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Caminha: Jorge Fão “bate com a porta” em rota de colisão com Miguel Alves

O socialista Jorge Fão anunciou que decidiu suspender a actividade partidária por não concordar com a actual “orientação” da Comissão Política Concelhia do PS de Caminha, estrutura liderada pelo presidente da Câmara Municipal, Miguel Alves.

Em comunicado, que disponibilizamos na íntegra, o antigo deputado da Assembleia da República confessa a sua desilusão pela “falta de carácter de alguns camaradas”, confessando sentir-se “um estranho na sua própria casa política”.

Depois de “observar e interpretar os comportamentos, atitudes e práticas que tem caraterizado o funcionamento do partido a nível local e distrital”, Jorge Fão entendeu “suspender, pelo tempo que considere necessário, a atividade partidária, naturalmente que não, qualidade de militante” de base do PS.

À Rádio Caminha, o socialista confirmou o seu afastamento e revelou que a decisão está relacionada com a “falta de sintonia” com a actual liderança da Concelhia liderada por Miguel Alves

Questionado se o facto de ter sido colocado num lugar não elegível (quarto lugar) na lista de candidatos do partido pelo círculo eleitoral do distrito de Viana nas eleições legislativas de 2015 poderia também estar na origem desta decisão, o antigo deputado disse apenas que não acrescenta mais nada em relação ao que afirmou no comunicado.

Jorge Fão diz que mantém uma relação cordial com o presidente da Câmara de Caminha, sem qualquer tipo de problema do foro pessoal. O que os separa “é a linha geral da orientação da concelhia nos últimos tempos”

Nestas declarações à Rádio Caminha, Fão rejeitou ainda a ideia de que esta tomada de decisão pode prejudicar o PS de Caminha nas eleições autárquicas, que se realizam este ano

O socialista Jorge Fão em declarações à Rádio Caminha.

 

 

Eis o comunicado na íntegra:

“Assunto: Suspensão da atividade partidária – Comunicação

 

Nos últimos tempos, sobretudo neste último ano em que, depois da minha passagem pela Assembleia da República, voltei a estar por cá em permanência, tenho tido tempo e oportunidade de observar e procurar interpretar os comportamentos, atitudes e práticas que tem caraterizado o funcionamento do nosso Partido a nível local e distrital.

Este tempo tem-me permitido confirmar falta de caráter nas atitudes de alguns camaradas e tenho adensado as minhas dúvidas sobre se os mesmos conhecem e se preocupam em praticar os princípios e valores que tem marcado a história da ação de muitos socialistas no concelho, no distrito e no País.

Tenho noção que na vida política, são precisas estratégias, táticas, “ espertezas” disputas, discordâncias e até, infelizmente, o recurso a “golpes” para atingir determinados objetivos, contudo eu prefiro e só com ela me identifico, a política com princípios onde é indispensável privilegiar a consideração pessoal, a amizade, a solidariedade, a partilha e a camaradagem.

Nos meus já perto de 40 anos de militância neste partido aprendi esses princípios e procurei sempre respeitar e praticar esses valores quando passei na JS, no Secretariado da Secção, na Comissão Política Concelhia, na Federação, bem como ao longo do meu percurso de intervenção política que começou em 1979 na Assembleia de Freguesia da minha terra e continuou na Assembleia Municipal, Câmara Municipal, Comunidade Intermunicipal e na Assembleia da República.

Entendo que só agindo dessa forma poderemos contribuir para fazer do PS o grande espaço político da Fraternidade, da Solidariedade, da Igualdade e da Democracia que tem constituído o Partido Socialista ao longo da sua história. Infelizmente não é esse o ambiente que tenho sentido por aqui na estrutura concelhia do nosso Partido, nem tão pouco vão nesse sentido os sinais que pessoalmente tenho recebido de alguns Camaradas de quem eu, ilusoriamente, julgava merecer alguma consideração e amizade.

Sinto preocupação por esta orientação do PS concelhio, desconforto emocional com estas atitudes e confesso que lido mal com práticas sectárias e fundamentalistas e comportamentos que considero sobranceiros.

Confesso que nos últimos tempos me tenho sentido como um estranho na minha própria casa política. Procurei dar algum tempo ao tempo, mas como este “quadro” se mantém, dizem-me a minha consciência, os sentimentos e a coerência que devo suspender, pelo tempo que considere necessário, a minha atividade partidária, naturalmente que não, a minha qualidade de militante de base do nosso PS.

Caro Camarada Presidente da Comissão Política foi esta a decisão que, com desconforto, tomei e que agora te comunico, solicitando que a transmitas, na íntegra, a todos os órgãos concelhios do Partido.

Não restem contudo dúvidas de que eu não confundo a árvore com o todo da floresta e por isso desejo com toda a sinceridade o sucesso do meu Partido, do Secretário-Geral e de todos os combates que o PS tem para fazer a nível nacional e local.

Eu continuarei por aí a tentar cumprir os deveres e exercer os direitos da minha cidadania sempre a pensar na dignificação do Partido Socialista.

Considero-me e penso que na prática sou um homem solidário, o problema é que, como diz o nosso Ilustre Camarada Jorge Sampaio, OS HOMENS SOLIDÁRIOS TÊM MEMÓRIA”

 

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