Hoje é “Dia da Senhora Grávida de Deus”, Senhora do Ó, a Virgem da Esperança! Maravilha das Maravilhas: Deus Imenso contido na “humildade da Sua serva” (cf Lc2). É razão de espantoso estupor para mim e para “todas as gerações” (cf Lc2).
Daqui a dez dias estaremos aqui na diocese a receber os símbolos da JMJ: a Cruz que S. João Paulo II nos ofereceu em 1984 e o Ícone que o Papa nos confiou há quase 20 anos! Dizia ele na XVIII JMJ, em Roma: “Hoje eu confio-vos o ícone de Maria. De agora em diante, ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a cruz. Contemplem a Sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que são chamados, como o apóstolo João, a acolhê-la nas suas vidas”.
Estamos quase a viver os dias benditos em que “contemplaremos a Mãe”, presente junto da manjedoura, como junto da cruz! Tanto num momento como no outro é sempre “a Mãe” que carinhosamente acompanha “O Filho” e “os filhos”. Se estamos em época em que se fala muito de presentes, temos noção e experimentamos que “a presença” da Mãe é a melhor prenda!
Graças a Deus, sou quotidianamente prendado com “a presença” do colo materno, com a companhia da minha Mãe que comigo habita. Ela é tantas vezes a visibilidade do Emanuel, pois as suas palavras, acolhimento, ternura… manifestam de imensos modos a afabilidade de um modo de ser a que somos chamados, mas que nem sempre vemos, pois percorremos este “vale de lágrimas” permanente.
Ser “Mãe do Padre” é viver a vocação de ser sacramento da presença numa casa paroquial tantas horas por dia desabitada, pois as estradas periféricas em Caminha que unem os concelhos de Vila Nova de Cerveira, Ponte de Lima e Viana gastam as horas do dia e os caminhos das paróquias da serra, das encostas e do vale são o chão por onde caminham os pés que levam a paz! E na casa paroquial, na sala do acolhimento, na porta sempre aberta ao modo do Coração do crucificado ou no telefone que é atendido, lá se experimenta o materno apostolado da escuta daquela que continua a dizer “eis aqui a serva do Senhor”. Tanto acolhimento e tanto serviço que é feito pelo coração sacerdotal da Mãe do Padre! O Papa Francisco, há pouco tempo, enalteceu alguns ministérios! Mas o serviço da “Senhora da Casa do Sacerdote” não precisa de muitas explicações, mas de ser sentido! Desde a anunciação que ele é vivido e até experimentado pelo Apóstolo que “a partir daquela hora a recebeu em sua casa”.
Nestes últimos tempos experimentamos a fragilidade ainda mais intensamente: a falta de saúde tão escassa, a visita da irmã morte que nos roubou a alegria do lar familiar, as investidas da serpente antiga… mas em todas as lágrimas somos vencedores, pois como no templo de Guadalupe a voz da Senhora do ícone continua a dizer “não fiques aflito, não estou eu aqui, que sou sua mãe?”
Razão tem o povo da Serra de Arga quando, ao venerar a imagem do Deus Menino no tempo natalício canta com os olhos humedecidos: “o melhor berço do mundo é sempre o colo da Mãe”
Santo Natal do Filho da Virgem!
Paulo Emanuel