A Coligação O Concelho em Primeiro (OCP) denunciou na última reunião de Câmara que se realizou ontem, uma situação que considera “gravíssima” e que diz respeito ao Castro de Santo Amaro em Riba de Âncora, que se encontra destruído depois de obras realizadas pela junta de freguesia naquele local, nomeadamente um estradão que dá acesso à capela existente no cimo do monte com o mesmo nome e a instalação de um pomar comunitário. A OCP lamenta que tenha sido dada autorização pela Câmara de Caminha para a realização de obras no local, sem o devido acompanhamento técnico. Numa nota elaborada por uma equipa de arqueólogos externos a que a OCP teve acesso, a mesma “alerta para mais uma delapidação do património arqueológico em pleno século XXI”.
A vereadora Liliana Silva, da coligação OCP, começou por explicar a importância daquele vestígio arqueológico lembrando que a própria bandeira da freguesia faz referência a ele, assim como uma publicação editada pela Câmara de Caminha. Assim sendo, diz a eleita, ninguém pode alegar o desconhecimento da existência daquele castro.
A vereadora exibiu uma série de fotografias que provam a destruição de uma muralha da idade do ferro, que como referiu, “foi literalmente cortada ao meio”, bem como vestígios encontrados naquele castro. Apoiada numa nota técnica elaborada por arqueólogos que prova a destruição daqueles vestígios, Liliana Silva não compreende porque não se pararam os trabalhos que ali estavam a decorrer por forma a mitigar os problemas que surgiram.
Na referida nota técnica são elencados os procedimentos errados que causaram a destruição daquele património arqueológico, nomeadamente a criação de um pomar comunitário e a abertura em 2021 de um caminho até ao cimo do monte. No relatório é referida inclusive a existência de figuras rupestres no local.
Uma vez que aquele castro está registado no portal do arqueólogo e no PDM de Caminha, os arqueólogos não percebem como se puderam fazer obras desta envergadura no local. “Fica o alerta para mais uma delapidação do património arqueológico em pleno século XXI”, rematam.
Sendo o presidente da Câmara o responsável pela área do urbanismo, a vereadora da OCP lamenta que tenha sido dada autorização para a realização das referidas obras, sem o devido acompanhamento técnico.
Por fim, Liliana Silva alertou para que possíveis obras que venham a realizar-se no local, como está previsto, tenham em conta a existência do povoado que está por baixo e não se destrua ainda mais o património. Para a vereadora, era a mesma coisa que passar um cilindro por cima do Dólmen da Barrosa em Vila Praia de Âncora, “o que não faz sentido nenhum”, disse.
Em relação a esta denúncia feita pela vereadora, o presidente da Câmara não deu qualquer explicação.
Recorde-se que o Pomar Comunitário de Riba de Âncora foi um projeto da Junta de Freguesia de Riba de Âncora com o apoio do Município de Caminha, dos Baldios de Riba de Âncora e do Rotary Club de Caminha, inaugurado a 17 de Fevereiro de 2024.