O músico Luís Vicente estará em tournée em Maio, com várias datas no nosso país e uma passagem pela sala Kominsky em Vigo no dia 16 de Maio, pelas 21h33 (aproximadamente). Estivemos à conversa com o trompetista para desvendar um pouco mais do que poderemos esperar em Vigo.
Jornal C – A escolha do trompete foi casual ou algum motivo em particular? Como foi o percurso até à escola do Hot Club?
Luís Vicente – Eu recebi um trompete em criança deveria ter na altura 7 anos de idade, isto aconteceu pouco tempo depois de ter entrado na banda filarmónica da aldeia onde cresci(Atalaia). Não foi uma primeira escolha deveu-se à necessidade de aumentar o naipe de trompetes que era bastante reduzido e como tal deram-me um para as mão e tive de me virar, foi basicamente o que aconteceu. Até chegar à escola do Hot Club tive um grande interregno(cerca de 7-8 anos sem tocar uma nota, dos 14 aos 21 sensivelmente), voltando a pegar no trompete para tocar em bandas de amigos, dando concertos, tendo posteriormente aulas privadas e ingressar então na Escola do Hot Club, onde o compromisso se tornou sério e decidi que queria fazer da música a minha vida.
Jornal C – Em 2012 lança o seu disco de estreia como líder, “Outeiro”, materializar um momento como líder de uma formação ainda é um ponto crucial na afirmação de um músico?
Luís Vicente – Sim sem dúvida, tem sempre um valor especial, é o momento em que se tem a inteira responsabilidade de tudo o que está envolvido nesse processo, a música que se toca, os músicos que nos acompanham, os ensaios, os concertos, o pré durante e o pós, quere-se que tudo seja perfeito e que corra bem, é um momento vivido intensamente e extremamente marcante.
Jornal C – Como vê o actual momento da cena musical portuguesa e especialmente do improv.? Internacionamente está mais desenvolvido que no nosso país?
Luís Vicente – Eu tenho actuado mais fora do país nos últimos anos, não tendo acompanhado tão de perto o que se tem vindo a fazer, mas o que me tem sido possível constatar é de que está muito coisa a acontecer, muitos concertos e gente com vontade de fazer as coisas acontecer, um bocado dentro do espírito DIY parece-me e que é essencial ser feito, não sei se com a frequência certa e quais os resultados finais. Não compararia a cena portuguesa com nenhuma outra, temos várias coisas que há partida definem a linha de acontecimentos, nomeadamente o factor geográfico(tem se todo um continente a atravessar e todo um oceano do outro lado, tudo isso é uma condicionante quer seja para expandir ou para receber); a inexistência de uma tradição musical e toda repressão que sofremos durante décadas aquando da ditadura no país, congelou não só a músicas como todas ou grande parte das manifestações artísticas.
Jornal C – Pode desvendar um pouco do concerto do dia 16 de Maio em Vigo? E da formação em trio com o Olie Brice e o Mark Sanders?
Luís Vicente – O concerto em Vigo será o 2º da nossa tour, é a primeira tour em Portugal e o primeiro concerto do trio em Espanha. Quem vier ao concerto irá encontrar um grupo determinado e ligado na busca e exploração de uma linguagem com raízes assentes no jazz e improvisação europeia, com músicos que tem tocado por todo o mundo e que quando sobem a palco têm uma entrega e uma comunicação que é merecível de uma audiência atenta e disponível para testemunhar cada segundo, cada pormenor ao detalhe. Esta será a terceira tour deste grupo que teve uma empatia incrível desde o primeiro segundo que tocámos juntos, possivelmente gravaremos o nosso primeiro album no decorrer desta semana 14-20 maio, que terá apresentações em Coimbra no Salão Brazil – 15, Vigo no Kominsky – 16, Vila Real no Clube de Vila Real – 17, Lisboa no Art Loft Lisbon – 18, Caldas da Rainha no Grémio Caldense – 19.