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Caminha e os outros concelhos do alto minho, uma comparação demográfica e económica

O maior inimigo da verdade é frequentemente, não a mentira – deliberada, planeada, desonesta – mas sim o mito – persistente, entranhado e irreal.
John F. Kennedy

Melgaço onde começa Portugal, Monção deixa marca (Alvarinho), Valença a Fortaleza Viva, Cerveira Vila das Artes, Paredes de Coura terra do Festival, Caminha mosaico de paisagens. Estes são slogans, expressos ou percebidos dos concelhos do minho litoral. Importa, porém, interpretar que realidade se esconde por detrás destas frases feitas.

quadro 1

No que a população respeita, Caminha está no meio da tabela distrital, em termos absolutos e em termos de perda de residentes, está no grupo dos melhores. Apenas Cerveira, não perdendo população entre 2001 e 2020 se destaca pela positiva desta panorâmica que é geral no país. E isso merece ser melhor analisado, porque se os erros dos outros servem para evitar os nossos, os seus acertos devem ser seguidos e bem interpretados.

Quando analisamos a população por grupos etários encontramos já diferenças significativas em termos de evolução. Na Infância, Caminha é dos concelhos que menos população perde, bem abaixo da média do distrito, já nas idades ativas para o trabalho, com a perda de 12%, situa-se acima da média do distrito e bem acima de concelhos como Ponte do Lima, Valença, Viana ou Cerveira. Finalmente, no grupo etário dos Reformados e Pensionistas cresce acima da média do distrito.

quadro 2

Devemos por isso, olhar para os fatores de atratividade populacional, começando pelos económicos. E com esta abordagem, começamos a perceber melhor porque uns concelhos perdem mais população que outros. Caminha, junto com Ponte da Barca, são os concelhos cujo PIB não cresce de 2009 para 2020.

E isso faz com que Caminha seja, de longe, o pior concelho do Minho litoral em Produção de Riqueza per capita, com valores 5 vezes menores que Cerveira ou quase 3 vezes menores que Valença. Muitos dirão é óbvio, não tem indústria, mas, fez algo para ter?

Paredes de Coura, em 2009 tinha 70 milhões de euros de Produção, enquanto Caminha tinha 176 milhões. Em 10 anos, Paredes de Coura mais do que duplicou o seu produto e está quase a ultrapassar Caminha. Porque atraiu e criou indústria, crescendo a produção industrial de 12 milhões para 96 milhões, 8 vezes mais.

Também Melgaço, muito mais periférico do que Caminha ou Paredes de Coura, mais do que duplicou o seu Produto Interno Bruto, aproximando-se rapidamente de Caminha, tendo-a já ultrapassado em termos per-capita. E fê-lo uma pequena parte na indústria, mas sobretudo na agricultura e nos serviços.

Portanto, paradigmas e estratégias diferentes para condições diferentes, podem ter resultados positivos. Apenas a falta de estratégia e visão produz resultados nulos. Nem bons nem médios, nenhuns.

quadro 3

Com a perspetiva limitada a atrair turistas ou residentes ocasionais de temporada que só consomem 2 meses por ano e apenas pagam IMI, e sem a visão, a estratégia e a capacidade criativa e operacional para atrair empresas e pessoas que produzem riqueza, consomem e pagam impostos, temos Despesas e não investimentos.

Caminha foi um dos 3 concelhos em 10, cuja Despesa Municipal cresceu de 2009 para 2019, sendo, mais uma vez junto com Ponte da Barca, o Municipio no qual as despesas Camarárias mais pesam na riqueza criada no concelho: 10%.

Para termos noção exata do que representa, é 5 vezes mais do que Viana ou Cerveira, 3 vezes mais do que Ponte do Lima e 2,5 vezes mais do que a média do distrito e Valença. E isto, limitando as despesas correntes a crescer menos do que a maioria dos concelhos, o que se reflete nos serviços prestados.

Assim, o Municipio de Caminha gasta uma fatia muito maior que outros, da riqueza criada no Concelho, e não consta que preste melhores serviços.

quadro 4

Se não se cria riqueza e atrai população residente permanente no Concelho, que permita o aumento das transferências que resultam do IRC, IRS, Imposto de Selo e outros, os resultados não poderão ser melhores do que no passado.

quadro 5

Entre 2014 e 2019, enquanto a maioria dos concelhos reduzia a sua dívida 10, 20, 30%, Caminha viu o seu município aumentar a divida em 28%, para níveis 3 vezes superiores a municípios com populações semelhantes, sendo no fim de 2019, a divida por habitante equivalente a 1.389,74 €.

Ouvimos falar em milagres com o Covid mas como as prestações de contas de 2020 ainda não estão disponíveis no site da câmara, à data de hoje, não os podemos verificar.

Leiria, 16 de Maio de 2022

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