18.4 C
Caminha Municipality
Quinta-feira, 24 Abril, 2025
spot_img
InícioEntrevistaEntrevista: “Cerveira está mais viva, mais dinâmica, tem mais investimento e está...

Entrevista: “Cerveira está mais viva, mais dinâmica, tem mais investimento e está a crescer” – Rui Teixeira

"Se o partido considerar que o Rui Teixeira é o melhor candidato para as próximas eleições autárquicas eu estarei disponível para ser candidato em 2025."

Após dois anos e três meses a liderar o executivo de Vila Nova de Cerveira, o presidente da Câmara, Rui Teixeira, faz um balanço “muito positivo” do trabalho desenvolvido. Numa entrevista ao Jornal C, o edil cerveirense não tem dúvidas que com a sua liderança, Vila Nova de Cerveira foi capaz de inverter a “espiral negativa” em que se encontrava. Para o autarca, Vila Nova de Cerveira está hoje mais viva, mais dinâmica, tem mais investimento e está a crescer de forma sustentada. Satisfeito com as políticas implementadas pelo seu executivo, Rui Teixeira admite estar disponível para um novo mandato, “se for esse o entendimento do Partido Socialista”.

Teixeira 2

 

Jornal Caminhense (JC) – Presidente, estamos a meio do mandato, já é possível fazer um balanço destes dois anos e dois meses de trabalho à frente da Câmara de Cerveira?

Rui Teixeira (RT) – Sim, é. Ao fim de dois anos e depois de um período inicial em que foi necessário tomar conhecimento daquilo que eram os processos internos e da forma como funcionava quer o município quer tudo o que estava a decorrer até tomarmos posse como executivo, o passo seguinte foi fazer um diagnóstico e definir uma estratégia nas diferentes áreas em alinhamento com aquilo que tinha sido o nosso programa eleitoral. 

JC – E que áreas foram essas?

RT -Todas aquelas que são competência do município, desde logo a educação, a cultura, turismo, apoio à área empresarial, social e desporto. Feito esse diagnóstico elaboramos a nossa estratégia. Reformulámos algumas estruturas e organizações quer na Câmara Municipal quer na Fundação Bienal de Arte de Cerveira. Nesse sentido foram elaborados vários projetos.

JC – Feito esse diagnóstico inicial quais foram as prioridades definidas para Vila Nova de Cerveira?

RT – A nossa prioridade foi desde logo a cultura e o turismo. E porquê estes dois setores? Porque efetivamente em termos empresariais e industriais, Vila Nova de Cerveira não necessita de mais empresas porque não existe mão de obra disponível. As empresas que estão aqui instaladas têm dificuldade em recrutar recursos humanos para as suas empresas e portanto entendemos que nessa área o importante seria precisamente apoiar essas empresas a crescerem e a criarem valor e a terem melhores condições para a sua atividade.

JC – E o que foi então definido para apoiar as empresas?

RT – Um dos apoios definidos foi a criação de uma comunidade de energia renovável através da instalação de painéis fotovoltaicos numa área de 300 mil metros quadrados que está há um ano e meio a aguardar licença da Direção Geral de Energia para a sua instalação permitindo ir ao encontro não só das metas estabelecidas pelo Governo e pela Europa para a descarbonização do ambiente, mas ao mesmo tempo permitir às empresas a redução em 40 por cento do seu custo energético o que é muito importante para a saúde financeira das empresas

Entretanto e depois de dois anos de trabalho, a CCDRN deu-nos finalmente indicação que este ano irá sair um aviso para a requalificação dos polos industriais de Vila Nova de Cerveira. Até agora os avisos de financiamento têm sido sempre para a criação de novas áreas empresariais o que não satisfazia Vila Nova de Cerveira que já tem dois polos muito fortes. Só para se ter uma ideia somos a 18ª área empresarial da região norte em termos de exportação e volume de negócios. Nunca tivemos apoio para a sua requalificação e por isso fizemos esse trabalho em termos de projeto. Nunca tinha havido financiamento e parece que agora em 2024 ele vai existir e este é então o segundo ponto em que vamos apoiar as nossas empresas. 

Depois vamos também apoiar na área da inovação e investigação. Já estamos a trabalhar nesse sentido e neste momento estamos numa fase de brainstorming com algumas empresas para que isso aconteça.

O objetivo é criar valor para Vila Nova de Cerveira porque é muito fácil dizer que é necessário haver mais atividade no concelho, nomeadamente na vila, mas para que isso aconteça é preciso haver pessoas e serviços, nomeadamente o ensino superior que queremos que regresse a Vila Nova de Cerveira.

Teixeira 3

JC – E relativamente à cultura e ao turismo?

RT – São dois aspetos essenciais e por isso temos apostado em diversas atividades e na criação de roteiros para que as pessoas que nos visitam saibam o que existe para visitar. Nesse sentido em 2023 formamos um novo gabinete para a criação de novos roteiros e para valorizar o nosso património e apostámos nos caminhos de Santiago.

Mas para criar valor em Vila Nova de Cerveira é necessário termos pessoas e para que isso aconteça temos que ter hotelaria. Percebendo isso temos feito um trabalho de contactos com vista a atrair possíveis investidores nessa área e em princípio este ano irão iniciar a construção de dois novos hotéis e existe ainda um terceiro em projeto que também poderá avançar. 

Iremos também inaugurar o palco das artes e estamos a pugnar para que se reverta a concessão do castelo de Vila Nova de Cerveira para que o mesmo possa ser devolvido ao município para posteriormente o podermos dinamizar criando assim uma extensão do nosso próprio centro.

Associado a tudo isto também está a ser criada mais habitação privada no centro da vila e em 2024 no âmbito da estratégia local de habitação e do primeiro direito vamos reformular e requalificar os bairros sociais, criar mais habitação para a área social e arrendamento acessível para jovens.

Com tudo isto o que pretendemos é uma Cerveira mais viva, mais dinâmica, termos mais pessoas na nossa vila e uma economia mais ativa para podermos crescer em qualidade.

JC – Podemos concluir que o balanço destes dois anos é positivo. E para o futuro?

RT -Sim, é um balanço muito positivo. Estamos a projetar o futuro nestas componentes que acabei de referir. Vamos também continuar a apoiar as famílias na área da educação, alargando o fornecimento de manuais escolares, acesso à escola virtual, obras nos 3 centros escolares que já temos vindo a efetuar e alargamento das bolsas de estudo a universitários.

Na área da cultura queremos alargar e adaptar aquilo que são os eventos culturais à juventude indo ao encontro doque são as suas expetativas. 

No que toca à Bienal de Arte, queremos alargá-la às freguesias. Na XII edição isso já aconteceu, tivemos a Bienal presente em todas as freguesias e este ano queremos que se repita.

Bienal Cerveira

JC -Qual é o tema da edição deste ano?

RT – Este ano e porque se comemoram os 50 anos da revolução de abril, o tema escolhido foi “És Livre”. A ideia é que possamos fazer uma reflexão sobre a liberdade. Vamos levar novamente a Bienal e intervenções artísticas a todas as freguesias para que as pessoas sintam aquilo que é a marca de Vila Nova de Cerveira e da vila das artes. Julgo que não basta ser só vila das artes e ter uma bienal, é importante que os cerveirenses possam perceber e sentir o que é a Bienal.  

JC – E por falar em freguesias e descentralização, qual tem sido o apoio da Câmara?

RT -Dentro daquilo que são as nossas possibilidades temos apoiado sempre as nossas freguesias. Temos feito várias intervenções e sempre que possível tentamos satisfazer aquilo que são os seus anseios não só com o apoio dos serviços camarários, mas também através de apoios financeiros. 

Na minha opinião temos desenvolvido um trabalho muito positivo em várias frentes que tem sido reconhecido. Exemplo disso foi o convite que recebemos em 2023 para que a Bienal de Cerveira representasse Portugal na Bienal de Macau, algo que nos deixou muito orgulhosos e satisfeitos porque no fundo é o reconhecimento internacional de todo o nosso trabalho.

Voltando à questão do futuro, dizer que aquilo que nós queremos e que é o nosso dogma de início, é ter uma Cerveira Viva.

Castelo Cerveira

JC – O presidente referiu há pouco que uma das intenções do executivo é reverter a concessão do Castelo de Cerveira onde está prevista a construção de um hotel no âmbito do Revive. Assim sendo, qual será a ideia do executivo para aquele monumento?

RT – Estamos a falar de um património de Vila Nova de Cerveira que deveria ser dos cerveirenses mas que infelizmente está entregue ao Estado que o concessionou a um privado. Em 2016 o executivo anterior entendeu que não tinha interesse em tomar posse daquele património e portanto o Estado decidiu abrir um concurso entregando-o a um privado. Mas a verdade é que passaram 4 anos e não fizeram absolutamente nada naquele local que se está a degradar de dia para dia. 

Assim sendo é intenção do município tomar posse daquele espaço e alargar o próprio Castelo ao centro da vila. Queremos dinamizar o seu património, nomeadamente o Pelourinho, a Igreja da Misericórdia e a capela da diocese, monumentos lindíssimos que carecem e merecem ser preservados. 

No fundo o nosso objetivo é requalificar o Castelo, dar-lhe vida, através da realização de atividades e eventos, integrando-o no próprio centro da vila e fazendo com que todos sintam que aquele espaço não é um espaço fechado.

Gostaria ainda de lembrar que no âmbito do projeto ARCHETHICS (Architecture, Citizenship, History and Ethics to shape Dissonant Heritage in European cities), uma perita URBACT esteve aqui em Vila Nova de Cerveira onde reuniu comigo e com os membros que compõem o grupo Local URBACT, com o intuito de auscultar as opiniões e as expetativas em torno deste património edificado.

Para os próximos meses, o objetivo deste projeto passa por alargar esta auscultação à população de Cerveira, envolvendo os mais diversos setores, desafiando a comunidade a debater o futuro daquele património. Posteriormente os resultados serão apresentados a nível europeu.

JC – Relativamente à situação económica e financeira da autarquia, que balanço faz?

RT – Nesse aspeto posso dizer-lhe que temos das melhores execuções financeiras do distrito de Viana do Castelo, apesar de estarmos a apoiar as famílias na questão do IMI que está nos valores mínimos, 0,30%, do próprio IRS com a redução para 3% e a taxa de resíduos que não cobramos aos cidadãos sendo a própria Câmara a pagar essa fatura.

JC – Vamos agora falar um pouco sobre aquilo que foi o Natal e também o fim do ano em Vila Nova de Cerveira, eventos que toda a gente faz questão de referir pelas melhores razões.

RT – De facto isso é verdade. Desde que tomamos posse que tentamos dar mais dinâmica e mais vida aos eventos. Criámos o mercado da Páscoa, de Natal, a festa de Carnaval que tem vindo a crescer e é já um marco na juventude e também na passagem de ano. Demos uma nova roupagem à nossa feira medieval transformando-a numa festa Viking para ser um pouco diferente.

Relativamente ao Natal também lhe imprimimos um carater diferente com um conceito mais alargado de Mercado de Natal em ambiente de convívio familiar porque no fundo é essa a essência do Natal. Apostamos numa programação muito direcionada para as crianças e famílias através da pista de gelo, o comboio, a charrete, os passeios de barco numa lógica de viagem juntos. Tivemos vários stands onde era possível adquirir  presentes e provar algumas iguarias típicas desta quadra e introduzimos a figura do Grinch que animou não só os visitantes mas também o próprio comércio, foi um furor. Acho que conseguimos ser pioneiros nesta grande festa que foi o natal em família.

Depois também apostamos numa grande festa de passagem de ano com um ambiente acolhedor quer aqui no centro da vila com um concerto e fogo de artifício, quer depois no pavilhão multiusos com transporte gratuito e música para todas as idades com música até às seis da manhã. 

JC – Foi portanto uma aposta ganha.

RT – Sem dúvida, tivemos um feedback bastante positivo o que é sempre uma grande satisfação para nós porque nos indica que a nossa estratégia e o nosso trabalho agrada as pessoas, nomeadamente dos jovens não só de Cerveira mas também de outros locais que nos escolhem para passar o im do ano. Estamos a crescer e prova disso é que de 2021 para 2022, segundo o próprio Instituto Nacional de Estatística (INE), Cerveira cresceu de 8.950 habitantes para 91.275, ou seja cresceu mais de 250 habitante. Isto é muito importante potrque nos faz acreditar que futuramente, com toda a dinâmica quer empresarial quer de habitação e turismo, poderemos crescer ainda mais, com equilíbrio, sem estragar a nossa paz e o nosso ambiente que é de uma grande beleza artística e natural.

Rui Teixeira Cerveira

JC – Uma pergunta agora mais pessoal, como está a ser esta experiência e este desafio enquanto presidente da Câmara, um cargo que abraçou pela primeira vez ahápouco mais de dois anos?

RT – Pessoalmente devo dizer-lhe que gosto muito de desafios. Em 2013 fui desafiado para ajudar o Partido Socialista a ganhar o município de Caminha que há 12 anos estava sob a gestão do PSD. Ganhamos as eleições permitindo-me uma experiência de 4 anos como vereador. Foi um desafio que encaro como positivo nas áreas em que tive intervenção, nomeadamente no desporto, obras públicas e na área financeira.

Depois regressei a convite de todos os municípios do distrito de Viana do Castelo, ao cargo de representante da CIM na administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), uma função que já tinha exercido anteriormente durante 3 anos. Aceitei e estive durante 4 anos como administrador na ULSAM. Posteriormente, o Partido Socialista de Cerveira lançou-me o desafio para me candidatar à Câmara e estando eu com a minha residência aqui, tendo sido durante 4 anos presidente do Clube Desportivo de Cerveira, e estando integrado nesta comunidade, entendi aceitar mais este desafio. 

Devo confessar que inicialmente não houve a expetativa de uma vitória, mas com o decorrer do trabalho, com a receção das pessoas e percebendo que o anterior executivo nos últimos anos não tinha conseguido alavancar Cerveira, que o concelho estava numa espiral negativa, sem dinâmica, sem investimento e com a juventude e a própria população a não se reverem na Câmara, percebemos que podíamos ganhar. Penso que o grande trunfo para a vitória em 2021 foi conseguirmos que as pessoas se envolvessem com a nossa candidatura e com o nosso projeto. É por isso que eu acho que temos que devolver essa confiança que as pessoas depositaram em nós e é esse o grande desafio, chegarmos ao final do mandato e termos o reconhecimento quer dos cerveirenses, quer das pessoas que nos visitam porque é para isso que trabalhamos.

JC – Se daqui a dois anos o sentimento for o mesmo, pondera recandidatar-se ao cargo?

RT – Essa pergunta já me foi colocada e portanto a resposta já é pública. Aquilo que eu disse e digo é que estarei disponível se o Partido Socialista assim o entender. Se o partido considerar que o Rui Teixeira é o melhor candidato para as próximas eleições autárquicas eu estarei disponível para ser candidato em 2025.

- Publicidade -spot_img
- Publicidade -spot_img
- Publicidade -spot_img

Mais Populares