A tradição pascal Lanço da Cruz, celebrada por Valença e Tomiño, na Galiza, Espanha, foi inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, de acordo com um anúncio hoje publicado no Diário da República.
De acordo com o documento, a decisão justificou-se pela “importância da manifestação do património cultural imaterial enquanto prática religiosa identitária das comunidades transfronteiriças da União de Freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão, concelho de Valença (Portugal), e da freguesia de Sobrada, concelho de Tomiño (Galiza – Espanha)”.
“Os processos sociais e culturais nos quais teve origem esta manifestação, com fontes documentais que remontam ao século XIX, tendo permanecido e desenvolvido até aos dias de hoje”, descreve o Património Cultural I.P.
De acordo com o instituto, foram também consideradas “as dinâmicas de que são hoje objeto a manifestação e os modos em que se processa a sua transmissão intergeracional, reforçando as relações transfronteiriças”.
De acordo com a tradição, os padres de Cristelo Côvo e de Sobrado atravessam o rio Minho, de barco, para dar a beijar a cruz de Cristo na outra margem.
Popularmente conhecida como “Lanço da Cruz”, aquele ritual é um dos pontos altos dos festejos em honra de Nossa Senhora da Cabeça – que decorrem naquela localidade minhota -, e que juntam milhares de peregrinos dos dois países durante o período da Páscoa.
Símbolo do bom relacionamento transfronteiriço, na iniciativa o rio enche-se de pequenas embarcações e, durante o tempo em que a cruz é dada a beijar, os pescadores locais lanças as redes, devidamente benzidas.
O produto da pescaria reverte para o pároco de Cristelo Côvo e o pescado, sobretudo lampreia, é utilizado para uma confraternização da comissão de festas, uns dias depois da Páscoa.
LUSA