Minhotas e minhotos de cara alegre e trajes coloridos nascem das mãos desta artesã que trocou a fisioterapia pelo artesanato há menos de um ano.
Angelina Gonçalves conta-nos que esta paixão pelos bonecos de pasta de papel é recente e começou com um brincadeira numa altura em que se encontrava de baixa médica em casa.
“Eu tenho uma amiga que trabalha com este tipo de material e no ano passado, em abril, eu estive de baixa e ela um dia desafiou-me para eu aprender e assim poder entreter-me com alguma coisa. Ela foi-me ensinando todo o processo e comecei a fazer bonecos por brincadeira”.
Quando começou a mostrar aos amigos os seus trabalhos a opinião de que deveria continuar a fazer e vender os seus bonecos foi unânime.
Angelina seguiu o conselho dos amigos e hoje não tem mãos a medir. Vende todos os bonecos que produz e muitos até já fazem parte de algumas coleções particulares.
Ao papel de jornal, água e cola para fazer a pasta e moldar os bonecos, juntam-se depois as tintas acrílicas de várias cores e o verniz para dar o acabamento.
Os motivos preferências desta artesã de Riba de Âncora são os trajes minhotos das mais variadas cores. Fatos à lavradeira, mordomas e meias senhoras, fatos de ir à erva ou à feira nada escapa à imaginação e criatividade de Angelina.
“O que eu gosto mesmo de fazer é reproduzir os trajes tradicionais minhotos. Já fiz bastantes mas ainda me faltam alguns como por exemplo o fato de noiva que ainda não fiz nenhum”.
Angelina confessa que gosta de criar os seus bonecos mas não por obrigação e quando lhe perguntamos quanto tempo demora a fazer um boneco, garante que nãos sabe. “Sinceramente nunca contabilizei mas dedico-me a eles todos os dias. Nem que seja só um bocadinho tenho que vir aqui ao meu atelier, isto acaba por funcionar um bocadinho como um escape e uma terapia para mim”, explica.
Os bonecos da Angelina podem ser comprados através da página do facebook, Agarte, ou nas lojas de Turismo em Caminha e Vila Praia de Âncora e em alguns estabelecimentos comerciais de Caminha (Tabacaria Gomes) e Viana do Castelo.
A participação em feiras de artesanato é outra das formas de Angelina promover os seus bonecos. Desfazer-se deles é algo que lhe custa bastante como a própria confessa.
“Quando vendo algum fico sempre com pena. Custa-me vê-los ir embora mas depois faço logo outro para substituir”.
Angelina não tem preferência por nenhum em especial, gosta de todos e todos são diferentes.
“Não existem dois bonecos iguais, quando muito podem ser parecidos porque o resultado final nunca é programado, digamos que é o que sai. Às vezes as pessoas trazem-me uma foto com um fato que gostariam de ver reproduzido. Nessas alturas tento seguir um modelo mas há sempre muito improviso” explica.
Os bonecos de cara alegre e ar bem disposto são o espelho da gentes do Minho como refere Angelina. “Nós os minhotos somos pessoas muito alegres e eu tento sempre que os meus bonecos traduzam essa alegria das pessoas do Minho”.
Completar os trajes minhotos todos é o grande desafio desta artesã de Riba de Âncora que não troca a sua “bonecada” por nada deste mundo.
“Por agora vou continuar a fazer os meus bonecos e a dedicar os meus dias à minha família. Gosto muito do que faço e por enquanto o meu objetivo é estar ocupada. De futuro, quem sabe, posso dedicar-me mais a sério a isto. Por agora quero ficar assim e ir fazendo alguns para vender”.
O preço dos bonecos depende do tamanho e do trabalho que dão a fazer.