A associação Zero alertou hoje ser “impossível recolher todo” o plástico que caiu ao mar e deu à costa em Espanha, em toneladas de minúsculas bolas que “rapidamente se espalham no ambiente”, chegando depois à cadeia alimentar humana.
“Mesmo com a recolha em curso, é impossível recolher tudo. É um material muito leve, muito pequeno e com grande mobilidade. Há milhares de toneladas destes ‘pellets’ que são perdidos no meio ambiente por ano. Este é um caso agudo, mais um evento poluente que demonstra os riscos da produção de plástico”, explicou à Lusa Susana Fonseca, vice-presidente da associação ambientalista.
A responsável notou que “estes plásticos de pequena dimensão entram muito facilmente na cadeia alimentar marinha e conseguem absorver outros poluentes, podendo chegar ao topo da cadeia alimentar, ou seja, aos humanos”.
“Pode não ser no imediato, no curto prazo. Claro que não estamos a falar dos perigos diretos de um derrame de combustível, por exemplo, mas haverá impacto a longo prazo. Não é fácil conseguir uma limpeza total deste material”, descreveu Susana Fonseca, alertando estarem em causa 26 toneladas do material que caíram ao mar em águas portuguesas e apareceram em praias do norte espanhol.
A vice-presidente da Zero defendeu, por isso, que seria “importante responsabilizar as entidades que fazem o transporte” deste material.
O hidrobiólogo Bordalo e Sá disse hoje à Lusa que o granulado, usado como matéria-prima para produtos de plástico (designado por ‘pellets’ ou ‘nurdles’, em inglês), facilmente se transforma em nanoplástico, chegando à cadeia alimentar de peixes e bivalves e, consequentemente, à dos seres humanos, desconhecendo-se ainda todos seus os impactos.
O Governo está atento às toneladas de minúsculas bolas de plástico que deram à costa em praias do Norte de Espanha e não detetou “qualquer vestígio” na costa portuguesa, disse hoje à Lusa fonte do Ministério do Ambiente.
As regiões do Norte de Espanha, da Galiza ao País Basco, ativaram ou elevaram hoje alertas ambientais por causa de toneladas de minúsculas bolas de plástico que caíram ao mar em dezembro em águas portuguesas.
Segundo informações divulgadas pelo governo espanhol, o armador do barco que em 08 de dezembro perdeu contentores da carga que transportava, a 80 quilómetros de Viana do Castelo, disse que caíram ao mar mais de mil sacos com cerca de 26,2 toneladas destas bolas com cerca de cinco milímetros de diâmetro, usadas para fabricar plásticos e que estão agora a dar à costa no norte de Espanha.
As informações anteriores, conhecidas até segunda-feira, estimavam 15 toneladas de bolas de plástico dentro de um dos contentores perdidos pelo barco.
Nos outros contentores caídos ao mar (pelo menos mais cinco) havia pneus, rolos de película aderente e barras de alumínio, segundo as informações fornecidas pelo armador do barco às autoridades espanholas.
Lusa