As obras que estão a decorrer no centro histórico de Caminha para reposição do piso danificado por mau uso municipal da obra e que obrigaram a mais um encerramento da rua de São João e Praça Conselheiro Silva Torres durante pelo menos um mês, foi um dos temas em debate na Assembleia Municipal ordinária realizada no passado dia 27 de setembro. Para além das obras que estão a decorrer, foi ainda debatido o problema do estacionamento abusivo em algumas artérias da vila, nomeadamente da Rua da Corredoura junto ao Terreiro, uma situação que o presidente da Câmara considerou “uma vergonha” sem se referir no entanto a tomada de medidas para o cumprimento da postura municipal de trânsito ou suas alterações.
Ao contrário do defendido pela maioria dos comerciantes da Rua de São João e Praça Conselheiro Silva Torres, o Bloco de Esquerda afirmou publicamente ser a favor do encerramento ao trânsito daquelas zonas, caso contrário, afirmou, o problema dos pisos danificados vai persistir. Paula Aldeia, líder da bancada do Partido Socialista, foi outra das vozes em defesa deste encerramento, opinião que manifestou depois da intervenção da munícipe invisual Isabel Varela que deu conta naquela sessão das inúmeras dificuldades que encontra para circular no centro de Caminha. Segundo a deputada do PS este encerramento seria a solução para este e outros problemas de acessibilidades na vila de Caminha.
Já para o presidente da Câmara, trata-se de um assunto “sensível”.
A primeira intervenção sobre a obra que está a decorrer para substituição do piso coube ao presidente da Junta de Freguesia de Caminha (PS), Miguel Gonçalves, que começou por saudar a intervenção que está a ser feita naquela zona da vila, uma intervenção que segundo referiu, serve para “corrigir algo que não correu bem”, lembrando que situações idênticas já tinham ocorrido no passado. Ao contrário da sua colega de bancada Paula Aldeia, o autarca afirmou ser contra o encerramento ao trânsito naquela zona.
O estacionamento abusivo na vila foi outro dos assuntos abordados pelo autarca de freguesia que deu como exemplo a rua da Corredoura onde os carros invadem as áreas por onde os peões têm de passar.

Outro dos exemplos apontados pelo presidente da junta foi o da Rua Ricardo Joaquim de Sousa.

Em resposta à intervenção de Miguel Gonçalves, Rui Lages, presidente da Câmara Municipal, lembrou que a intervenção que está ser feita no centro histórico não se limita a corrigir o que está mal feito, “é também uma melhoria das acessibilidades, disse.
Relativamente ao estacionamento abusivo na Rua da Corredoura, Rui Lages deu razão ao presidente da Junta e considerou mesmo ser “vergonhoso” o que está a acontecer naquela rua. Segundo o autarca, o que ali acontece não é por falta de sinalização ou postura, mas sim por falta de civismo das pessoas que ali estacionam os carros durante horas a fio, sem se referir no entanto a tomada de medidas para o cumprimento da postura municipal de trânsito ou suas alterações.

Abílio Cerqueira do Bloco de Esquerda defendeu que enquanto não se fechar ao trânsito a Praça Conselheiro Silva Torres e a rua de São João, não há obra que resista. Dando como exemplo outras cidades europeias e contrariando aquilo que tem sido defendido pelos comerciantes daquela zona, o deputado bloquista considerou que numa vila tão pequena como a de Caminha não faz sentido não encerrar aquela zona ao trânsito automóvel, sublinhando que se isso não acontecer daqui a uns anos a degradação do piso vai voltar a ser um problema.
Em resposta ao deputado bloquista que defendeu o encerramento ao trânsito na Rua de São João e Praça Conselheiro Silva Torres, Rui Lages lembrou que se trata de uma questão “sensível”. Recordou a contestação que houve por parte dos comerciantes quando a Câmara decidiu encerrar aquela rua ao trânsito durante alguns fins de semana de Verão. Para o autarca caminhense são decisões que só podem ser tomadas com um debate amplo e alargado.
Acessibilidades na Vila de Caminha em análise na última reunião da Assembleia Municipal de Caminha.