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Quinta-feira, 5 Junho, 2025
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Opinião: As “Hecatombes” da espuma dos dias

As hecatombes sucedem-se vertiginosamente. Foi a derrota do PS nas Eleições Legislativas 2025 e os 400.000 mil euros pagos pelo SNS em 10 dias a um dermatologista! Não são parecidas, nem têm a mesma importância ou impacto, mas agitam os dias de hoje. Se uma é a Democracia a funcionar, outra é, a debilidade do sistema no SNS que serve, apenas, a alguns!

Se os partidos, colherem fracas votações nos actos eleitorais, são consequência da democracia a funcionar e das escolhas dos Eleitores, se quiserem, do Povo de uma Nação, que conquistou esse direito, de escolher e votar. Já o pagamento de 400.000 mil euros de um Hospital, a um seu funcionário/colaborador em apenas 10 dias de trabalho, levanta muitas questões de índole ética, moral e no limite, até deontológicas. Colocamos a questão: Há ou não aqui, claramente, responsabilidades a vários níveis da hierarquia e gestão deste Serviço do Hospital de Stª. Maria?

A liderança de Pedro Nuno Santos, no PS, foi demolidora, para o partido e para o seu eleitorado! A mensagem não passou, o vazio era grande e o projecto político inconsistente, o programa de governo inexistente face aos desafios necessários para Portugal e gerações vindouras e o passado da governação Socialista também não ajudou a este “presente envenenado”, que acabou por ser a moção de confiança apresentado pelo Governo e que o Grupo Parlamentar do PS, chumbou! Pedro Nuno Santos não conseguiu perceber a “ratoeira”, a sua fragilidade enquanto líder, o alcance e a debilidade com que partia para umas Eleições Legislativas desafiantes e difíceis. E provavelmente, alguns ao seu lado, perceberam, mas quiseram ver o seu líder “chamuscado, grelhado ou queimado”, como aconteceu. Porque às vezes, o que não parece, é! Com toda a certeza que com estes resultados eleitorais, as pernas de Pedro Nuno Santos tremeram mesmo e ele caiu. Não sei como ficaram as “pernas dos Alemães”!!!!

O BE, “naquela esquerda caviar”, nem os seus fundadores e dinossauros conseguiu eleger. Como os tempos e a lucidez do Povo muda! E o mesmo se aplica ao PCP/CDU.

Mas agora, há uma clarificação (?) dos Grupos Parlamentares e o Governo viu o seu programa e governação de 11 meses sufragado positivamente nas urnas, por aqueles que decidem, verdadeiramente, os ciclos políticos. Apesar da ingerência tendenciosa da Comunicação Social e de muitos comentadores/”comentadeiros”.

A expectativa e esperança neste novo Governo é grande. As reformas que se pretendem na Administração Pública são necessárias. Particularmente na Saúde, onde não podem acontecer, seja em CIGIC, seja noutra forma, o pagamento de 400.000 euros em dez dias de trabalho a um só Médico! É preciso auditar este sistema em todos os Hospitais. É preciso perceber quem ganha autênticas fortunas com estes programas, que já vários nomes teve ao longo de 20 ou 25 anos. É preciso auditar e comparar tempos de ocupação de blocos operatórios, rentabilidade destes espaços e tipos de cirurgias que são feitas em programas CIGIC e as de período programado. É preciso clarificar e definir fronteiras entre prestação de serviço público e privado, pelos mesmo “actores”, que também “definem as regras de jogo”. O dinheiro público não pode ser desbaratado em “sindicâncias duvidosas”, sem consequências efectivas. Exige-se coragem aos gestores, aos auditores, às inspecções, aos decisores políticos e ao Ministério da Saúde para pôr fim a estes abusos criteriosos.

Coloca-se a questão: como se sentirão os restantes cumpridores Colaboradores do Hospital de Stª. Maria, face a este pagamento de 400.000 euros a um dermatologista? Como se sentirão os Profissionais de Saúde sérios, com amor à camisola das suas instituições, muitas vezes sem condições, prolongando turnos, onde acabam até por ser questionados, por meia dúzia de euros, que a carga fiscal leva quase metade? A diferenciação de tratamento deste “oneroso dermatologista” foi assim tão grande no relacionamento com os pacientes e seus pares de ofício, que lhe possibilitaram esta disparidade remuneratória, ou apenas foi pela excelência do acto médico, que lhe valeu estes milhares de euros? E numa cascata de responsáveis a validar escalas, listas de espera e produtividade, ninguém questionou critérios, tempos de ocupação e dedicação, frequência dos actos operatórios, etc?

Parece-nos que a Equipa Ministerial terá um grande trabalho a escrutinar e a responsabilizar as Administrações das ULS para estas realidades, que por certo de menor monta monetária, mas que se repetirá em muitos hospitais, de Norte a Sul de Portugal. E que não falte coragem política e decisória à Sra. Ministra da Saúde, para as medidas correctivas que se entenderem como oportunas.

Não é possível pactuar com programas viciados, com largos anos de existência, permitindo só a alguns, avultados rendimentos pecuniários, em prejuízo de tantos outros, do SNS e das finanças públicas, em particular.

Humberto Domingues

Enf. Espec. Saúde Comunitária

2025.06.02

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