Estamos chegados ao período major do gozo de férias. Momento ansiado por quem gosta de praia, sol, dias mais quentes e longos e essencialmente, onde os amigos se encontram, quer nesta pausa de trabalho, quer na pausa das actividades lectivas e ano escolar, para os mais jovens.
Se uma parte das pessoas prefere fazer férias em períodos que não de Verão e desfrutar dos desportos de Inverno e de viagens para locais mais frescos, a grande maioria de pessoas prefere zonas balneares, o Verão, praia e desportos a ele associados. E isso faz a economia local, movimentar-se. As pequenas localidades junto ao mar ou rios agitarem-se. As noites de convívio e de festas multiplicam-se, muitas vezes com exageros de álcool à mistura. A hotelaria e a restauração têm o seu “S. Miguel”, por estas datas.
Poderíamos escrever e preencher inúmeras folhas sobre locais aprazíveis e históricos a visitar, memórias marcadas nos tempos, etc., mas não é esse o propósito do que queremos partilhar e reflectir.
O direito às férias está assegurado e consagrado na Lei maior de Portugal, através da Constituição da República e que o Código do Trabalho regulamenta. Portanto, é um direito do trabalhador.
O gozo de férias deve ser encarado numa perspectiva salutogênica e de grande importância para o equilíbrio do biorritmo do corpo humano. Um benefício para a saúde física e mental do trabalhador/Pessoa. Para além deste bem-estar, as férias trazem melhorias e predisposições, com impacto na produtividade, nas relações laborais, no humor e estado/equilíbrio emocional e psicológico. Resumindo-se estes benefícios a nível psicológico, físico, organizacional, social e legal, possibilitando a manutenção e restauro das capacidades da Pessoa.
A nível da Saúde, o gozo de férias, traduz-se em múltiplos ganhos. No estado psicológico verifica-se uma redução de stresse, da ansiedade e repõe-se o equilíbrio emocional. Há inúmeros estudos que confirmam estes benefícios. A Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 declarou que o “ambiente de trabalho excessivamente exigente é uma das principais causas de transtornos mentais relacionados com o trabalho”. Daí a necessidade de férias.
O descanso físico adequado traduz-se numa redução de risco de doenças do foro cardiovascular, melhora a qualidade do sono e favorece o sistema imunitário. Quem se priva do período de gozo de férias pode potenciar o aparecimento de hipertensão, desequilíbrios músculo-esqueléticos e o sempre presente, stresse ocupacional.
Estudos da Sociologia e Psicologia das Organizações demonstram que os colaboradores destas, que usufruem do período de férias, apresentam, no regresso ao trabalho, melhor desempenho e produtividade, e prevenindo-se o burnout.
O tempo livre possibilita a proximidade com a natureza, com actividades que estiveram adiadas e com experiências memoráveis, muitas vezes, irrepetíveis e face a esta “liberdade de tempo” o despoletar de criatividade e formas artísticas de ocupação e realização, em períodos de férias, acontece!
Na dimensão familiar e social registam-se também ganhos evidentes, porque no período de férias há disponibilidade e aumento de tempo pra conviver e realizar passeios e viagens com Familiares, convívio com os Amigos, criando-se uma vinculação afectiva maior, usufruindo-se do ambiente de bem-estar social, criando-se momentos especiais de memória interpessoais, restaurando-se energias e boa disposição.
Não abdique do gozo de férias. E férias caras, não são sinónimo, obrigatoriamente, de boas férias. Podem parecer chiques, mas também podem acontecer muitos aborrecimentos e incómodos, com exemplos que todos os anos são notícia. Qualquer que seja a forma, aproveite, goze e desfrute, porque as férias são uma grande parte do tempo disponível na nossa vida.
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.07.15



