Sente-se, a cada dia que passa, uma maior tendência para a desinformação.
Falo de viva voz e na primeira pessoa. Quantas vezes já me atribuíram frases que eu nunca pronunciei. Infelizmente, há quem cavalgue atrás de vitórias políticas em cima da desinformação.
E porque é que isto acontece ?!
Porque de facto os erros de governação têm sido tantos que já nada resta a quem pouco fez senão incutir o medo e a desinformação para tentar desvalorizar quem apresenta ideias e projetos concretos para elevar o concelho de Caminha para o patamar de excelência onde deveria estar.
E onde deveria estar?
Tínhamos que ter o Ferry Boat a funcionar, enquanto não existir vontade política de iniciar o processo de estudo e construção de uma ligação rodoviária efetiva entre Caminha e la Guardia.
Continua parado, as desculpas são muitas e a incapacidade de fazer alguma coisa também. Deixar o Ferry Boat abandonado no cais, sem manutenção e permitir que se tivesse degradado ao ponto em que está, na minha opinião, é um terrível e indesculpável mal que fizeram ao concelho de Caminha.
A economia caminhense ressente-se desse facto.
Propusemos que se fizesse um trabalho musculado na tentativa de captação de investimento da diáspora, por exemplo, para conseguirmos ter mais empresas, mais postos de trabalho e gerar riqueza na economia caminhense.
Desvalorizaram e não aprovaram a nossa proposta.
Tínhamos que ter direito a tarifa social de água e saneamento para as famílias vulneráveis, para os mais idosos e para os que recebem subsídio social de desemprego, por exemplo.
Propusemos que fosse implementada essa tarifa, mas Rui Lages, presidente da câmara, não autorizou.
Tínhamos que ter tido a capacidade de pensar no dinheiro que se gasta.
Por exemplo, em vez de comprar os módulos pré-fabricados, que se encontram ainda em frente ao Mercado novo, podiam ter alugado e tinha ficado muito mais barato. Teríamos poupado milhares de euros.
Os contentores/módulos custaram ao erário público, dinheiro dos nossos impostos, mais de 350 mil euros ( já com Iva). Por menos de metade do preço tinham alugado, e no final da obra do mercado já tinham sido recolhidos.
Agora ainda vão ter que pagar para os retirar e para repor os passeios como estavam porque se encontram betonados.
Com o dinheiro que teriam poupado em contentores, tinham feito muitas correções nas redes viárias, que estão danificadas por via das intempéries.
Mas não. Preferiram gastar mais de 350 mil euros em contentores, assim como deram 369 mil euros para um centro de exposições transfronteiriço, dinheiro esse perdido no meio das embrulhadas daquele processo.
Façamos contas: 350 mil + 369 mil euros e estamos a falar em mais de 700 mil euros que teriam dado também para reduzir impostos como o IMI ou financiar tarifas sociais de água e saneamento.
As assessorias também são apontáveis. A Câmara tem uma assessoria jurídica há alguns anos, que presta um bom serviço à câmara e tem capacidade de resolver o processo dos 369 mil euros do CET.
Curiosamente resolveram adjudicar por mais 30 mil euros, mais uma assessoria jurídica para tratar dos problemas que eles próprios arranjaram. Havia necessidade de gastar mais esse dinheiro? Não. Podiam ter entregue ao assessor jurídico que já presta serviços à Câmara.
Portanto, continuamos nas somas: 350 mil + 369 mil + 30 mil já perfaz um total de 740 mil euros.
Dinheiro esse que poderia ter sido poupado e gasto a resolver os problemas que Caminha tem ou a recuperar parte das redes viárias danificadas pelas intempéries.
A assessoria de comunicação e marketing já leva, desde 2014, mais de 232 mil euros do erário público. A minha questão é sempre a mesma; se a câmara já tinha e tem um gabinete de imprensa com uma técnica municipal competente porque é que se gasta mais 232 mil euros numa assessoria de comunicação que não traz nada aos caminhenses e só serve para trabalhar a imagem do presidente da câmara nas redes sociais e imprensa.
Juntemos agora os 15 375 euros (já com Iva) do dinheiro gasto para pagar ao Intec o prémio, discutível, de melhor Município Para Viver.
Acrescentar a estas duas rúbricas uma terceira de promoção de conteúdos e vídeos promocionais, que num só contrato, conforme consta no base gov, pagaram cerca de 12 mil euros (c/Iva).
Falamos só nestas três rúbricas de cerca de 269 mil euros que adicionando aos 740 mil euros perfaz o total de mais de um milhão de euros.
Isto é uma gestão despesista que vai em contramão com as dificuldades sentidas por todos os caminhenses.
Quando ouvimos dizer que a câmara não tem dinheiro, custa.
O problema não é não ter dinheiro. É não perceber que uma gestão do erário público deve ser feita de forma parcimoniosa, priorizar as pessoas que têm que ser o centro da ação política, e resolver os problemas que interferem no seu dia a dia.
Este milhão de euros distribuído pelas associações e clubes, para mais apoio às comissões de festas, e na descida de imposto como o IMI ou financiamento da tarifa social de água e saneamento teria sido bem usado e totalmente apoiado por nós.
Porque a nossa alma viva são as pessoas do nosso concelho e essas deveriam ser sempre a prioridade de qualquer estratégia política.
Este artigo integra a edição em papel de Novembro do Jornal C – O Caminhense, já nas bancas.