O jornal Público escreve hoje que a Câmara de Caminha manipulou o site da autarquia fazendo desaparecer parte de um documento que prova ter sido o gabinete do ex-presidente da Câmara Miguel Alves “a difundir um currículo fantasioso de Ricardo Moutinho, empresário com o qual o agora ex-secretário de Estado havia negociado o projeto do Centro de Exposições Transfronteiriço (CET)”.
Questionado pelo Jornal Público sobre esta “manipulação”, o atual presidente da Câmara Rui Lages, terá revelado indignação afirmando que não tinha sido feita qualquer alteração no texto em causa e mostrando-se disponível para “a quem de direito” efetuar uma auditoria ao site do município.
No entanto, afirma o artigo do público quando confrontado com “as provas irrefutáveis de que o documento se encontrava no site desde 2020 foi adulterado, Rui Lages recuou e reconheceu que tinham sido feitas alterações”, remetendo responsabilidades para o seu antecessor Miguel Alves.
Em causa está o currículo “falso” de Ricardo Moutinho publicado no Jornal Terra e Mar e que segundo o Público “pretendia dar localmente, e deu, uma imagem credível de Ricardo Moutinho, como académico, gestor e homem de negócios”.
Após investigação do Público, percebeu-se que o texto publicado pelo Terra e Mar “tinha origem na própria Câmara de Caminha e correspondia, na íntegra, a um comunicado difundido pelos serviços em 26 de setembro de 2020”.
Na posse da informação de que o documento do Terra e Mar com o mesmo conteúdo tinha vindo do Gabinete de Miguel Alves, o Público pediu ao gabinete do atual presidente Rui Lages “todas as notícias divulgadas pelo município acerca do CET. Surpreendentemente, a notícia de 26 de setembro de 2020 disponibilizada pelo autarca e que se encontra atualmente no site do município não coincide com a que lá estava antes – que o Público tinha imprimido e que o Terra e Mar havia publicado há dois anos”.
A diferença, escreve o Público, “reside no facto de o currículo que incensava o percurso profissional de Ricardo Moutinho ter sido apagado do texto original, tal como o dos seus colaboradores. Tudo indicava que o site da Câmara tinha sido manipulado de forma a retirar a Miguel Alves o ónus de ter sido o responsável pela divulgação do currículo que fazia de Ricardo Moutinho um parceiro credível”.
Depois de ter repudiado as afirmações do Público sobre a manipulação do site, Rui Lages acabaria por reconhecer alterações ao texto, sublinhando no entanto que as mesmas não tinham sido feitas no decorrer do seu mandato como presidente da Câmara Municipal.
Já Ricardo Moutinho, questionado sobre as informações falsas do seu currículo distribuído pelo Gabinete de Miguel Alves, respondeu “desconhecer a origem das mesmas e reconheceu que continuam grosseiras imprecisões”.