Com uma população de cerca de 19 mil habitantes, mais 2. 500 habitantes do que o concelho de Caminha, o município de Monção tem há meia dúzia de anos um hipermercado Continente às portas da vila sede do concelho. Trata-se de uma média superfície comercial, como descreve a autarquia local.
A Rádio Caminha tentou, junto da Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço, perceber os impactos desta superfície no tecido empresarial local, para tentar, desta forma, antecipar o que vai acontecer em Vila Praia de Âncora, para onde está projectado um hipermecado Continente – Bom Dia, com uma área total superior a 12 mil metros quadrados, três mil dos quais de superfície comercial. Informações que nos foram negadas.
Ouvimos alguns pequenos comerciantes locais, localizados em todo o município monçanense. A mercearia de Santiago Figueiredo, localizada em Riba de Mouro, por exemplo, registou quebras na facturação na ordem dos 30 por cento depois que o Continente abriu portas em Monção.
Quabras maiores registou a Mercearia Sá, propriedade de Manuel Sá, localizada na freguesia de Barroças e Taias.
Mas nem tudo são más notícias. Vitor Esteves, dono de três pastelarias localizadas no município monçanense, diz que a abertura do Continente até foi benéfica para o seu negócio.
O Movimento de Comerciantes e Empresários do Concelho de Caminha vai marcar presença em peso na reunião de Câmara descentralizada que vai ser realizada esta tarde em Vila Praia de Âncora. Os empresários vão aproveitar o encontro para contestar a instalação de um hipermercado da marca Continente em plena malha urbana de Vila Praia de Âncora.
Recorde-se que o presidente da Câmara de Caminha apresentou o facto como consumado numa reunião que teve no final da tarde da última quinta-feira com os empresários do concelho. Sem terem sido nem achados, os empresários querem ser ouvidos, até porque temem que a instalação desta grande superfície comercial quase no centro da maior vila do concelho provoque o encerramento de muitas outras pequenas superfícies comerciais.
O porta-voz do Movimento de Comerciantes e Empresários de Caminha, Fernando Azevedo, a garantir que não vai haver nenhuma manifestação às portas da Casa do Orfeão onde esta tarde, a partir das 18h30, vai decorrer uma reunião de Câmara descentralizada. Os empresários vão apresentar um estudo que aponta para a perda de cerca de 300 postos de trabalho no concelho provocados pela abertura desta grande superfície comercial.
O executivo camarário caminhense é esperado esta tarde, a partir das 6 e meia, na Casa do Orfeão, em Vila Praia de Âncora, onde vai realizar aquela que vai ser a segunda reunião de Câmara descentralizada.
Em nota enviada à imprensa, a equipa socialista liderada por Miguel Alves diz que estas reuniões contribuem para uma democracia local mais participativa e mais próxima dos cidadãos, com mais diálogo e maior transparência. E é precisamente isso: diálogo e transparência que pedem os comerciantes e empresários de Caminha que vão aproveitar o encontro para confrontar o presidente da Câmara com a decisão de licenciar a construção de um hipermercado da marca Continente no meio da malha urbana de Vila Praia de Âncora, sem ter auscultado ninguém na tomada dessa decisão.