Na cerimónia de tomada de posse dos órgãos autárquicos concelhios assistimos a um espetáculo e não a uma cerimónia de tomada de posse dos autarcas que irão dirigir os destinos dos órgãos autárquicos do concelho de Caminha.
O PS propôs ao sr. Presidente da Assembleia Municipal cessante que esta cerimónia que se pretende solene, de compromisso para com TODOS os munícipes, se realizasse num espaço diferente daquele que tem ocorrido desde o 25 de Abril: no teatro Valadares e não no salão nobre do concelho.
Pensaram uns: quer-se dar um cariz popular de participação ativa no processo de empossamento.
Pensaram outros: É um espaço renovado pela Câmara cessante; é a forma de ainda mais gente ver o espaço público que temos.
Mas outros houve que pensaram que aquele espaço era ideal para terem a oportunidade de prolongar a campanha eleitoral, de participarem num derradeiro comício, de transformar o lindo cine-teatro Valadares num verdadeiro circo romano (ou um estádio, nos tempos modernos) para descarregarem ódios e rancores, tal como hoje se assiste num desafio de futebol, chamando de tudo, assobiando, apupando ou pateando ao árbitro porque é ele que dirige (bem ou mal) o desempenho disciplinar dos jogadores.
Havia condições para correr tudo bem: apresentaram-se todos os eleitos, os discursos foram os de circunstância e o do Presidente da Câmara dirigiu-se a todos os caminhenses…
Mas não foi isso que aconteceu. O espírito democrático que devia pautar toda a cerimónia não foi respeitado.
Não acredito que as direções partidárias tenham alguma coisa a ver com os incidentes verificados, mas não posso deixar de reclamar e repudiar situações a que todos assistiram e não abonam nada a favor do Partido Socialista:
1- Na rua, houve muitos insultos a elementos que participaram na campanha eleitoral pelo PSD;
2- Ouviram-se comentários desagradáveis e alguns desprezíveis (para não usar uma palavra mais forte) de apoiantes do partido vencedor dirigidos a quem lutou por projetos diferentes mas legítimos e, ao fim e ao cabo, muito semelhantes;
3- Não se mostrou qualquer respeito pelo momento musical proporcionado por uma instituição do concelho no início da cerimónia;
4- No cine-teatro, ouviram-se apupos e assobios a eleitos nas listas do PSD e à eleita Júlia Paula Costa que é só uma senhora que venceu três eleições com maioria e que deixou obra que se vê (só não vê quem não quer reconhecer que nestes anos só o património real do município cresceu cinco vezes o que Caminha tinha em 2001);
5- Fez-se a chamada dos eleitos lista a lista e não pela ordem de eleição;
6- Ouviram-se gritos clamando pelo partido vencedor quando, parece-me que quem deve ganhar é o concelho de Caminha; só faltaram bandeiras!
7- Realização da Assembleia Municipal formal para a escolha da mesa no mesmo local, antes do discurso do Presidente, numa confusão generalizada que só não resultou mal porque o PSD não apresentou lista.
Como presidente da Comissão Política do PSD de Caminha que liderou um projeto que não saiu vencedor por 261 votos num universo de 10962, não posso deixar de me insurgir contra a atitude de elementos do PS pois perdemos as eleições, mas só cerca de mais 2,5% da população (duzentos e tal votos) é que não apoiaram as nossas listas. Merecemos, por isso, mais respeito e espero que o Partido Socialista se demarque claramente da atitude desses militantes ou simpatizantes que denegriram na noite de 18 de Outubro uma cerimónia que se quer solene e onde o Espírito Democrático deve estar acima de todos os partidos.
Caminha, 19 de Outubro de 2013
O Presidente da Comissão Política do PSD de Caminha
Flamiano Martins