Os inúmeros problemas relacionados com o concurso de transportes para o Alto Minho, que já vai no terceiro depois dos anteriores terem sido anulados devido a problemas, foi o mote para uma intervenção do deputado do Bloco de Esquerda, Abílio Cerqueira, na última Assembleia Municipal, sobre a necessidade de se melhorar o serviço ferroviário no concelho de Caminha, como forma de proporcionar aos caminhenses um melhor acesso aos transportes públicos. Aquele deputado apresentou mesmo uma proposta nesse sentido, proposta que foi aprovada por unanimidade.
No documento, o BE afirma ter auscultado diversos caminhenses que usam diariamente o comboio, o que permitiu registar muitas sugestões para que o serviço público ferroviário possa ser prestado para servir melhor os caminhenses de acordo com as suas necessidades e interesses. A melhoria das infrasestruturas, mais comboios a circular nas horas de maior afluência, mais informação e adequação de horários em função das necessidades dos utentes, foram algumas das propostas assinaladas na moção do BE.
Assim, a AM, reunida no passado dia 27 de setembro, deliberou comunicar à empresa “CP, Comboios de Portugal, EPE” e à empresa “IP, Infraestruturas de Portugal, SA”, a necessidade de proceder à melhoria das infraestruturas e da oferta circulante na rede ferroviária da Linha do Minho designadamente, à sua passagem pelo concelho de Caminha.
“Na estação de Caminha encontram-se colocados dois painéis digitais com a indicação atualizada ao minuto da circulação dos comboios, entre outras informações úteis, como atrasos ou mesmo supressões, informação essa que é ainda complementada por informação sonora difundida por vários altifalantes. Já nas demais 5 plataformas de embarque do concelho, pelo contrário, não existe nenhuma informação. Essa falta, resulta em grave prejuízos para os passageiros que chegam a permanecer nesses locais à espera de comboios, desconhecendo se não vêm por estarem com atraso 5, 30 ou 60 minutos, ou se foram suprimidos, sem poderem decidir se continuam à espera ou se tentam qualquer outro meio alternativo. É, pois, fundamental que sejam instalados monitores com informação do estado da circulação a cada momento, tal e qual existe na estação de Caminha, nos seguintes apeadeiros das freguesias deste concelho: No apeadeiro do Esqueiro, na freguesia de Lanhelas; o apeadeiro de Seixas, da freguesia de Seixas; o apeadeiro de Senhora da Agonia, da freguesia de Caminha-Vilarelho; no apeadeiro de Moledo do Minho, da freguesia de Moledo-Cristelo e no apeadeiro de Âncora-Praia na freguesia de Vila Praia de Âncora”.
Por outro lado dizem os utilizadores que, “a utilização dos comboios no percurso entre Valença e Viana do Castelo, especialmente entre Caminha e Viana do Castelo, é intensiva, especialmente nos comboios que levam para os empregos e para as escolas, logo às primeiras horas da manhã, os trabalhadores e os estudantes, e à tarde os trazem de regresso. Os comboios circulam lotados e os utentes, os munícipes do Concelho de Caminha, entre o percurso de Caminha e Viana do Castelo não dispõem de lugares sentados, vendo-se obrigados a fazer todas as viagens em pé, embora paguem os respetivos títulos de transporte para os lugares sentados. Para a resolução deste problema existem duas soluções apontadas pelos utentes: Os comboios nos períodos mais críticos circulam com uma carruagem de cerca de 60 lugares, destinados à 1ª classe, e esta carruagem circula vazia, rigorosamente com todos os lugares desocupados, enquanto que ali ao lado as carruagens da 2ª classe estão sobrelotadas. Os 60 lugares da carruagem de 1ª classe, caso fosse uma carruagem normal de 2ª classe teria cerca de 80 lugares, uma vez que os lugares da 1ª classe ocupam mais espaço.
Mostra-se, pois, desnecessário que se arrastem carruagens vazias ao lado de outras sobrelotadas, pelo que a substituição destas carruagens, suprimindo as destinadas à 1ª classe, é um imperativo e tem caráter muito urgente”.
Outra forma de reduzir a sobrelotação será, refere ainda a moção apresentada pelo Bloco de Esquerda, “a cada vez maior constatação da necessidade de introduzir mais comboios nos horários mais solicitados, isto é, de manhã levando os trabalhadores e estudantes e à tarde trazendo-os de regresso. Verificamos que os horários mais utilizados são os da manhã em direção a Viana do Castelo e à tarde em sentido contrário. Os comboios mais sobrelotados que exigem um desdobramento em horário próximo são pelo menos dois: o que parte de Caminha às 07H44 em direção a Viana do Castelo, ali chegando pelas 08H02, carece de um outro que permita a chegada um pouco antes das 09H00, horário que interessa especialmente aos trabalhadores. Note-se que depois daquele que chega a Viana do Castelo às 08H02 o seguinte só chega às 10H06, não servindo este último, portanto, os trabalhadores que, normalmente, iniciam funções às 09H00 e, por isso, a sobrelotação daquele que acaba por ser o único comboio que serve todos e que chega a Viana do Castelo cerca de uma hora antes do necessário. É óbvio que há necessidade de nesse período da manhã se manter o atual horário, mas também se acrescente um outro em horário posterior. De igual forma, à tarde, verificamos como o comboio que parte de Viana do Castelo em direção a Caminha às 17H23, circula sobrelotado, carecendo este também de um outro que parta logo depois, por exemplo, pelas 17H45, de forma a dividir a sobrelotação do primeiro”.
A melhoria da comodidade dos utentes fora dos comboios, foi outra das necessidade constatadas e que passam, segundo o BE “pela simples melhoria dos acessos às plataformas – sendo o pior exemplo de acesso o existente no lado sul da estação de Caminha: um pequeno caminho enlameado onde os utentes caem nos dias de chuva –, passando ainda pelo reforço dos abrigos, designadamente, abrindo os espaços encerrados que antes se destinavam a salas de espera dos passageiros, como sucede em Vila Praia de Âncora (Âncora-Praia) ou em Caminha, com edificado encerrado, a par da colocação de painéis substitutos de portas para que sirvam de corta-vento e também de corta-chuva, desta forma melhorando a comodidade dos utentes, passando a poder aguardar pelos comboios sem frio e sem se molharem, como hoje acontece.
Estes três aspetos fulcrais mencionados: o da disponibilização da informação atualizada sobre o estado da circulação em todos os locais de embarque; as duas soluções apontadas para a acabar com a sobrelotação, seja trocando a carruagem vazia da 1ª classe por outra com lugares normais, seja também pela duplicação de horários nos períodos de maior afluência; bem como a melhoria das condições de acesso e espera dos utentes, são aspetos essenciais para quem utiliza diariamente o serviço de transporte público ferroviário.
Tem vindo a ser incrementado o número de utilizadores dos comboios e mais incrementado será esse número se o anunciado passe de 20 euros se concretizar, o que irá provocar um verdadeiro caos na sobrelotação levando a que muitos acabem abandonando este transporte coletivo, simplesmente por não caberem nele, por simples falta de espaço, o que resulta inaceitável”.
Face ao exposto, os representantes municipais do Concelho de Caminha eleitos na Assembleia Municipal de Caminha, pretendem que a “CP, Comboios de Portugal, EPE” e a “IP, Infraestruturas de Portugal, SA”, introduzam as alterações corretivas mencionadas, “com a máxima urgência, por serem necessárias, urgentes e justas para com todos os utentes, assim prestando um bom serviço público”.