“…Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar
Caminante no hay camino,
sino estelas en la mar…”
António Machado Ruiz, Cantares
Um Caminho para Caminha
Como atrair Residentes e Fixar População
b. Logística, Infraestruturas e Habitação
No âmbito da Atração de Residentes, a logística adquire um papel essencial para a vida familiar e profissional dos cidadãos. Deve ser um fator facilitador em lugar de ser um bloqueio.
Olhemos então para os transportes públicos. Já muito foi dito e escrito acerca dos transportes públicos rodoviários: locais, regionais, nacionais e internacionais. É uma rede com razoável capilaridade, mas precisa de ser melhorada em Caminha. E aqui claramente, é necessária a implantação de um centro de transportes intermodal que facilite a utilização pelos habitantes e atraia novos operadores, horários e conexões.
Obviamente, esse centro terá que se desenvolver em torno da estação ferroviária, para ser efetivamente intermodal. O espaço existe, a estrutura tem de ser abatida e uma nova estrutura terá que incluir forma de atravessar a via-férrea, segura, confortável no Inverno e inclusiva para os requisitos de acessibilidade de todos.
Dito isto, em termos ferroviários, Caminha beneficia daquilo com o qual muitas grandes cidades de Portugal sonham ou perderam: Ter uma estação da CP, numa linha internacional.
Para melhor servir as populações, Caminha precisa apenas de pugnar por 2 decisões / melhorias: ser paragem obrigatória dos Comboios (rápidos) que ligam Porto a Vigo e que, tal como no passado essa ligação tenha 3 frequências diárias.
Nos anos 80 do século passado, há 40 anos, fazia-se Lisboa-Caminha e vice-versa em 4 horas e 40 minutos. Com a paragem do Comboio Celta e ajustes de horários do mesmo ao serviço Alfa em Porto-Campanhã poderia voltar a fazer-se, 3 vezes ao dia.
Quanto às infraestruturas, além das logísticas (uma estação de comboios que não vende bilhetes e uma paragem e autocarros à chuva e ao vento afastada da estação 15 minutos a pé), Caminha para se desenvolver tem de se ligar à Galiza.
Uma ponte rodoviária e ciclável/pedonal com a Guarda representa aquele que deveria ser o desígnio de todos os Caminhenses para os próximos 4 anos. Com as infraestruturas rodoviárias a chegar à Guarda, Caminha pode ficar a 30 minutos do aeroporto de Vigo.
Com essa ligação, novos serviços logísticos e de transporte, chegarão. Visualizemos o potencial que isto representa para os residentes em Caminha, poder trabalhar em Vigo, poder estudar em Vigo. E naturalmente, mais gente a chegar a Caminha sobretudo em época baixa. Caminha viu morrer a sua economia de Vila da Raia e tem de a ressuscitar.
Quanto à habitação, Caminha, como muitas outras terras deste país, não resolve a falta de habitação com planos e estudos que depois resultam em 6 casas ou 8 casas ou 20 casas. O problema da habitação só se resolve pela via da oferta e as autoridades locais só tem 2 instrumentos para condicionar essa oferta: política de impostos e o PDM.
Na combinação desses 2 instrumentos a Câmara de Caminha pode promover, facilitar e assim condicionar a construção de habitação para fins de residência principal e arrendamento.
Com esses instrumentos, o Municipio de Caminha pode estimular a conversão de casas já existentes para esses fins. Caminha tem 15.000 fogos registados para 16.000 habitantes, desses, cerca de 7.000 são segundas habitações.
Se 1% desses fogos forem convertidos para arrendamento, são 80 casas, muito mais do que qualquer plano mais habitação de papel.
Se 10% dessas segundas residências, forem convertidas em residência fiscal pelos seus proprietários, o Municipio de Caminha arrecada em transferências do estado, irs e outras transferências, valor suficiente para construir 10 fogos de habitação social por ano.
Com mais residentes fiscais que aumentem as receitas do Municipio, com mais oferta de habitação, com estímulos à construção para habitação própria, com Vigo a 30 minutos de carro e 1 hora de comboio, com Porto a 1 hora de comboio e Lisboa a 4 h e meia, Caminha pode ser para VIVER e, não apenas para visitar.
Carlos Novais de Araújo
11 de Outubro de 2024