Depois de diversos contactos e reuniões para conseguir que se mantivesse aberto o Jardim de Infância de Santo António (JISA), a Comissão de Pais daquela instituição veio a público, através de uma carta aberta à comunidade, explicar que apesar de todos os esforços e empenhamento, não vai ser possível dar continuidade àquele Jardim de Infância.
Consternados por verem encerrar uma instituição de durante mais de 4 décadas deu apoio a muitas crianças do concelho de Caminha, os pais lamentam o encerramento.
Na carta aberta à comunidade e que abaixo de reproduz na íntegra, à Comissão de Pais do JISA explica toda a situação e o que foi feito para evitar o encerramento:
“CARTA ABERTA À COMUNIDADE
ACERCA DO ENCERRAMENTO DO JARDIM DE INFÂNCIA DO
COLÉGIO DE SANTO ANTÓNIO
No passado dia 6 de Junho de 2018 os Pais e Encarregados de Educação dos alunos do Jardim de Infância do Colégio de Santo António foram convocados para uma reunião presidida pela Exm.ª Senhora Irmã Superiora Provincial da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, (a entidade que preside aos desígnios do denominado “Colégio de Santo António”, em Caminha) e por outro elemento dos seus órgãos de Gestão.
Nesta reunião, fomos confrontados e surpreendidos com a notícia do eminente encerramento da valência de Jardim de Infância que funciona neste local há mais de 40 anos e que atravessou várias gerações de Caminhenses, que lhe reconhecem manifesto valor e qualidade, no âmbito do ensino pré-escolar concelhio.
De salientar que alguns destes pais tinham acabado de transferir para o Colégio os seus filhos, já no final do segundo/início do terceiro período lectivo, sem que lhes tivesse sido dada qualquer indicação do eminente encerramento do Jardim de Infância, pelo que o sentimento é de profunda mágoa e até de engano.
Tendo ficado todos profundamente consternados com a possibilidade de terem de reverter esta mudança na vida dos filhos, ainda no decurso desta
reunião, os pais e encarregados de educação procuraram, de imediato, encontrar possíveis alternativas.
A resposta que receberam foi imediata: a negativa a qualquer das propostas aventadas naquele imediato.
Nesta reunião foram-nos transmitidos os seguintes argumentos para o anunciado encerramento:
-O reduzido número de alunos;
– A necessidade de contratação de uma Directora Pedagógica, face à recusa de continuação de funções por parte da única Educadora do Colégio, que actualmente exerce estas funções interinamente, a partir do próximo ano lectivo;
– Os encargos inerentes a tal contratação, não comportados pelo número de alunos inscritos naquele momento;
A comissão foi de imediato organizada, e no sentido de ultrapassar estes constrangimentos, em apenas alguns dias conseguiu uma lista de alunos inscritos para frequentar o estabelecimento no próximo ano lectivo: um total de treze alunos, ainda no mês de Junho;
Relativamente à questão da Diretora Pedagógica, consultamos o Ministério da Educação e foi-nos transmitido, através da Sr.ª Vereadora da Educação do Município de Caminha que, existindo uma Comissão de Pais e uma Educadora reconhecida pelo Ministério da Educação que assumisse essa mesma Direcção Pedagógica, se ultrapassaria o problema da falta de uma Directora Pedagógica contratada pela Instituição.
Na mesma semana após a reunião, a Comissão de Pais assegurou a existência de uma Educadora reconhecida pelo ME, com competências para o cargo, sem qualquer encargo para a Instituição CONFHIC.
Deste modo, sendo o número de alunos inscritos equivalente ao do último ano, não existindo encargos acrescidos para a Instituição, e atendendo a que não foi apresentado qualquer outro motivo para o encerramento do Jardim de Infância, consideramos que a CONFHIC iria reverter o processo de encerramento em curso, designadamente por se terem alterado os pressupostos que levaram a esta tomada de decisão.
Naturalmente, a estes factos concretos, acresce tudo o mais mencionado na carta dirigida à Exm.ª Senhora Irmã Superiora Provincial Glória de Jesus Domingues assim como à Irmã Maria da Conceição Galvão, na qual lhe demos conta dos nossos esforços e resultados documentados e dos testemunhos de Encarregados de Educação cujos filhos actualmente frequentam o Colégio.
Destacamos a superior qualidade do ensino que há gerações vem sendo ministrado neste espaço, a excelente qualidade das instalações, recentemente intervencionadas de resto e a mais-valia que a presença das crianças também representa nesta casa, bem como a consequente aproximação do Convento à Comunidade, daí decorrente.
Este Convento esteve ligado ao ensino praticamente desde que para qui vieram as Irmãs Franciscanas, pela mão da Irmã Maria Madalena de Cristo (nome religioso da Benemérita Caminhense Rosa Maria Joaquina de Sousa), em 1898.
Há 120 anos, o Convento de Santo António é uma referência no ensino, designadamente das “crianças pequenas”, no nosso concelho.
Consideramos que o encerramento deste Colégio, por razões estritamente monetárias e materialistas, em nada se coaduna com o espírito da missão da Congregação, presente nos ideais quer do Padre Raimundo dos Anjos Beirão, quer da Irmã Maria Clara do Menino Jesus, que a fundou no Século XIX.
Tão pouco nos parece que esta decisão estritamente economicista tenha algo a ver com a Ordem de S. Francisco Xavier, que preside à Congregação ou com a Companhia de Jesus de que foi Cofundador no encalço dos passos de Santo Inácio de Loyola.
De resto de acordo com o Plano Apostólico 2016-2022, aprovado para a Província Portuguesa da Companhia de Jesus, “a excelência da missão apostólica não está relacionada com a relevância das tarefas que realizamos, mas com essa paixão por Deus e seu Reino que há- de caracterizar o jesuíta em cada etapa de sua vida.”
Não prevê este PAP o encerramento de qualquer valência na Província Portuguesa, mas apenas a realização dos estudos necessários à sua dinâmica e consequente interação com a comunidade, como forma de a trazer para a fé.
Consideramos que os valores que este colégio transmite às crianças e à comunidade em geral, que o frequenta muito por causa delas, seriam de preservar e fomentar, dada a crescente crise de valores que existe na sociedade actual, nesse sentido, de resto, fizemos o esforço, também económico, de ali colocar os nossos filhos, na frequência do pré-escolar.
Foi criada a página de Facebook “Jardim de Infância de Santo António- Muito mais que um Colégio, uma Família”, Grupo Publico do Facebook, no qual estão expressos os testemunhos das várias gerações que frequentaram o Colégio e verificar-se que os testemunhos enviados com a missiva dirigida à Irmã Superiora Provincial são uma pequena parte do sentimento de toda a comunidade que privou com aquela Instituição ao longo de tantos anos.
Lamentavelmente, após questionar diretamente os órgãos superiores do governo da CONFHIC, depois de os confrontar com as concretas soluções encontradas e que resolviam a questão que gerou a decisão – questão económica – foi-nos comunicado que nenhum destes esforços poderia reverter a situação abruptamente anunciada.
O nosso sentimento é o de que, muito lamentavelmente, o peso do dinheiro foi aqui mais forte que os elevados valores da Missão nos quais até agora quisemos acreditar: Os mesmos valores que levaram S. Francisco Xavier a “desistir da Glória da Família em louvor da Glória de Deus”.
Resta-nos agradecer:
Agradecemos ao Município de Caminha, que prontamente nos prestou o todo o auxílio possível, designadamente para perceber junto do Ministério da Educação e encontrar a solução pedagógica;
Às irmãs do Convento de Santo António de Caminha bem como à auxiliar de acção Educativa, Carina Fernandes, que mantiveram os nossos “meninos” do JISA longe de saber que a também casa deles vai encerrar portas;
Aos antigos alunos e encarregados de educação do Colégio de Santo António, que prontamente se mobilizaram (mesmo já não tendo os filhos no JISA) na causa, infelizmente só nossa.
A todos os que nos manifestaram, pelas mais diversas formas, a sua solidariedade e empenho para que o encerramento do Colégio não fosse uma realidade.
Aos órgãos de Comunicação Social, pela divulgação desta missiva.
Bem hajam!.
A Comissão de Pais do JISA”
