo Atlântico em projetos de cooperação para o desenvolvimento”, descreve.
No caso de Cuba, “com a qual existe um vínculo histórico especial para a Galiza, propõe-se um intercâmbio tanto no âmbito da contribuição para a recuperação de Havana Velha, como no desenvolvimento e nas ações nela contidas: sustentabilidade, mobilidade, descarbonização, economia e coesão social”, descreve o EA, que esteve representado em Cuba também pelo seu presidente, Ricardo Rio.
O EA esclarece que esta visita surgiu no Âmbito de uma outra, da delegação do Gabinete do Historiador de Havana, entidade responsável pela recuperação e restauração de Havana Velha, às cidades do Eixo Atlântico no mês de julho”.
“A pedido da delegação, o Eixo Atlântico foi responsável por organizar os encontros” e a agenda “incluiu reuniões com o Ministério do Comércio e Investimento Estrangeiro, a governadora de Havana, o Conselho de Administração Municipal de Havana Velha e o presidente da Assembleia Municipal de Havana, entre outros dirigentes”.
O EA assinala que “Cuba sofre há mais de 50 anos um bloqueio que afeta gravemente a sua economia e, portanto, os recursos necessários para a recuperação dos centros históricos ou para o desenvolvimento de políticas promovidas por organizações internacionais tão necessárias quanto caras”.
“Durante o mandato de Barack Obama foram dados os primeiros passos para suspender o bloqueio paralelamente a uma abertura na esfera política por parte das autoridades cubanas. Sob o mandato de Trump, viveu-se um retrocesso notável nesta área, mas a evolução da história indica que esta situação não deverá durar muito”, indica.
Neste contexto, a colaboração com o EA “estabelece a idoneidade de ir avançando políticas conjuntas de desenvolvimento que ajudem a preparar Cuba para enfrentar os desafios numa nova etapa, quando o bloqueio e os vetos existentes desaparecerem”.
LUSA