Os autarcas de Âncora, Riba de Âncora, Gondar/Orbacém e Vile do concelho de Caminha demarcam-se do comunicado da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora tornado público ontem, no qual a autarquia liderada por Carlos Castro responsabiliza o Ministro da Educação e a Câmara de Caminha pelo encerramento da Ancorensis cooperativa de ensino, considerando o fecho da instituição mais “um duro golpe” para a vila e para todo o Vale do Âncora.
Hoje, através de um comunicado enviado ao Jornal Caminhense, os autarcas subscritores afirmam não “reconhecer competência à junta de Vila Praia de Âncora para se pronunciar em nome das suas freguesias, à mais completa revelia destas”.
Consideram ainda tal ação “pretensiosa, abusiva e reveladora de falta de ética institucional, que deve nortear e imperar entre instituições que trabalham para as mesmas causas públicas”.
Na mesma nota, os autarcas consideram ainda” inaceitável que a Ancorensis possa no dia 27 de Julho passado, em reunião de Pais, ter assegurado a continuidade do ensino a 247 alunos e no dia 30 de Agosto anuncie o encerramento desta prestigiada escola”.
Eis o comunicado:
“Os Autarcas de Âncora, Riba de Âncora, Gondar/Orbacém e Vile do concelho de Caminha abaixo-assinados vêm demarcar-se do comunicado da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora tornado público na manhã de ontem.
1- Os autarcas subscritores deste, têm o maior respeito pela Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, mas não lhe reconhecem, competência para se pronunciar em nome das suas freguesias, à mais completa revelia destas.
2- Consideram tal ação pretensiosa, abusiva e reveladora de falta de ética institucional, que deve nortear e imperar entre instituições que trabalham para as mesmas causas públicas.
3- Consideram que os responsáveis pela difusão do comunicado, em nome da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, sem que houvesse uma convergência de posições entre os demais representantes do Vale do Âncora, foram autoritários, não contribuíram para as práticas da democracia e dos mais elementares interesses das populações e sobretudo dos alunos da Ancorensis.
4- Consideram que face à gravidade da situação, gerada pelo encerramento precoce da Ancorensis, torna-se imperioso manter a serenidade e trabalhar coletivamente no sentido de colmatar as dificuldades que daí advém.
5- Por acréscimo, consideram inaceitável que a Ancorensis possa no dia 27 de Julho passado, em reunião de Pais, ter assegurado a continuidade do ensino a 247 alunos e no dia 30 de Agosto anuncie o encerramento desta prestigiada escola.
O encerramento da Ancorensis – Cooperativa de Ensino é uma má notícia para Vila Praia de Âncora, para o Vale do Âncora e para o concelho de Caminha. O trabalho prestado ao longo de anos substituindo ou complementando o ensino público, constituiu fator de coesão e de qualificação de muitas gerações que, sem esta oferta, não teriam tido a possibilidade de completar os seus estudos em Vila Praia de Âncora. Ao longo dos últimos anos a situação alterou-se e a quebra demográfica acentuada, aliada à qualidade da oferta pública de ensino, levou a que a perda de alunos tivesse uma consequência nefasta junto da Ancorensis que só entre 2010 e 2013 perdeu mais de 300 alunos e despediu cerca de 100 pessoas. Agora, entendeu a Ancorensis não ter mais condições para continuar a lecionar e fê-lo num tempo que cria uma grande instabilidade nas famílias, a pouco mais de 1 semana do início das aulas.
Ao contrário do que o comunicado da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora menciona, sem que para tanto tivessem as Juntas de Freguesia abaixo-assinadas sido ouvidas, os executivos das Juntas do Vale do Âncora tomaram posição inequívoca e convicta sobre esta matéria, quer em Assembleia Municipal, por mais do que uma vez, quer, em alguns casos, nas respetivas Assembleias de Freguesia;
Ao contrário do que o comunicado da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora refere, as Juntas de Freguesia abaixo-assinadas foram chamadas a conhecer as obras e as instalações da nova Escola Básica e Secundária do Vale do Âncora de modo a conhecer as condições em que os alunos do concelho poderiam ser recebidos já este ano letivo.
A Junta de Vila Praia de Âncora também foi convidada a participar e não se fez representar; Ao contrário do que o comunicado da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora parece querer transparecer, as Juntas de Freguesia abaixo-assinadas não aceitam que ninguém fale por elas e não foram consultadas sobre a decisão e o teor do que foi transmitido, aparentemente, em seu nome.
As Freguesias de Âncora, Gondar/Orbacém, Riba de Âncora e Vile têm órgãos próprios que falam por si e não aceitam que outra Freguesia assuma a representação da sua população sem a necessária autorização para tanto.
Este não é o momento de utilizar a decisão da Ancorensis e os seus impactos como arma de arremesso político. Este é o tempo de resolver um problema às famílias dos alunos que se matricularam na Ancorensis para o ano de 2016/2017 e que a poucos dias do início das aulas ficaram sem escola.
Este é o momento de apelar ao Ministério da Educação, à Câmara Municipal de Caminha e ao Agrupamento de Escolas Sidónio Pais para serenarem as famílias e encontrar soluções para os alunos que ficaram sem escola, encontrando vaga nos estabelecimentos de ensino do concelho e, de preferência, de Vila Praia de Âncora. Este é o momento de cuidar dos 67 desempregados que enfrentam um futuro difícil e que, a juntar à centena de pessoas que foram despedidas no passado, criam um problema social de enorme alcance no nosso concelho.
Os subscritores
Junta de freguesia de Riba de Âncora
Junta de freguesia de Vile
Junta de Freguesia de Gondar/Orbacém
Junta de Freguesia de Âncora”
