Caminha está sem ligação a Espanha. Há várias semanas que o ferry-boat que faz o transporte entre as duas margens do rio Minho está parado. Primeiro, para as habituais inspecções, agora porque tarda em avançar o desassoreamento da entrada do cais de embarque, em Caminha.
A autarquia portuguesa quis aproveitar a paragem obrigatória da embarcação nesta altura do ano para realizar a dragagem das areias à entrada do cais, para facilitar a navegação do ferry, que enfrenta outros assoreamentos em todo o canal. A intervenção está atrasada.
A embarcação está parada e os vereadores do PSD estão preocupados. Foi o que manifestaram ontem na reunião do executivo camarário caminhense pela voz de Liliana Silva. A autarca, que é também presidente da concelhia dos sociais democratas, pediu ao executivo socialista para lutar pela construção de uma ponte em Caminha, para resolver de vez os problemas da travessia para Espanha.
Uma crítica que não foi aceite pelo presidente da Câmara de Caminha. O socialista Miguel Alves acusou a social democrata Liliana Silva de estar a tentar confundir a opinião pública, baralhando questões como a dívida de La Guardia com a paragem obrigatória do ferry para inspecções.
O autarca explicou também que os próximos fundos comunitários não vão ser destinados à construção de infra-estruturas como pontes.
No período antes da ordem do dia da reunião do executivo camarário caminhense realizada ontem à tarde, Liliana Silva, autarca social democrata, criticou também o facto de a Câmara de Caminha ter contratado um autocarro para levar jornalistas a Lisboa para a apresentação do festival de Vilar de Mouros, quando a equipa liderada por Miguel Alves insiste em dizer que a autarquia está sem dinheiro até para comprar um prego.
Críticas a que o presidente da Câmara de Caminha respondeu garantindo que a viagem em autocarro ficou mais barata do que as viagens em avião para o Brasil realizadas por membros do anterior executivo camarário.
O socialista Miguel Alves explicou que a viagem a Lisboa foi realizada a pedido da organização do festival.
Durante o encontro de ontem, o executivo camarário caminhense aprovou, apesar das abstenções dos vereadores do PSD, a nova orgânica dos serviços municipais. O documento acaba com o cargo de direcção de departamento e cria quatro novas divisões distintas.
O PSD absteve-se por considerar que esta é uma matéria que diz respeito ao executivo que, segundo os sociais democratas, tem toda a legitimidade para escolher a orgânica de funcionamento da Câmara Municipal.
O executivo camarário aprovou também, com três abstenções do PSD, as formas de apoio às freguesias para prossecução das respectivas competências materiais. Ou seja, para dar resposta às novas competências atribuídas pelo Governo.
O executivo aprovou transferir para as 14 freguesias uma verba global de 273 mil euros, para que as Juntas possam fazer face às novas responsabilidades.
O presidente da Câmara, o socialista Miguel Alves, explicou que a lei atribui um por cento do IMI cobrado às Juntas de Freguesia para fazer face a estas novas competências, mas o executivo camarário considerou que, como o valor é bastante reduzido, teria de ser reforçado com 273 mil euros. Esta verba vai ser aplicada no arranjo de caminhos, sinalética, arranjo de parques infantis.
O PSD absteve-se por considerar que o executivo poderia ter ido mais longe e reforçado a verba, que considera insuficiente.
A nomeação de um auditor externo foi aprovada pela maioria socialista, apesar dos votos contra dos sociais democratas.
Os vereadores do PSD manifestaram estranheza pelo facto de a empresa escolhida ser a mesma que tinha feito a auditoria às contas da Câmara.
O vereador socialista Rui Teixeira explicou que a escolha foi feita precisamente porque o executivo considerou que a empresa fez um bom trabalho. Sublinhou ainda que a decisão de ter um auditor externo, um técnico oficial de contas, decorre da lei.