A propósito da notícia vinda a publico na passada sexta-feira e baseada um comunicado emitido pela Câmara Municipal de Caminha dando conta de uma alegada ameaça por parte do Presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora ao vereador Guilherme Lagido, os partidos políticos com assento na Assembleia Municipal já vieram a público manifestar a sua posição em relação ao sucedido.
O PSD, partido pelo qual Carlos Castro foi eleito presidente da Junta de Freguesia de Caminha, acusa a Câmara de “agir de infâmia” e de “perseguição politica”.
Em comunicado que a seguir se transcreve, a concelhia do PSD de Caminha manifesta a sua “consternação” em relação a este episódio.
PSD acusa Câmara de Perseguição Política
O Partido Social Democrata é hoje confrontado com uma notícia na comunicação social local e nacional, de estrutura acusatória, relativa ao autarca Carlos Castro eleito pelo PSD, à Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora. Não pode este Partido deixar de demonstrar a sua profunda consternação pelo comportamento da Autarquia Caminhense, liderada pelo Partido Socialista, quanto a este agir de infâmia. O Partido Social Democrata Caminhense não se substituirá à justiça, não deixando porém de tecer a consideração sobre o princípio estruturante da Constituição da República Portuguesa e do Direito Penal nacional, que é a presunção de inocência. Compete aos tribunais o exercício do poder constitucional da justiça. A verdade é que tem sido uma prática recorrente neste município a acusação pública de várias individualidades associadas ao PSD, com a constante instrumentalização através da comunicação social e o consequente apedrejamento público. Não são raros os exemplos de acusação na praça pública e que terminam com a absolvição na justiça, onde os factos são apreciados de forma objetiva e sem censura sensacionalista. Carlos Castro é um homem de honra, a quem lhe reconhecemos um carácter honesto, transparente e pacífico. Pelo que lamentamos esta atitude circense por parte dos responsáveis políticos do município de Caminha, da qual se alvitram apenas pretensões de achincalhamento e perseguição política. Para Carlos Castro, Vila Praia de Âncora esteve sempre primeiro e isto nunca foi do agrado do atual executivo. Que mais nos reservará este futuro de novela. Concluímos dizendo que repudiámos esta atuação rocambolesca, por aqueles que envergam vestes de poder.
CPS- PSD Caminha”
CDU repudia possibilidade de ocorrências desta natureza
A CDU de Caminha também reagiu em comunicado a este episódio referindo que foi “com sentimento de claro repúdio sob a possibilidade de ocorrências, como a relata, poderem sequer ocorrer num regime democrático”.
“A CDU-Coligação Democrática Unitária tomou conhecimento da notícia sobre a alegada ameaça do Presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, Carlos Castro, ao Vice-presidente da Câmara Municipal de Caminha, Guilherme Lagido, com um sentimento claro de repúdio sobre a possibilidade de ocorrências, como a relatada, poderem sequer ser pensadas num regime democrático. A CDU não julga, desconhecendo, mas não ignora o rumo de crispação encetado no mandato anterior, e para o qual se tem alertado por diversas vezes. O desrespeito reiterado pelos órgãos e pelos representantes eleitos, o clima medieval de castelo-forte que arregimenta e cria inimigos, na imaginação de uns, e que é obra da manobra ardilosa da política de poder, de outros, tantas vezes concretizada por quem deveria ser exemplo, pelo papel social que desempenha, só poderiam conduzir a um aumento dos níveis de agressividade, de intolerância, de confusão na conduta que mistura a condição de cada um com a sua função. Nada justifica a acusação infundada, como é indefensável a agressão física, mesmo que na forma tentada, ou, pior, a ameaça à vida de alguém. O apuramento da verdade ditará as consequências disciplinares sancionatórias e criminais, se estas vierem a ocorrer, mas a mancha sobre o município de Caminha e a autarquia de Vila Praia de Âncora é já uma realidade que nos desonra a todos.
A CDU desejaria emitir comunicados sobre decisões que engrandecem o concelho de Caminha, as gentes do vale do Âncora e do Coura-Minho, honrando o republicanismo democrático e a elevação na vida cívica da nossa população, celebrando o compromisso entre eleitos e eleitores, mas a teimosia obstinada dos que ancoram no poder e não sobrevivem à sua ausência, impede que assim nos posicionemos.
Há em Vila Praia de Âncora e no concelho de Caminha os que lutam pela democracia participativa e os que constantemente maltratam essa mesma democracia por não lhes servir, ser (in)conveniente ou insuficiente para a realidade alternativa que criaram. Talvez esta matéria mereça uma reflexão profunda, esperando-se da
inteligência de cada um a mudança de atitude necessária e concordante com a eleição que determinou a sua participação nas decisões autárquicas.
A CDU alerta ainda para a tradicional invocação das populações, e particularmente das boas gentes de Vila Praia de Âncora, na sustentação da atitude individual. Nenhum eleitor entregou um salvo-conduto a qualquer eleito para que, em seu nome, seja praticado qualquer ato que o desonre na sua condição humana, tanto pela prática em si, como pela acusação insinuante.
Quanto ao caso em apreço, compete à Câmara Municipal de Caminha e à Justiça o apuramento das verdades disciplinares e criminais, respetivamente. Às forças políticas, como à CDU, importa particularmente olhar para este facto com o distanciamento suficiente, permitindo-se, desta forma, dar continuidade à sua ação livre, sem receios nem tensões que coartem a sua ação.
CDU”.
PS solidário com o Vereador Guilherme Lagido
Já o Partido Socialista reagiu a este episódio com uma nota de solidariedade para com o vereador Guilherme Lagido.
“Face ao grave incidente ocorrido na manhã de hoje, no edifício da Câmara Municipal, que envolveu o Senhor Vice Presidente, Dr. Guilherme Lagido e o funcionário e Presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, Sr. Carlos Castro, o Secretariado da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Caminha, vem afirmar a sua solidariedade para com o Senhor Vice Presidente e os funcionários da autarquia que foram ameaçados, repudiando com veemência a atitude, comportamento e os atos do Sr. Carlos Castro.
A ameaça à integridade física e à vida de qualquer cidadão não tem lugar na democracia e não tem lugar no Município de Caminha.
Aguardamos pelas conclusões dos inquéritos disciplinares e criminais que irão ser instanciados e esperamos que todos os autarcas e todos os partidos possam tirar as devidas consequências do que vier a ser apurado.
PS”
Recorde-se que Carlos Castro, que também é funcionário da Câmara de Cainha, é acusado pela Câmara de ter ameaçado o vice-presidente da Câmara de Caminha com uma, ato que Carlos Castro garante não ter cometido, referindo que tudo isto não passa de “uma cabala” contra si.
