As comemorações do 48° aniversário do 25 de Abril de 1974 em Caminha culminaram na passada segunda-feira, numa sessão solene no Cineteatro dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora.
À entrada, os cravos de Abril e ‘As Brumas do Futuro’, um poema de Pedro Ayres Ferreira Magalhães, davam o mote para a cerimónia.
No palco, um púlpito, uma cadeira e uma guitarra. Das colunas, uma voz que anunciava a liberdade. Era distribuída a flor vermelha, símbolo da revolução de Abril, numa sala quase lotada e quase sem máscaras.
Nos cartazes lia-se paz, respeito, democracia, igualdade e liberdade.
Uma interpretação de “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho, protagonizada por Joaquim Ribeiro e Tânia Esteves, e uma pequena peça da companhia de teatro Krisálida, marcam o inicio da sessão solene.
O primeiro discurso foi de Abílio Cerqueira, do Bloco de Esquerda que salientou a importância do 25 de Abril na constituição do Serviço Nacional de Saúde, na criação da escola pública, na contribuição de “uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna”.
Depois foi a vez de Celestino Ribeiro, da Coligação Democrática Unitária, cujo discurso criticou o poder da comunicação social na atual situação política e o perigo da manipulação desta informação na vida das pessoas.
Ricardo Cunha, da Coligação O Concelho em Primeiro foi o terceiro, e agradeceu a iniciativa dos soldados de Abril em garantir a liberdade que agora comemoramos. Refletiu sobre a importância da construção democrática, muitas vezes considerada como adquirida por aqueles nascidos e crescidos já em liberdade. Deu como testemunho deste desinteresse a abstenção dos últimos actos eleitorais.
Cláudia Fernandes, representante do Partido Socialista, sublinhou a importante luta da mulher, a sua emancipação e a importância da liberdade de escolha.
Miguel Alves, presidente da Câmara Municipal de Caminha, alinhou o seu discurso na invasão à Ucrânia e refletiu sobre a mudança promovida pelo 25 de Abril em antagonismo à ideia de que “tudo continua na mesma”.
Manuel Luis Martins, presidente da Assembleia Municipal, médico de profissão, falou da saúde em Portugal pré 25 de Abril em comparação aos dias de hoje. Lembrou as dificuldades que limitavam o acesso à formação e ensino em Portugal e ainda o serviço militar obrigatório imposto pelo regime.
No fim, de braços no ar e punhos fechados, ouviu-se a “Grândola, Vila Morena” de José Afonso e de mão no peito, entoamos todos “A Portuguesa” de Henrique Lopes de Mendonça e Alfredo Keil.
