O pedido de instalação de um hipermercado da marca Continente dominou a reunião descentralizada da Câmara de Caminha, que se realizou ontem à noite na vila mais populosa do concelho. A Casa do Orfeão foi pequena para tanta gente.
Esta foi, provavelmente a reunião da Câmara de Caminha mais participada de sempre. Cerca de 250 pessoas fizeram questão de marcar presença, muitas delas nem couberam dentro do edifício. 13 inscreveram-se para expor as suas ideias e opiniões ao executivo camarário.
O vereador do PSD, Mário Patrício, disse não compreender a atitude do presidente da Câmara de Caminha neste caso por ter feito tudo em segredo e ter apresentado a instalação do hipermercado como uma decisão tomada. Segundo o autarca, esta história não está ainda clara e acusou o executivo socialista de atirar areia para os olhos da população ao dizer que o hipermercado vai criar 85 postos de trabalho.
O presidente da Câmara, Miguel Alves, visado pelas acusações do vereador da oposição, trouxe a público um dado novo: que o anterior executivo do PSD, com Mário Patrício no pelouro, terá dado luz verde a um estudo prévio para a instalação de um hipermercado com 5 mil metros quadrados em frente ao Intermarché, na freguesia de Âncora. O autarca sublinhou que o discurso utilizado pelo PSD roçava o discurso de um comunicado anónimo distribuído na noite anterior que acusava o presidente da Câmara de corrupção e de um comportamento moralmente condenável.
Em declarações à Rádio Caminha, Mário Patrício refutou as acusações do presidente de Câmara.
Em defesa do vereador social democrata Mário Patrício, saiu o líder do PSD. Flamiano Martins quer que o presidente da Câmara prove o que disse. O autarca condenou também o comunicado posto a circular sobre a actuação do presidente da Câmara.
O vereador do PSD e líder da oposição ainda tem esperança que o presidente da Câmara recue na decisão e inviabilize a instalação de um hipermercado da marca Continente, com 3 mil metros quadrados de área comercial, em Vila Praia de Âncora.
A instalação de um hipermercado na principal artéria comercial de Vila Praia de Âncora está a preocupar a população local, sobretudo aqueles que temem pela sobrevivência dos seus postos de trabalho. Foi a nota que fez questão de deixar Carlos Castro, o presidente da Junta de Vila Praia de Âncora, a entidade anfitriã desta reunião camarária.
A reunião de Câmara descentralizada contou com a presença do presidente da Assembleia Geral da União Empresarial do Vale do Minho, que manifestou apoio aos empresários locais. Rui Fonseca, habitante de Vila Praia de Âncora, mas também proprietário de um hipermercado da marca Intermarché localizado em Valença, disse que o tecido empresarial local não tem capacidade para absorver mais uma grande superfície comercial.
Este empresário sublinhou a fragilidade do tecido empresarial do concelho de Caminha, que, disse, vai acentuar-se.
O Movimento de Comerciantes e Empresários de Caminha é a entidade mais activa na contestação à instalação do hipermercado Continente em Vila Praia de Âncora. Representados na reunião por Luisa Vilasboas, os empresários apresentaram um estudo com assinatura da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa e da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal que aponta para a perda de mais de 300 postos de trabalho com a instalação do Continente no concelho.
Foto de António Garrido